Introdução
Que
todas as orações já
oferecidas possam ser respondidas abundantemente e com presteza! Que mais rogos dessa natureza
possam seguir à prece
em que
já nos
unimos! A parte mais
memorável das conferências
passadas tem sido sempre
a santa união
da oração de fé,
e creio que não
diminuímos nosso empenho
em relação
a isso, e sim
temos sido mais fervorosos
e prevalentes na intercessão. De joelhos, o crente
é invencível.
Já me preocupo com esta mensagem
muito antes
de proferi-la: com certeza,
para mim é o fruto de muitas orações.
Desejo ser capaz de falar bem em ocasião tão digna, em que os melhores
oradores podem ser
convocados, mas, como
a oração de nosso
irmão já
disse, quero estar completamente
nas mãos do Senhor
nesse assunto como
em todos
os outros. Estaria disposto
a falar de forma
balbuciante se assim o propósito
de Deus pudesse ser
mais completamente
alcançado; até ficaria contente de perder todo o poder de fala se, ao ficar faminto de palavras
humanas, vocês puderem se alimentar
melhor daquela carne
espiritual que
só nele é encontrada, a Palavra de Deus
encarnada.
Posso
dizer-lhes, como oradores,
que estou persuadido de que devemos nos
preparar com diligência e procurar fazer nosso melhor para servir
o Mestre. Creio ter
lido que quando
um punhado de
gregos, como
leões, impediu a passagem
dos persas, um
espião, que veio ver o que estavam fazendo, voltou e disse ao grande rei
tratar-se de pobres criaturas,
pois estavam ocupados
em pentear seus cabelos. O
déspota viu as coisas
sob uma luz
verdadeira quando aprendeu que um povo que podia ajeitar o cabelo antes que a batalha passasse a ser importante para eles, não
aceitaria uma morte de covarde.
Ao
ser muito
cuidadosos em usar
nossa melhor
linguagem para
proclamar verdades
eternas, deixamos nossos adversários concluírem que
somos ainda mais
cuidadosos em relação
às próprias doutrinas. Não podemos ser soldados desmazelados quando
uma grande batalha
está diante de nós,
pois isso poderia parecer desânimo. Na batalha
contra a falsa
doutrina, e mundanismo, e pecado avançamos sem
nenhum temor
em relação
ao resultado final;
portanto, nossa
fala não
deve ser de áspera
paixão, e sim
de princípio bem
considerado. Não nos
é permitido ser
desmazelados, uma vez que queremos ser triunfantes.
Nessa
hora, faça bem
seu trabalho,
para que todos vejam que
você não
fugirá dele. O persa quando, em outra ocasião,
viu um pequeno
número de guerreiros
avançando em sua
direção disse: "Aquele
punhado de homens!
Certamente não
estão dispostos a lutar!".
Contudo, alguém,
que estava perto,
disse: "Sim, estão, porque poliram seus
escudos e lustraram suas
armaduras". Homem
é sinônimo de ocupação,
ele depende dela quando
não se apressa para
a desordem. Entre
os gregos, quando
tinham um dia
sangrento pela
frente, preocupavam-se em estar bem
apresentáveis para
mostrar a firme
alegria de guerreiros.
Irmãos, creio que
quando temos uma grande
obra para fazer por Cristo, e tencionamos fazê-la, não
devemos subir ao púlpito
ou plataforma
para dizer a primeira coisa que vem à mente.
Ao falar por
Jesus, devemos fazê-lo da melhor maneira, ainda que homens não sejam mortos
pelo brilho
de escudos nem
pela maciez
do cabelo de um
guerreiro, mas
se faz necessário um
poder superior
para penetrar as armaduras. Ao Deus
dos exércitos, ergo os olhos. Possa ele
defender o certo!
No entanto, avanço
sem nenhum
passo descuidado
e sem ser
possuído por qualquer
dúvida. Somos fracos,
mas o Senhor nosso Deus é poderoso, e a batalha
é do Senhor, não
nossa.
Até certo ponto, tenho apenas um temor: que meu profundo senso
de responsabilidade não
diminua minha eficiência.
Um homem
pode sentir que
deve fazer algo
tão bem e, por isso, pode não conseguir fazê-lo tão bem quanto poderia.
Um sentimento
excessivo de responsabilidade
pode paralisar a pessoa. Certa vez,
recomendei um jovem
para ser empregado
por um
banco, e, com
razão, seus
amigos o instruí-ram para
que fosse muito
cuidadoso com
seus números.
Ele ouviu vezes
sem-fim esse
conselho. Tornou-se tão
cuidadoso que
ficou inseguro e apesar
de que anteriormente
fizesse seu trabalho
corretamente, a ansiedade
o fazia cometer um
erro após outro, até que saiu do emprego.
É possível ficar
tão ansioso
em relação
ao assunto e ao como
falar a ponto de bloquear seu desempenho e esquecer aqueles pontos específicos que
pretendia enfatizar.
Irmãos, eu lhes conto alguns de meus pensamentos particulares
porque, como
recebemos o mesmo chamado e temos as
mesmas experiências, é bom saber que é assim com todos. Nós líderes
temos as mesmas fraquezas e dificuldades que
vocês, seguidores.
Precisamos preparar, mas
também confiar
naquele sem o qual
nada começa,
continua nem termina corretamente.
Tenho
esse consolo,
mesmo que
eu não
fale adequada-mente sobre o tema, o tópico fala por si mesmo. Há
uma coisa, mesmo
no iniciar um
assunto apropriado.
Se um homem
fala bem sobre um assunto que não tem nenhuma importância
prática, seria melhor
que não
tivesse falado. Como
disse um dos anciãos:
"É fútil falar
muito sobre
um assunto
que não
vem ao caso". A pessoa
pode esculpir um
caroço de cereja
com a maior
habilidade e por
mais que
faça, é apenas um
caroço de cereja;
enquanto um
diamante, mesmo
que mal
lapidado, é uma pedra preciosa. Se o assunto
for de peso, mesmo
que a fala
do homem não
esteja à altura do tema,
ainda assim,
nunca é inútil
chamar a atenção
para o assunto.
Os assuntos que
trataremos agora devem ser
considerados, e considerados neste momento.
Eu escolhi verdades
atuais e prementes,
e se meditar consigo
mesmo sobre
elas, esse
tempo não
é perdido. Oro com muito
fervor interior,
para que todos possamos aproveitar
esse tempo
de meditação!
Felizmente, esses
tipos de temas
podem ser exemplificados nesta mensagem.
Como um
ferreiro ensina
seu aprendiz
enquanto faz uma ferradura;
sim, e por
meio do fazer
uma ferradura; assim
nossos sermões
podem ser exemplos
da doutrina que
contêm. Nesse caso, se o Senhor
está conosco, podemos praticar
o que pregamos. Um
professor de culinária
ensina seus
alunos fazendo suas
receitas. Ele
prepara um
prato diante
de seu auditório
e enquanto descreve as iguarias e seu preparo, ele mesmo prova a comida, e seus amigos são também agraciados. Ele
alcançará êxito ao fazer
seus pratos
delicados, mesmo
que não
seja eloqüente. É mais
fácil o homem
que alimenta
ser bem sucedido, do que aquele que apenas toca bem um
instrumento e só
deixa em
seu auditório
a lembrança daquele som
agradável. Se os assuntos
que trazemos à atenção
de nosso povo
são bons
em si
mesmos, eles
compensarão nossa falta
de perícia em
apresentá-los. Enquanto
nossos hóspedes
receberem a carne espiritual,
o criado que
serve à mesa deve ficar
contente em
ficar esquecido.
Meus tópicos
têm a ver com
a obra de nossa
vida, com
a cruzada contra
o erro e o pecado
no qual estamos envolvidos. Espero que cada homem aqui use
a cruz rubra
em seu
coração e esteja comprometido para agir e ousar
por Cristo
e sua cruz
e que não
fique satisfeito até
que os inimigos
de Cristo sejam extirpados, e o próprio Cristo esteja
satisfeito. Nossos
pais falavam sobre
"A Causa de Deus
e da Verdade", e é para
isso que
empunhamos armas, os poucos contra
os muitos, os fracos
contra os poderosos.
Ah, sermos vistos como
bons soldados
de Jesus Cristo!
Neste
momento, três
coisas são
de extrema importância,
na verdade, sempre
estiveram e estarão na fileira de frente para propósitos práticos.
A primeira é nosso
arsenal, a Palavra
inspirada; a segunda, é nosso exército,
a igreja do Deus
vivo convocada por
ele mesmo,
a qual devemos liderar
sob o comando
de nosso Senhor;
e a terceira, é nossa
força, pela
qual vestimos a armadura
e brandimos a espada. O Espírito Santo
é nosso poder
de ser e atuar; de sofrer e servir; de crescer e batalhar; de lutar e vencer. Nosso terceiro tema é de suma importância, e embora
esteja como último,
o consideramos o primeiro.
Nosso Arsenal
A Palavra
Inspirada
Começaremos com
NOSSO ARSENAL.
Esse arsenal
é para mim--e espero que
seja para cada
um de vocês--A BÍBLIA.
Para nós, a Escritura Sagrada
é como "a torre
de Davi, construída como arsenal. Nela estão pendurados mil
escudos, todos
eles escudos
de heróicos guerreiros"
(Ct 4.4). Se quisermos armas devemos
buscá-las na Bíblia, e apenas aqui. Quer procuremos a espada
de ofensa quer
o escudo de defesa,
devemos achá-lo no volume da inspiração. Se outros
têm qualquer outra
fonte, confesso
imediatamente que
não tenho nenhuma outra.
Nada mais
tenho a pregar quando
acabar esse livro. Na verdade, não teria mais vontade de pregar se não pudesse falar sobre os assuntos
que encontro
nessas páginas. O que
mais valeria à pena
ser pregado? Irmãos,
a verdade de Deus
é o único tesouro
pelo qual
procuramos, e a Escritura é o único campo no qual cavamos à sua
procura.
Nada mais do que aquilo que Deus achou por bem revelar
Não
precisamos de nada mais
do que aquilo
que Deus
achou por bem
revelar. Certos espíritos errantes
nunca estão em
casa até
que estejam viajando pelo
exterior: têm fome
de algo que
nunca encontrarão "no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra" (Êx
20.4) enquanto tiverem o pensamento que
têm agora. Nunca
descansam, porque não
querem ter nada
que ver com uma revelação
infalível, por
isso, eles
estão fadados a perambular através
do tempo e da eternidade
e a não encontrar
nenhuma cidade em
que possam descansar.
Pois, no momento,
eles se gloriam como
se satisfeitos com
seu último brinquedo novo, mas em poucos meses o esporte
deles será quebrar em
pedaços todas as noções
que anteriormente
prepararam com cuidado
e exibiram com deleite.
Sobem um morro
apenas para
descê-lo de novo. De fato,
dizem que a busca
da verdade é melhor
do que a própria
verdade. Gostam de pescar
mais do que
do peixe; o que
pode bem ser verdade, visto que seus peixes são muito pequenos
e cheios de ossos.
Esses homens são tão profícuos em destruir suas teorias, como certos indigentes
em esfarrapar
suas roupas.
Mais uma vez
começam de novo, vezes
sem conta; sua casa está sempre com os alicerces expostos.
Devem ser bons
em inícios,
pois desde que os conhecemos sempre
estão começando. São como aquilo que roda no redemoinho, ou
"como o mar
agitado, incapaz
de sossegar e cujas águas
expelem lama e lodo"
(Is 57.20). Embora sua
nuvem não
seja aquela que indica a presença
divina, contudo
está sempre andando à frente deles e suas
tendas nem
estão bem armadas
e já é tempo
de levantar de novo as estacas. Esses homens nem mesmo procuram certeza;
seu céu
é evitar toda
verdade fixa
e seguir toda
quimera de especulação;
estão sempre aprendendo, mas nunca
chegam ao conhecimento da verdade.
Quanto a nós,
lançamos âncora no abrigo
da Palavra de Deus.
Eis aí
nossa paz,
nossa força,
nossa vida,
nosso motivo,
nossa esperança,
nossa felicidade.
A Palavra de Deus
é nosso ultimato.
Aqui nós
o temos. Nosso entendimento
clama: "Encontrei"; nossa consciência afirma que
aqui está a verdade;
e nosso coração
encontra aqui
um suporte
ao qual toda
sua afeição
pode se agarrar e, por
isso, descansamos contentes.
A revelação
de Deus é suficiente
para nossa fé
O que
poderíamos acrescentar se a revelação
de Deus não
fosse suficiente para
nossa fé? Quem
pode responder essa pergunta?
O que qualquer
pessoa proporia acrescentar
à Palavra sagrada?
Um momento
de reflexão nos
levaria a escarnecer das mais
atraentes palavras
de homens, se fosse proposto
acrescentá-las à Palavra de Deus. O tecido não estaria em
uma peça única.
Você adicionaria remendos
a uma veste real?
Você guardaria a sujeira
das ruas no tesouro
do rei? Você
juntaria as pedrinhas da praia aos diamantes preciosos
da antiga Golconda? Qualquer
coisa que não seja a Palavra
de Deus posta
diante de nós
para que
creiamos e preguemos como se fosse a vida do homem nos parece totalmente
absurda, contudo,
enfrentamos uma geração de homens que sempre querem descobrir uma
nova força
motriz e um
novo evangelho
para suas igrejas. A manta
de sua cama
parece não ser
suficientemente longa,
e eles querem pegar
emprestado um metro
ou dois de tecido misto e incongruente dos unitaristas, agnósticos
ou mesmo
dos ateístas.
Bem, se existe qualquer
força espiritual
ou poder
dirigido aos céus, além
daquele relatado nesse Livro, acho que podemos passar sem ele. Na verdade, deve ser uma falsificação tão
grande que
estamos melhor sem
ela. As Escrituras
em sua
própria esfera
são como
Deus no universo--Todo-suficiente. Nelas
estão reveladas toda a luz e poder que a mente do homem pode precisar em relação às coisas espirituais.
Ouvimos falar de outra
força motriz
além daquela encontrada nas Escrituras, mas
cremos que tal
força é um
nada muito
pretensioso. Um
trem está descarrilado,
ou incapaz
de prosseguir por
outro motivo,
quando chega
a turma do conserto.
Trazem locomotivas para
tirar o grande
impedimento. A princípio
parece que nada
se mexe: a força da locomotiva
não é suficiente.
Escutem! Um garotinho tem uma idéia. Ele grita: "Pai,
se eles não
têm força suficiente,
eu empresto meu
cavalo de balanço
para ajudá-los". Ultimamente, recebemos a oferta de um considerável número
de cavalos de balanço.
Pelo que
vejo, eles não
têm conseguido muito, mas prometeram bastante.
Temo que o efeito
disso tenha sido mais maléfico que benéfico: eles já levaram pessoas
a zombar e as retiraram dos lugares
de culto que
antes gostavam de freqüentar.
Os novos brinquedos
foram exibidos, e as pessoas, depois de olhá-los um
pouco, foram adiante,
à procura de outras lojas
de brinquedos. Esses
belos e novos
nadas não
lhes fizeram bem
nenhum e nunca
farão enquanto o mundo
existir.
A
Palavra de Deus
é suficiente para
atrair e abençoar a alma do homem
ao longo dos tempos;
mas as novidades
logo fracassam. Alguém
pode bradar: "Certamente,
precisamos acrescentar nossos
pensamentos a isso".
Meu irmão,
pense o que quiser, mas
os pensamentos de Deus
são melhores
do que os seus.
Você pode ter lindos pensamentos,
como as árvores
no outono soltam suas
folhas, mas
há alguém que
sabe mais sobre
seus pensamentos
do que você e
os julga de pouco valor.
Não é verdade
que está escrito:
"O Senhor conhece os pensa-mentos do homem, e sabe como
são fúteis?" (Sl 94.11). Comparar nossos
pensamentos aos grandes
pensamentos de Deus,
seria total absurdo.
Você traria sua
vela para
mostrá-la ao sol? O seu
nada para reabastecer o todo eterno? É melhor
calar diante
do Senhor, do que
sonhar em complementar o que ele falou. A Palavra
do Senhor está para a concepção dos homens
como um
pequeno jardim,
para o deserto.
Mantenha-se no escopo do livro sagrado e
estará na terra que
mana leite
e mel; por
que tentar lhe acrescentar as areias do deserto?
Não jogar
fora nada
do livro perfeito
Tente não
jogar fora nada do livro perfeito. O que você encontra nele
permita que ali
fique, e o faça seu para
pregar conforme
a analogia e o tamanho
da fé. Aquilo
que é digno
de ser revelado por
Deus é digno
de nossa pregação--isso é o mínimo que posso dizer a respeito.
"Nem só
de pão viverá o homem,
mas de toda
palavra que
procede da boca de Deus"
(Mt 4.4; Dt 8.3). "Cada palavra de Deus
é compro-vadamente pura; ele é um escudo para quem
nele se refugia" (Pv 30.5). Permita que
cada verdade
revelada seja apre-sentada a seu tempo. Não
procure assunto em
qualquer outro
lugar, pois com tal
infinitude de temas diante
de você não
há necessidade de assim
fazer; com tão gloriosa verdade para pregar
seria uma audaciosa crueldade
fazer isso.
Já testamos a adoção de toda essa provisão para nossa guerra
Já
testamos a adoção de toda
essa provisão para nossa guerra: as armas
de nosso arsenal
são as mais
excelentes; pois
já as experimentamos e sabemos que são. Alguns de vocês,
irmãos mais
jovens, até
agora só
testaram um pouco
a Escritura; mas
outros de nós,
já de cabelos
prateados, podemos assegurar
que já
testamos a Palavra, como
a prata é testada
em uma fornalha
de terra, e ela
passou em todos
os testes, até
setenta vezes sete.
A Palavra sagrada
suportou mais crítica
do que a mais
bem aceita forma de filosofia ou ciência e sobreviveu a toda
prova. Como
disse um clérigo
abençoado: "Quando
os atuais críticos
da Bíblia morrerem, os sermões funerais
deles serão pregados com esse
Livro--sem se omitir um
só versículo--da primeira
página de Gênesis à última
página de Apocalipse".
Alguns de nós,
por muitos
anos, temos vivido
em conflito
diário, sempre
pondo à prova a Palavra
de Deus e, com
honestidade, podemos garantir
que dá resultado
em qualquer
emergência. Depois
de usar essa espada
de dois gumes
contra vestes
de malha de metal
e escudos de bronze,
não encontramos nenhuma fenda nela. Não
está quebrada nem
perdeu o gume nos
embates. Cortaria o próprio
demônio do topo
da cabeça à sola
do pé, e mesmo
assim não
apresentaria nem um
sinal qualquer
de falha.
Hoje ainda é a mesma poderosa Palavra de Deus
que foi nas mãos
do Senhor Jesus. Como
ela nos
fortalece quando lembramos as muitas almas conquistadas com
essa espada do Espírito!
Será que algum
de vocês já
conheceu ou ouviu falar
de conversão operada por qualquer outra doutrina que não aquela que está na Palavra?
Gostaria de ter um
catálogo das conversões
realizadas pelas teologias modernas.
Compraria um exemplar
de tal obra.
Não digo o que
faria com ela
depois que
a tivesse lido; mas pelo
menos aumentaria as vendas
em um
exemplar, só
para ver o que a doutrina
da divindade progressista
diz ter feito.
Conversões por
meio da doutrina
de restituição universal!
Conversões feitas
por doutrinas
de inspiração duvidosa!
Conversões ao amor
de Deus e à fé
em
seu Cristo
ao ouvir que
a morte do Salvador foi apenas a consumação
de um grandioso
exemplo, mas
não um
sacrifício vicário!
Conversões por
meio de um
evangelho do qual
todo o evangelho
foi drenado! Eles
dizem: "As maravilhas nunca cessarão"; mas
tais maravilhas
nunca começaram.
Que eles
relatem a mudança de coração operada desse modo,
e nos dêem oportunidade
para testá-la, talvez
assim possamos considerar
se vale nosso
tempo deixar
aquela Palavra que
experimentamos em centenas
e em alguns
de nós, em
milhares e milhares
de casos, e que
sempre tem sido eficaz
para a salvação. Sabemos por
que eles
zombam das conversões. Estas são as uvas que tais raposas não
podem alcançar, portanto,
dizem que estão verdes.
Como cremos no novo
nascimento e esperamos vê-lo em milhares de casos,
nos apegamos àquela Palavra
de verdade pela
qual o Espírito
Santo opera a regeneração.
Em suma,
em nossa
guerra ficaremos com
a velha arma
da espada do Espírito,
até que
encontremos uma melhor. Hoje, nosso
veredicto é: "Não há nada como ela, e eu a
quero para mim".
Quantas
vezes já
vimos a Palavra ser
eficaz para consolar! Como um irmão
expressou em oração,
é difícil tratar
de corações partidos.
Tenho me sentido
tão tolo
quando tento
tirar um prisioneiro do Castelo do Desespero Gigante!
Como é difícil
persuadir o próprio desconsolo a ter esperança! Tenho tentado muito
capturar minha
presa, empregando toda
arte que
conheço, mas quando
quase consigo
tê-lo em minha
mão, a criatura
já cavou outro
buraco! Já
o tirara de vinte buracos, mas depois
tenho que começar
de novo. O pecador
convicto usa todo
tipo de argumento
para provar que não pode ser salvo. As invenções do desespero
são tantas quanto
os estrata-gemas da autoconfiança.
Não há como deixar a luz entrar no porão escuro da dúvida,
a não ser pela janela da Palavra de Deus.
Nas Escrituras há um
bálsamo para cada ferida, um ungüento para cada machucado. Ah, o poder maravilhoso da Bíblia
para criar uma alma de esperança
nas costelas do desespero
e levar luz eterna para as trevas que
fizeram uma longa noite
no íntimo da alma!
Com freqüência,
experimentamos a Palavra do Senhor como "cálice da consolação" (Jr 16.7), e ela
nunca deixou de alegrar
o desconsolado. Sabemos sobre o que falamos, pois
testemu-nhamos os fatos abençoados: as Escrituras da verdade,
aplicadas pelo Espírito
Santo, têm trazido paz
e alegria àqueles
que se sentavam no escuro
e no vale da sombra
da morte.
Também observamos a excelência
da Palavra na edificação
de crentes e na produção
de justiça, santidade
e benefício. Hoje,
sempre nos
falam sobre o lado
"ético" do evangelho. Tenho pena
daqueles para quem
isso é novidade.
Não descobriram isso
antes? Sempre
estivemos lidando com a ética do evangelho;
na verdade, ele
é inteiramente ético.
Não há doutrina
verdadeira que não
tenha sido abundante em boas obras.
Payson, com sabedoria,
disse: "Se há um fato, uma doutrina
ou promessa
na Bíblia que
não produziu nenhum
efeito prático
em seu
temperamento ou
conduta, tenha certeza
de que você não creu sinceramente".
Todo ensino
bíblico tem um objetivo
e um resultado
prático; e o que
temos a dizer, não
como matéria
de descoberta, mas
como assunto
de simples senso
comum, é o seguinte:
se temos tido menos frutos
do que desejaríamos com
a árvore, suspeitamos que não haverá nenhum fruto quando a árvore
não estiver mais
ali e as raízes já
tiverem sido arrancadas. A própria raiz da santidade
está no evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, e removê-la, visando mais
frutos, seria a maior
insensatez.
Já vimos as doutrinas
da graça produzirem excelente
moralidade, séria
integridade, delicada
pureza, e, mais
ainda, devota
santidade. Vemos consagração
na vida, calma
resignação na hora do sofrimento, alegre confiança no que se refere à morte, e
todas essas coisas, não
em poucos
casos, em
geral, são
resultado da fé
inteligente nos
ensinos das Escrituras.
Maravilhamo-nos mesmo com os sagrados
efeitos do velho
evangelho. Embora
acostumados a ver isso
com freqüência,
isso nunca
perde seu encanto.
Já vimos pobres
homens e mulheres
se entregando a Cristo e vivendo por ele de uma forma que faz nosso coração
se curvar em adoração ao Deus
da graça. E dizemos: "Apenas o evangelho
verdadeiro este
que pode produzir
vidas como
essas". Se não falamos tanto em ética como alguns, lembramos um
velho conceito
do povo do campo:
"Vá a tal lugar
para ouvir falar de boas obras,
mas vá a outro
lugar para
vê-las". Muita fala,
poucas obras. Muito
barulho é sinal
de pouca lã.
Alguns têm pregado boas obras
até que
dificilmente sobre uma pessoa
decente na igreja, enquanto
outros pregam a graça
e amor vicário
de tal modo
que pecadores
se tornam santos, e santos
se tornam galhos carregados de frutos para o louvor e a glória
de Deus. Em
vista da colheita
que vem de nossa
semente não
vamos mudá-la de acordo com os ditames
desta era cheia
de caprichos.
Vimos
e testamos a eficácia da Palavra de Deus,
em especial,
quando estamos junto
ao leito de doentes.
Há poucos dias,
estive ao lado de um
de nossos presbíteros
que parecia estar
morrendo e conversar com
ele foi como
estar no céu aqui na terra. Nunca vi tanta alegria em um casamento como vi naquele calmo
aposento. Ele
esperava estar logo
com Jesus e estava cheio
de alegria com
a expectativa. Ele
disse: "Não tenho nenhuma dúvida, nenhuma sombra,
nenhuma dificuldade, nenhuma falta; não, nem mesmo tenho
nenhum desejo.
A doutrina que
você me
ensinou serviu para eu
viver de acordo
com ela
e agora, para
morrer de acordo
com ela.
Descanso no precioso
sangue de Cristo
e isso é um
firme fundamento".
E acrescentou: "Como me parecem tolas agora
todas aquelas palavras contra o evangelho!
Li algumas delas e vi os ataques contra a velha fé, mas elas me parecem
bastante absurdas agora
que estou à beira
da eternidade. O que
a nova doutrina
poderia fazer
por mim
agora?"
Terminei
minha entrevista
bastante fortalecido
e alegre pelo testemunho do bom
homem, fiquei pessoalmente
mais confortado, porque
foi a Palavra que
eu mesmo
pregara constantemente que trouxera tão
grande bênção
para meu amigo. Senti que
a Palavra em
si devia ser mesmo boa já que Deus a
reconhecera, mesmo vindo de tão pobre instrumento. Não
fico tão feliz
em meio
a gritos de jovens
se divertindo como no dia em que ouvi o testemunho
moribundo de quem
descansa no evangelho
eterno da graça
de Deus. O resultado
final, como
se vê em
um leito
de morte, é um
teste verdadeiro
e inevitável. Preguem o que pode capacitar os homens para enfrentar
a morte sem medo e pregarão apenas
o velho evangelho.
Irmãos, vestiremos o que Deus nos supriu no arsenal
da Escritura inspirada, porque testou-se e comprovou-se de muitas formas cada arma dela e nunca
qualquer parte
de nossa panóplia nos
falhou.
Além disso, sempre
nos conservaremos perto
da Palavra de Deus,
porque temos a experiência
de seu poder em nós mesmos. Não
faz tanto tempo
a ponto de você se ter esquecido o modo
que, como
martelo, a Palavra
de Deus quebrou seu
coração duro,
empedernido e derrubou sua vontade obstinada. Pela
Palavra do Senhor,
você foi trazido à cruz
e consolado pela expiação.
Essa Palavra soprou em
você uma nova
vida e quando,
pela primeira
vez, reconheceu ser
filho de Deus,
você sentiu o poder enobrecedor do evangelho
recebido pela fé.
O Espírito Santo
operou sua salvação por
meio da Santa
Escritura. Tenho certeza
que você traça sua conversão até a
Palavra do Senhor;
pois só ela é "perfeita,
e revigora a alma".
Não importa quem
foi o homem que
falou ou o livro
em que
leu, não foi a palavra
nem o pensamento
do homem a respeito
da Palavra de Deus,
mas a Palavra
em si
fez com que
você conhecesse a salvação no Senhor
Jesus. Não foi lógica
humana, nem
força de eloqüência,
nem poder de persuasão moral, e sim a onipotência do Espírito,
aplicando a Palavra em
você que lhe deu descanso,
e paz, e alegria
em
crer. Nós
mesmos somos troféus
do poder da espada
do Espírito; e ele
nos dirige, os cativos
voluntários de sua
graça, em
triunfo em
todo lugar.
Que nenhum
homem se admire por
nos atermos a ela.
Quantas
vezes, desde
sua conversão,
a Escritura Sagrada
tem sido tudo para
você! Imagino que
você teve seus
ataques de desânimo:
você não foi
restaurado pelo precioso alimento da promessa do Deus Fiel? Um texto da Escritura acolhido no coração
rapidamente desperta o débil coração. Os homens
falam de líquidos que
reavivam os espíritos, e de tônicos que
fortificam o físico; mas, vezes sem-fim, a Palavra
de Deus tem sido mais
do que isso
para nós. A Palavra do Senhor nos preserva em
meio a cruciantes
e fortes tentações
e ferozes e amargas provações.
Em meio
a desalentos, que
diminuem nossa esperança,
e desapontamentos, que
ferem nosso coração,
sentimo-nos fortes para
fazer e suportar, porque as garantias
de socorro que
encontramos na Bíblia nos nutrem com energia secreta,
invencível.
Irmãos, temos tido experiência
da elevação que
a Palavra de Deus
pode dar--elevação em direção
a Deus e ao céu.
Se você estuda
livros que
se opõe àquele inspirado, será que não está consciente de que
isso leva
ao declínio? Conheci algumas pessoas
para as quais
tal leitura
tem sido como um
vapor pestilento,
cercando-os com o frio
da morte. Além
disso, acrescente-se que deixar
de ler a Bíblia,
mesmo para fazer um estudo minucioso de bons livros, em pouco tempo acarreta um
abatimento consciente
da alma. Você
ainda não
descobriu que mesmos
livros agradáveis
podem ser como
uma planície sobre
a qual olha
para baixo, em vez de aspirar ao cume? Há muito tempo você ultrapassou o nível deles e
ao lê-los não chegará mais alto: é inútil gastar um tempo precioso debruçado sobre
eles. Será que
foi sempre assim
com você e o Livro de Deus?
Alguma vez, você
se levantou acima do mais simples ensinamento dele, e sentiu que
ele tinha
a tendência de levá-lo ao declínio?
Nunca! À medida
que sua
mente se torna
saturada com
a Santa Escritura,
você fica consciente
de ser imediatamente
elevado e conduzido para
cima, como
se estivesse sobre asas
de águias.
Poucas
vezes você
desce de uma leitura solitária
da Bíblia sem
sentir que se
aproximou de Deus. Digo solitária,
pois o perigo
de ler com
outras pessoas é que
os comentários sem
interesse possam ser
como moscas
no pote de ungüento.
O estudo da Palavra
com oração
não é apenas
um meio
de instrução, mas
também um
ato de devoção
no qual o poder
transformador da graça
é muitas vezes exercido, nos mudando à imagem
daquele em quem
a Palavra é espelhada. Por fim, será que há algo que seja como a
Palavra de Deus
quando livros
abertos encontram corações
abertos? Quando
leio sobre as vidas
de homens tais
como Baxter, Brainerd, McCheyne e muitos outros, eu me sinto como alguém que se banhou em
algum riacho
fresco depois
de ter feito
uma viagem através
de um campo
árido que
o deixou empoeirado e deprimido; e isso
é resultado do fato
de que tais
homens incorporaram a Bíblia em suas vidas e a
ilustraram em sua
experiência.
O
lavar-se pela Palavra
foi o que eles
tiveram, e é o que nós
precisamos. Precisamos obter isso
no lugar em
que eles
o encontraram. Ver os efeitos
da verdade de Deus
nas vidas de homens
santos confirma a fé
e estimula a aspiração santa. Não há
outras influências que
nos ajudem a chegar
a tão sublime
ideal de consagração.
Se você ler os livros babilônicos
de hoje, alcançará o espírito deles, e é um
espírito estranho
que o desviará do Senhor
seu Deus.
Você também
pode sofrer grande
dano com
sacerdotes que
têm a pretensão de falar
o dialeto de Jerusalém, mas
metade de sua
mensagem é de Asdode: eles confundirão sua
mente e profanarão sua
fé. Pode acontecer
que um
livro que
em seu
todo seja excelente,
com poucas máculas,
possa lhe fazer
mais mal
do que um
completamente mau.
Cuide-se, obras dessa natureza são
lançadas como nuvens
de gafanhotos.
Quase não se
pode achar nesses dias
um livro
que seja inteiramente
isento do levedo
moderno, e a menor
partícula dele fermenta
até produzir
o erro mais insano. Ao ler livros da nova ordem, embora
possa não aparecer
nenhuma mentira palpável,
você fica consciente
de estar recebendo uma distorção
e um declínio
no tom de seu
espírito, portanto,
esteja alerta. Mas
com a Bíblia
você sempre
pode estar descansado;
ali todo
sopro de cada
direção traz vida
e saúde. Se você
se conserva próximo
do livro inspirado, não
sofrerá mal algum;
ao contrário, estará no manancial de todo
bem moral e espiritual. Isso
é alimento adequado para homens de Deus:
é o pão que
nutre a vida mais
elevada.
Depois de pregar o evangelho durante
quarenta anos, e imprimir
os sermões que
preguei durante mais
de trinta e seis anos,
chegando agora a 2200 sermões, feitos
em semanas
sucessivas, ganhei o direito de falar sobre a superabundância e riqueza da Bíblia como o livro do pastor. Irmãos, ela é inesgotável. Se permanecermos junto
ao livro sagrado
não teremos nenhum
problema de frescor
nos textos.
Não há dificuldade
alguma para encontrar temas totalmente
distintos daqueles que
tratamos antes; a variedade
é tão infinita
quanto a plenitude.
Uma longa vida
será suficiente apenas
para margear as costas desse imenso
continente de luz.
Em meus
quarenta anos de ministério
só toquei a orla
da veste da verdade
divina, mas
quanta verdade
fluiu dela! A Palavra é como seu Autor, infinita,
imensurável, sem-fim.
Se você fosse ordenado para ser pregador
ao longo da eternidade,
teria diante de si
um tema
à altura das demandas
eternas.
Irmãos, será que
em alguma parte
entre os corpos
celestes cada
um de nós
terá um púlpito?
Teremos uma igreja de milhões de léguas?
Teremos vozes tão
fortalecidas a ponto de alcançar
constelações atentas? Seremos testemunhas para o Senhor da graça a miríades de mundos
que ficarão atônitos
e maravilhados ao ouvir sobre
o Deus encarnado?
Estaremos rodeados por inteligências puras perguntando sobre
o mistério do Deus
manifesto na carne
e tentando entendê-lo? Os mundos não caídos
desejarão ser instruídos no glorioso
evangelho do Deus
abençoado? E cada
um de nós
terá uma história pessoal
para narrar nossa experiência
de amor infinito?
Acho que sim,
visto que
o Senhor nos
salvou para "que
agora, mediante
a igreja, a multiforme
sabedoria de Deus
se tornasse conhecida dos poderes e autoridades
nas regiões celestiais"
(Ef 3.10). Se tal é o caso, nossas Bíblias
serão suficientes
ao longo de eras
futuras para prover novos temas a cada manhã, e cantos e mensagens
novas por
eras sem-fim.
Estamos
resolvidos, portanto, visto que temos
esse arsenal
vindo do Senhor e que
não queremos nenhum
outro, a usar
somente a Palavra
de Deus, e usá-la com grande energia. Estamos resolvidos--e espero que não haja discordância entre
nós--a conhecer melhor
nossas Bíblias. Será que conhecemos o volume
sagrado tão
bem, pelo menos metade de
como deveríamos conhecer?
Temos trabalhado para ter
um conheci-mento tão
completo da Palavra
de Deus, como
muitos críticos
têm conseguido de seu escritor clássico
favorito? É possível
que ainda
nos deparemos com
passagens da Bíblia
que são
novas para nós? Isso devia
acontecer? Há qualquer
passagem do que
o Senhor escreveu que
você nunca
leu? Foi interessante a observação do meu irmão,
Archibald Brown. Ele se impressionou com a constatação
de que a não
ser que lesse
toda a Bíblia,
de ponta a ponta,
poderia haver
ensinos inspirados que
nunca conheceria, portanto,
resolveu ler os livros
na ordem em
que são
apresentados; e, depois de ler uma vez, ele continuou com
o hábito. Será que
qualquer um
de nós deixou de fazer
isso? Vamos começar
imediatamente.
Amo ver com que prontidão alguns
de nossos irmãos
apresentam uma passagem apropriada, depois
citam outra semelhante
e coroam tudo com
uma terceira. Parecem conhecer
exatamente o texto
que acerta
em
cheio. Eles
têm suas Bíblias,
não só
em seus
corações, mas
na ponta dos dedos.
Esse é um
conhecimento muito
valioso para o ministro. Um bom textualista é um
bom teólogo.
Alguns outros,
que estimo por
outras coisas, ainda
são fracos
nesse ponto e raramente
citam um texto
da Escritura corretamente;
na verdade, fazem alterações que
ferem o ouvido do leitor
da Bíblia. Infelizmente,
é comum que
ministros acrescentem ou suprimam uma palavra
da passagem, ou
de alguma forma desvalorizem a linguagem
do relato sagrado. Ouço, com freqüência,
irmãos falarem sobre
garantir "seu
chamado e salvação"! Provavelmente, não
se deleitaram tanto quanto
nós com
a palavra calvinista
"eleição" e, por essa razão,
deduzem seu significado;
mais ainda,
em alguns
casos o contradizem.
Nossa reverência
pelo grande Autor das Escrituras
deveria proibir qualquer
dilaceração de suas
palavras. Nenhuma alteração da Escritura pode de forma
alguma melhorá-la. Os crentes, em relação à inspiração, devem ser muito cuidadosos para ser verbalmente corretos. Os senhores
que vêem erros
na Escritura podem se achar
competentes para
consertar a linguagem
do Senhor dos exércitos,
mas nós
que cremos em
Deus e aceitamos as palavras
específicas que ele
usa, não
podemos ousar fazer isso. Citemos as palavras
como estão em
sua melhor
versão, melhor
ainda seria saber
o original e corrigir
quando nossa
versão não
dá o sentido correto.
Quanto dano
poderá surgir da alteração acidental
da Palavra! Abençoados aqueles que
estão de acordo com
o ensino divino
e recebem seu sentido
verdadeiro, conforme
o Espírito Santo
os ensina! Ah, que
possamos conhecer totalmente
o Espírito da Santa
Bíblia, bebendo-o até
que estejamos impregnados dele! Essa é a
bênção que
queremos alcançar.
Crer mais
intensamente na Palavra
de Deus
Pela
graça de Deus
firmamos o propósito de crer
mais intensamente
na Palavra de Deus.
Há crença, e crenças.
Você crê em todos seus irmãos aqui
reunidos, mas em
alguns deles tem uma confiança
real visto
que em
uma hora de dificuldade,
eles o ajudaram e provaram ser irmãos nascidos para a adversidade. Você tem certeza absoluta que
pode confiar nestes, pois
os testou pessoalmente. Você
tinha fé
antes, mas
agora sente uma confiança
superior, mais
firme, mais
segura. Creia no livro
que foi inspirado do início ao fim.
Creia em todo
ele, completamente,
com todas as forças
de seu ser.
Deixe que as verdades
da Escritura se tornem os principais elementos
de sua vida,
as principais forças
operantes em
sua ação. Que os grandes
relatos da história do evangelho sejam fatos
tão reais
e práticos como
qualquer outro
que encontra
no ambiente doméstico
ou no mundo
lá fora,
verdades tão
vívidas quanto seu
corpo presente,
com suas
dores e sofrimentos, seus apetites e
alegrias. Se pudermos deixar
a esfera de ficção
e imaginação e entrar
no mundo real,
encontraremos um veio
de poder que nos trará um grande tesouro de fortaleza. Assim,
tornar-se "poderoso na Escritura" significa se tornar
"poderoso por
meio de Deus".
Citar mais
a Bíblia Sagrada
Também
devemos decidir que
vamos citar mais
a Bíblia Sagrada. Os sermões
devem estar cheios
da Bíblia; adoçados, fortalecidos e
santificados com a essência
da Bíblia. A espécie
de sermões que
as pessoas precisam ouvir
são os que
brotam da Bíblia. Se não gostam de ouvi-los, essa é mais
uma razão pela
qual devem ser
pregados para eles.
O evangelho tem a singular
faculdade de criar o gosto por ele. As pessoas
que ouvem a Bíblia
de verdade tornam-se amantes
da Bíblia. A mera
apresentação de textos
em conjunto
é uma maneira infeliz
de fazer sermões;
embora alguns
o tenham tentado, e não duvido que Deus os
tenha abençoado, uma vez que fizeram
seu melhor.
É muito melhor
apresentar os textos,
do que despejar
os medíocres pensamentos
pessoais em
uma torrente estéril.
Pelo menos,
haverá algo sobre
o que se pensar
e para lembrar se a Palavra Santa
for citada; caso contrário,
pode não haver
nada.
Contudo, os textos
bíblicos não precisam ser
apresentados em conjunto,
eles devem ser
apresentados de maneira adequada para trazer agudeza
e sentido à mensagem.
Eles são
a força do sermão.
Nossas palavras são
meras bolinhas de papel se comparadas com o tiro de canhão da Palavra.
A Escritura é a conclusão
de tudo. Não
há argumento depois
que sabemos que
"está escrito". Para
a maioria dos ouvintes,
no coração e na consciência,
o debate está terminado quando
o Senhor fala.
"Assim diz o SENHOR"
é o fim de qualquer
discussão para os cristãos; mesmo
os iníquos não
podem resistir à Escritura sem resistir ao Espírito
que a escreveu. Para
ser convincentes
devemos falar biblicamente.
Pregar apenas
a Palavra de Deus
Também
estamos resolvidos a pregar apenas
a Palavra de Deus. Em
grande parte,
a alienação das massas
ao ouvir o evangelho
se explica pelo triste
fato de que
nem sempre
é o evangelho que
ouvem quando se dirigem aos lugares de culto,
e tudo o mais
fracassa em
fornecer o que
suas almas
precisam. Será que você
nunca ouviu falar
de um rei
que fez uma série
de grandes banquetes
e convidou muitas pessoas, semana após semana? Ele tinha um bom número de servos encarregados
de servir sua
mesa; e, nos
dias marcados, estes
saíram e falaram com as pessoas. Mas,
de alguma forma, depois
de um tempo
a maior parte
das pessoas não
vinha às festas.
O número de convidados
que comparecia era
decrescente; a grande massa de cidadãos
dava as costas aos banquetes.
O rei indagou e descobriu que o alimento providenciado
não parecia satisfazer
os homens que
vinham olhar os banquetes
e, por isso,
não vinham mais.
Ele resolveu examinar
pessoalmente as mesas
e os alimentos servidos. Viu muita coisa fina e muitas peças
expostas que não
eram de seus armazéns.
Olhou a comida e disse: "Mas o que é isso? Como esses pratos
chegaram aqui? Não
são do meu
suprimento. Meus bois
cevados foram mortos,
mas não
vejo carne de animais
engordados, e sim carne
dura de gado
magro e faminto.
Os ossos estão aqui,
onde está a gordura
e o tutano? O pão
também é de má qualidade,
onde está o meu
que é feito
do melhor trigo?
O vinho está misturado com água, e a água não é de um poço limpo".
Um dos presentes
respondeu: "Ó rei, achamos que o povo
estaria farto de tutano
e gordura, assim
lhes demos
osso e cartilagem
para pôr seus dentes à prova. Achamos também
que estariam cansados do melhor pão branco, por isso assamos uns poucos
em nossas casas,
nos quais
deixamos o farelo e a casca dos cereais.
É opinião dos doutos
que nosso
alimento é mais
adequado a esses tempos
do que aquele
que vossa
majestade prescreveu há tanto tempo. Em relação aos vinhos com borra, o gosto
dos homens não
é esse na época
atual; além
disso, um líquido
tão transparente
como a água
pura é uma bebida
leve demais
para homens que estão acostumados a beber
do rio do Egito, cujo
gosto é do barro
que vem das montanhas
da Lua".
Assim, o rei
entendeu porque as pessoas
não vinham aos banquetes.
Será que esse
é o motivo pelo
qual a casa
de Deus tem se tornado
tão desagradável para
uma grande parcela
da população? Creio que
sim. Será que
os servos do Senhor
têm picado seus restos
de miscelâneas e pequenas
máculas para com isso fazer uma carne cozida para os milhões de fiéis, e, por
isso, estes
se afastam? Ouça o resto da minha parábola. O rei
indignado exclamou: "Esvaziem as mesas!
Joguem todo esse
lixo para os cães. Tragam os barões
da carne, mostrem minha
comida real.
Tirem essas bugigangas do salão e aquele pão adulterado da mesa
e lancem fora a água
do rio barrento". Eles fizeram como
o rei mandou, e se minha
parábola estiver certa,
logo houve um
rumor pelas ruas
de que verdadeiras delícias
reais eram oferecidas ali, o povo
encheu o palácio e o nome
do rei tornou-se de grande
excelência por
toda terra.
Vamos experimentar esse
plano. Quem
sabe logo estaremos nos
regozijando em ver
o banquete do Mestre
cheio de hóspedes.
A certeza de sua
inspiração
Portanto,
estamos resolvidos a usar mais
plenamente o que
Deus providenciou para
nós neste Livro,
pois temos certeza
de sua inspiração.
Deixe-me repetir. TEMOS CERTEZA
DE SUA INSPIRAÇÃO.
Note que, com
freqüência, os ataques
são contra
sua inspiração
verbal. A forma
escolhida é mero pretexto.
Inspiração verbal
é a forma verbal
do assalto, mas
o ataque está realmente
apontado à própria inspiração.
Você não tem
de ler muito
do ensaio antes
de descobrir que
a pessoa que
começou a contestar a teoria
de inspiração, nunca
aceita por nenhum
de nós, por
fim revela as cartas
que tem na mão,
e essas cartas travam guerra contra a
própria inspiração.
Aí está o verdadeiro
ponto. Não
damos muita importância
para qualquer
teoria de inspiração:
na verdade, não
temos nenhuma. Para nós,
a plena inspiração
verbal da Santa
Escritura é fato,
não hipótese.
É uma pena teorizar
sobre um
assunto que
é profundamente misterioso e exige fé, não imaginação. Creia na inspiração
da Escritura, e creia da maneira mais intensa. Você não crerá em
uma inspiração mais
verdadeira e mais plena
do que a que
existe de fato. Ninguém
pode errar nessa direção,
mesmo que
haja possibilidade de erro. Se você
adotar teorias
que tiram um
pedacinho aqui, negam autoridade
a uma passagem ali,
no fim não
restará nenhuma inspiração merecedora desse nome.
Esse Livro é infalível
Se esse
livro não
for infalível, onde
vamos encontrar infalibilidade? Já
desistimos do Papa, pois
ele já
errou muitas vezes e de maneira terrível;
mas em
seu lugar
não estabeleceremos um
bando de papazinhos saídos
há pouco da universidade.
Esses revisores
das Escrituras são
infalíveis? É certo
dizer que
nossas Bíblias não
estão corretas, mas que
seus críticos
estão? A prata antiga
deve ser depreciada, mas
a prata alemã que
a substitui deve ser aceita a preço
de ouro. Moleques
que acabam de ler
o último romance
lançado querem corrigir os conceitos
de seus pais,
homens de peso
e caráter. Doutrinas
que produziram a geração
mais piedosa
que viveu na face
da terra são
refutadas e desprezadas como pura tolice.
Nada é tão odioso para essas criaturas como
o que cheira
a puritanismo. O narizinho de cada um desses homens
se empina celestialmente ao ouvir o som da palavra "puritano",
embora seja verdade
que se os puritanos
estivessem aqui de novo,
eles não
ousariam tratá-los arrogantemente; pois quando estes lutavam, logo
ficavam conhecidos como
Ironsides, e seu líder dificilmente poderia
ser chamado de tolo,
mesmo por
aqueles que
o estigmatizavam como "tirano". Cromwell e seu
seguidores não
eram pessoas de mente
fraca, não
é mesmo? Estranho
que tenham sido louvados às alturas pelos mesmos homens que menosprezam seus
verdadeiros sucessores, crentes na mesma
fé. Mas
onde se encontra
a infalibilidade? "O abismo diz: 'Em mim não está'" (Jó 28.14), contudo
aqueles que
não têm nenhuma profundidade
querem que imaginemos que está neles ou
esperam encontrá-la por meio da mudança
perpétua.
Devemos
crer agora que os eruditos
possuem a infalibilidade? Ora, fazendeiro Smith, amanhã
cedo, depois
de ler sua Bíblia e se deleitar
com suas
promessas preciosas, você
deve descer a rua
para perguntar ao homem de erudição,
lá na casa
pastoral, se essa porção
da Bíblia pertence
à parte inspirada da Palavra ou se é
de fonte duvidosa.
É bom você saber se foi escrita pelo Isaías original
ou pelo segundo dos "dois
Obadias". Toda possibilidade de certeza é transferida do homem
espiritual para
uma classe de pessoas
cuja erudição
é pretensiosa e nem
mesmo simula espiritualidade.
Aos
poucos ficamos tão
cheios de dúvidas
e críticas, que
apenas uns poucos,
mais profundos,
saberão o que é ou
não Bíblia
e determinarão todo o resto para nós. Não tenho fé na misericórdia
deles nem em
sua precisão
teórica: eles
nos tirarão tudo
que estimamos como
mais precioso
e orgulhar-se-ão desse ato cruel. Não
suportaremos esse reinado
de terror, pois
ainda cremos que
Deus se revela a inocentes
bebês mais
do que aos doutos
e prudentes, além
de estarmos plenamente confiantes de que
nossa versão
das Escrituras é suficiente
para homens simples em todos os propósitos
de vida, e de salvação e de
religiosidade. Não desprezamos o saber, mas nunca diremos sobre
a cultura ou
a crítica: "Eis
aí os seus
deuses, ó Israel!" (Êx 32.4).
Você percebe por que os homens
querem diminuir o grau
de inspiração da Escritura
Sagrada a uma quantidade
infinitesimal? Porque
para eles a verdade de Deus deve ser suplantada. Se você for a uma
loja à noite
para comprar alguns itens que dependem da cor
e da textura, não
seria melhor julgá-las à luz do dia? E, quando você entrar,
se o comerciante diminui o lume
ou tira
o lampião, e depois
lhe mostra
a mercadoria, você
fica desconfiado e conclui que
ele quer
lhe vender um artigo inferior. Tenho mais
do que suspeita
de que esse
é o joguinho dos depreciadores da inspiração
bíblica. Sempre que
uma pessoa começa
a baixar a visão
que você tem sobre a inspiração, ela tem uma segunda
intenção, um
truque que
não pode ser feito na claridade. Ele alega ser uma sessão de espíritos
maus e pede: "Diminuam a luz". Nós,
irmãos, estamos dispostos
a atribuir à Palavra
de Deus toda
a inspiração que
lhe possa ser
atribuída e, corajosamente, dizemos que se nossa pregação não
está de acordo com
essa Palavra é por
que não
há luz nenhuma em
nossa pregação.
Queremos ser experimentados e testados por isso de
todas as maneiras e contamos com os mais nobres de nossos
ouvintes, aqueles
que examinam as Escrituras
diariamente, para ver se
as coisas são
assim, mas
não nos
sujeitamos nem por
um momento
àqueles que
depreciam a inspiração.
Ouço alguém
dizer: "Mas
você precisa
se sujeitar às conclusões
da ciência, não
é?". Ninguém está mais pronto do que nós para aceitar os fatos evidentes
da ciência. Mas
o que você quer dizer com ciência?
Essa coisa chamada
"ciência" é infalível? Será que
o nome ciência
não é utilizado de forma
enganosa? A história
da ignorância humana
que se denomina a si
mesma "filosofia"
é absolutamente idêntica
à história dos tolos,
exceto quando
se desvia para
loucura. Se outro
Erasmo surgisse e escrevesse a história
da tolice, ele
deveria dedicar vários
capítulos à filosofia
e à ciência, e esses
capítulos seriam mais
reveladores do que quaisquer outros. Eu mesmo não ouso dizer que, no geral, os filósofos e cientistas
são tolos;
mas permitiria que
falassem uns dos outros, e no fim eu diria:
"Senhores, vocês
são menos
elogiosos um
em relação
ao outro do que
eu teria sido".
Deixaria os sábios
de cada geração
falarem da geração que
os antecedeu, ou hoje
cada metade
de uma geração poderia
falar da meia-geração anterior,
pois pouca teoria da ciência
de hoje sobreviverá por
vinte anos e menos
ainda verá o século
XX. Agora viajamos em
tão rápida
velocidade que
passamos por conjuntos
de hipóteses científicas tão depressa como passamos por
postes de telégrafo
quando viajamos em
um trem
expresso. Tudo
de que estamos certos
hoje é o seguinte:
aquilo de que
os doutos tinham certeza
há poucos anos
está agora jogado no limbo do esquecimento
de erros descartados. Eu creio na ciência,
mas não
naquilo que é chamado "ciência". Nenhum
fato provado na natureza
é oposto à revelação.
Não podemos reconciliar
com a Bíblia
as bonitas especulações dos pretensiosos, e não
o faríamos se pudéssemos.
Sinto-me
como o homem
que disse: "Posso entender
em algum
grau como
esses grandes
homens descobriram o peso das estrelas,
a distância que
têm uma da outra e até
como, pelo
espectroscópio, descobriram de que materiais são
compostas; mas não
posso adivinhar como
descobriram seus nomes".
Apenas isso.
A parte fantasiosa
da ciência, tão
valorizada por tantos,
é o que não
aceitamos. Essa é a parte importante para
muitos--aquela parte que é mera adivinhação, pela
qual lutam com
unhas e dentes.
A mitologia da ciência
é tão falsa
como a dos pagãos,
mas é assim
que se faz um
deus. Repito, os fatos
da ciência nunca
estão em conflito
com as verdades
da Sagrada Escritura,
mas as deduções
extraídas desses fatos e as invenções classificadas como
fatos são
opostas à Escritura, e isso por que necessariamente o que
é mentira não
concorda com a verdade.
Dois tipos de indivíduos têm forjado grande
dano, contudo,
nenhum desses deve ser
considerado como juiz
no assunto: ambos
são desqualificados.
É essencial que
um juiz
conheça os dois lados
da questão, e nenhum
destes tem esse conhecimento.
O primeiro é o cientista
sem religião.
O que ele
sabe sobre religião?
O que pode saber?
Ele está fora
de lugar quando
a pergunta é: a ciência
concorda com a religião?
Obviamente, aquele que
pode responder essa pergunta
precisa conhecer
os dois lados
da questão. O segundo
é um homem
melhor, mas
capaz de causar
mais dano
ainda. Refiro-me ao cristão
não-cientista que se preocupará em conciliar a Bíblia com a ciência. É melhor
que ele
deixe isso de lado
e não comece seu
conserto. O erro foi
cometido por homens
que ao tentar
resolver uma dificuldade
distorceram a Bíblia ou a ciência.
Essa solução logo
foi considerada errônea, e depois
ouvimos os clamores de que a Escritura
foi derrotada.
Nada disso; de forma
alguma. Isso não
passa de um
comentário inútil
que foi removido como
um verniz
inútil. Eis
aí, um
bom irmão
escreve um tremendo
livro para provar que os seis dias da criação representam seis
grandes períodos
geológicos e mostra
como as camadas
geológicas, e os organismos delas,
seguem a ordem da história
da criação de Gênesis. Pode ser assim ou não, mas se depois
de pouco tempo
qualquer pessoa
mostrar que
as camadas não
estão em tal
ordem, qual
seria minha resposta?
Eu diria que
a Bíblia nunca
ensinou que estão nessa ordem. A Bíblia
diz: "No princípio Deus criou os céus
e a terra" (Gn 1.1). Isso
deixa qualquer
espaço de tempo
para as eras
de fogo e períodos
de gelo e tudo
isso antes
do estabelecimento da presente
era do homem.
Depois, chegamos aos seis
dias em
que o Senhor
fez os céus e a terra
e descansou no sétimo. Nada é dito sobre longos períodos de tempo,
ao contrário, "a tarde e a manhã;
esse foi o primeiro
dia" (Gn 1.5), e "a tarde e a manhã;
esse foi o segundo
dia" (Gn 1.8); e assim por diante. Não
apresento nenhuma teoria, simplesmente digo que
se o grande livro
de nosso amigo
é todo lorota,
a Bíblia não
é responsável por
isso. É verdade
que sua
teoria parece ter
suporte no paralelismo
que descobre entre
a vida orgânica
das eras e aquela dos sete dias, mas isso pode ser explicado pelo fato de que Deus geralmente
segue uma certa ordem,
quer opere em
longos quer
em curtos
períodos. Não
sei e não me
importo tanto com
a questão; mas
devo dizer, se você
derruba uma explicação não pode imaginar que prejudicou a verdade
bíblica, que lhe
pareceu exigir uma explicação:
você só
queimou as estacas de madeira, com as
quais homens
bem intencionados pensavam proteger
um forte
invencível que
não precisava de tal
defesa.
No
geral, é melhor
deixarmos a dificuldade como está, em vez de criar outra dificuldade
com nossa
teoria. Por
que fazer um segundo furo na chaleira
para remendar
o primeiro? Especialmente,
quando o primeiro
furo não
está lá e não
precisa de nenhum
remendo. Creia, não
há muita coisa
provada na ciência. Não
precisa temer
que sua
fé seja sobrecarregada. Assim, creia em
tudo que
está dito claramente
na Palavra de Deus,
quer seja provada por
evidência exterior
quer não.
Nenhuma prova é necessária
quando Deus
fala. Se ele
o disse, isso é prova
suficiente.
Mas nos ensinam
que devemos desistir
de parte de nossa
teologia antiquada
para salvar o restante.
Viajamos em uma carruagem
pelas estepes da Rússia. Os cavalos são
impulsionados furiosamente, mas os lobos se
aproximam! Você não
vê seus
olhos de fogo?
O perigo é iminente.
O que fazer?
Propõe-se que joguemos uma criança ou
duas. Até que
comam a criança, já
teremos ganhado um pouco
de distância, mas
o que faremos se nos
alcançarem de novo? Ora,
bravo homem,
jogue fora sua
esposa! 'O homem
dará tudo que
tem por sua
vida'; lance
fora quase
toda a verdade
na esperança de salvar
uma. Jogue fora a inspiração,
e deixe que os críticos
a devorem. Jogue fora a eleição e todo
o velho calvinismo;
faremos uma festa caprichada para os lobos, e os senhores que sagazmente nos
aconselharam ficarão felizes ao ver as doutrinas da graça arrancadas uma por
uma. Lance fora
a depravação natural,
o castigo eterno
e a eficácia da oração.
A carruagem ficou bem
leve. Agora,
mais uma coisa
para jogar fora. Imole o grande
sacrifício! Acabe com a expiação!
Irmãos, esse conselho é vil,
assassino; escaparemos desses lobos com tudo ou
estaremos perdidos com tudo. Deve ser "a verdade, toda a verdade e nada além da verdade", ou nada. Nunca tentaremos salvar metade da verdade, lançando
fora qualquer
parte dela. O "sábio"
conselho que
nos foi dado
envolve trair Deus
e desapontar a nós
mesmos. Ficaremos firmes,
ou tudo
ou nada.
Dizem que se desistirmos de alguma coisa, os adversários
também desistirão de algo, mas não nos importa
o que eles
farão, pois não
temos nem um
pouco de medo
deles. Eles não
são os conquistadores
imperiais que pensam ser.
Não exigimos clemência
pela insignificância
deles.
Temos
o pensamento do guerreiro
a quem ofereceram presentes
para comprá-lo e a quem
disseram que se aceitasse tanto ouro ou território, ele poderia voltar para casa
em triunfo
e se gloriar no ganho
fácil. Mas
ele disse: "Os gregos
não dão valor
a concessões. Encontram glória não em presentes, mas em espólio". Com
a espada do Espírito
manteremos toda a verdade
como nossa
e não aceitaremos parte
dela como concessão
dos inimigos de Deus.
Manteremos a verdade de Deus
como a verdade
de Deus, e não
a reteremos por que
a mente filosófica permite fazer isso. Se os cientistas concordam que
creiamos em uma parte
da Bíblia, não
os agradeceremos por nada: já cremos
nela quer queiram quer
não. O consentimento
deles não tem mais
conseqüência para
nossa fé
que a permissão
de um francês
para que um inglês defenda Londres, ou que o consentimento da toupeira
para que a águia tenha uma visão
perspicaz. Deus
estando conosco, não
cessaremos esse gloriar,
manteremos toda a verdade
revelada até o fim.
Mas agora, irmãos, apesar
de manter essa primeira
parte de meu
tema, talvez
longa demais,
eu lhes
digo que crendo nisso, aceitamos a obrigação de pregar tudo que está
na Palavra de Deus
até onde
vemos. Não queremos esquecer
voluntaria-mente qualquer porção da revelação
de Deus, pois
queremos poder dizer no final: "Não
deixamos de lhes transmitir
todo conselho
de Deus". Que
mal pode haver
em se deixar
de fora qualquer
porção da verdade
ou acrescentar
um elemento
alheio a ela!
Todos os homens
bons concordarão quando
digo que a adição
do batismo infantil
à Palavra de Deus--, pois
certamente não
está lá--é um perigo.
Regeneração batismal anda nos ombros do pedobatismo. Agora
falo do que
conheço.
Tenho
recebido cartas de missionários,
não-batistas, mas weslianos e
congregacionais que me
têm dito: "Depois
que estive aqui
(não mencionarei as localidades
para não pôr os bons homens em dificuldades) encontramos um
grupo de pessoas,
filhos de ex-convertidos, que foram batizados
e, por isso,
são chamados de cristãos;
mas não
são nem
um pouquinho melhores
do que os pagãos
a sua volta.
Parecem pensar que
são cristãos
por causa de seu batismo, mas, ao mesmo tempo, sendo considerados cristãos
pelos pagãos,
sua vida
má é escândalo perpétuo
e uma terrível pedra
de tropeço". Em
muitos casos,
isso deve ser
verdade. Uso
o fato apenas
como ilustração.
Mas supondo que
seja algum outro
erro inventado ou
alguma grande verdade
negligenciada, acabará por produzir o mal. No caso das terríveis
verdades que
conhecemos como "o terror do SENHOR" (2Cr
14.14), sua omissão
produz os mais tristes
resultados. Um
homem bom
que não
aceitamos que esteja ministrando exatamente a verdade sobre esse assunto sério, não obstante,
tem muito fielmente
escrito para
os jornais repetidas vezes, dizendo que
a grande fraqueza
do púlpito moderno
é ignorar a justiça
de Deus e o castigo
do pecado. Seu
testemunho é verdadeiro,
e o mal que
ele aponta é incalculavelmente grande. Não se
pode omitir essa parte
da verdade que
é tão obscura
e solene, sem
enfraquecer a força
de todas as outras verdades que pregamos. Você rouba o brilho
e a importância premente
das verdades que
tratam da salvação da ira vindoura.
Irmãos, não
omitam nada. Tenham ousadia
suficiente para
pregar a verdade indigesta e impopular.
O mal que
fazemos acrescentando ou tirando da Palavra do Senhor pode não acontecer em nossos dias; mas se chegar à maturidade em outra geração seremos igualmente
culpados. Não duvido que, mais tarde, a omissão de certas verdades
pela igreja
primitiva levou a sério
erro, enquanto
certas adições
na forma de ritos
e cerimônias, que
pareceram bastante inocentes
em si,
levaram ao ritualismo e depois à grande
apostasia do romanismo! Tenham muito cuidado. Não passem uma polegada
além da linha
da Escritura, e não
fiquem uma polegada aquém
dela.
Conservem-se
na linha reta
da Palavra de Deus,
até onde
o Espírito Santo
lhe ensinou e não
retenham nada que
ele lhe
tenha revelado. Não seja tão ousado a ponto de abolir as duas ordenanças que
o Senhor Jesus estabeleceu, embora
alguns tenham se aventurado nessa grave presunção;
nem exagere aquelas ordenanças
em canais
inevitáveis de graça,
como supersticiosamente
outros têm feito.
Mantenha-se na revelação do Espírito. Lembre-se, você
terá que prestar
contas e não
será com alegria
se tiver brincado falsamente com a verdade de Deus. Lembre a história
de Gilipo, a quem Lisandro confiou sacos de ouro para levar às autoridades da cidade.
Os sacos estavam amarrados e lacrados,
Gilipo achou que se cortasse a parte de baixo
dos sacos poderia
tirar uma parte
das moedas, depois
costurar o fundo
de novo, assim
os lacres não
seriam quebrados e ninguém
suspeitaria que o ouro
fora tirado. Para
seu horror
e surpresa, havia um
papel em cada saco
declarando quanto deveria conter,
e assim ele
foi descoberto.
A
Palavra de Deus
tem cláusulas auto-verificadoras, de modo que você não pode sumir com uma parte dela, sem
que o restante do texto
o acuse e sentencie. Como você
responderá "naquele dia" se
tiver acrescentado ou tirado da Palavra do Senhor? Não estou aqui para decidir o que você deve considerar ser a verdade
de Deus; mas
seja o que você
julgar que
seja, pregue-a toda, definitiva e claramente.
Se formos igualmente honestos, diretos,
e tementes a Deus,
não devemos discordar
em muita
coisa. O caminho
para alcançar a paz não é o da
ocultação de convicções, e sim o da expressão
honesta delas no poder
do Espírito Santo.
Pregar tudo
que está na Palavra
de Deus, de modo
definido e distinto
Mais
uma palavra. Aceitamos a obrigação de pregar tudo que está
na Palavra de Deus,
de modo definido
e distinto. Será que não há
muitas pessoas que
pregam sem significado
claro, manuseando a Palavra
de Deus de maneira
enganosa? Você
freqüenta o ministério deles durante anos e não sabe no que
crêem. Ouvi falar de certo
pastor cauteloso,
a quem um
ouvinte perguntou: "Qual é sua visão da expiação?".
E ele respondeu: "Meu caro senhor, justamente isso, eu nunca contei a ninguém,
e não vou dizer
agora". Essa é uma estranha condição
moral para a mente de um pregador do evangelho.
Temo que ele
não seja o único
que tem esse
tipo de relutância. Dizem que eles
consomem sua própria
fumaça, isto
é, guardam suas dúvidas
para o consumo
caseiro. Muitos
não ousam dizer
no púlpito o que
dizem sub rosâ (em particular) em
uma reunião particular
de pastores. Isso
é honesto?
Temo
que aconteça com
alguns o mesmo
que se deu com
um professor
de uma cidade do sul
dos Estados Unidos. Um
grande professor
negro antigo,
Jasper, ensinara seus alunos que o mundo é plano como uma panqueca,
e que o sol
o circula todos os dias.
Não tivemos essa parte
de seu ensino,
mas certas
pessoas sim,
e um deles foi com
seu filho
até o professor
e perguntou: "Você ensina
às crianças que
o mundo é redondo
ou plano?".
O professor cautelosamente
respondeu: "Sim". O indagador ficou confuso, mas
pediu uma resposta mais
clara: "Você
ensina seus
alunos que
o mundo é redondo
ou que
é plano?". A resposta
do professor estado-unidense foi: "Isso depende da opinião
dos pais". Desconfio que mesmo na
Grã-Bretanha, em alguns
poucos casos,
muito depende da tendência
do diácono principal,
ou do contribuinte
principal ou
do jovem de ouro
da congregação. Se isso
acontece, o crime é repugnante.
Mas se por essa
ou qualquer
outra razão
ensinamos com língua
dissimulada, o resultado é extremamente prejudicial.
Ouso citar aqui
uma história que
ouvi de um amado
irmão. Um
pedinte bateu à porta
da casa de um
pastor para conseguir dinheiro com ele. O bom homem não gostou muito
da aparência do pedinte
e lhe disse: "Eu
não me
interesso por seu
caso e não
vejo nenhuma razão especial
por que
você deva vir a mim". O pedinte respondeu: "Estou certo
que você me ajudaria se soubesse que
grande benefício
tenho recebido de seu ministério abençoado".
O pastor retrucou: "E qual
foi?". O pedinte respondeu: "Ora, senhor, quando eu primeiro vim ouvi-lo não
ligava nem para
Deus nem
para demônio,
mas agora,
sob seu
abençoado ministério,
passei a amar os dois".
Que maravilha
se por causa
da fala volúvel
de alguns homens,
as pessoas viessem a amar
tanto a verdade
como a mentira!
As pessoas dirão: "Gostamos dessa doutrina e da outra
também". O fato
é que gostariam de qualquer
coisa caso um enganador esperto pusesse isso
plausivelmente diante deles. Admirariam
Moisés e Aarão, mas não
diriam uma palavra contra
Janes e Jambres.
Não nos
uniremos à confederação que parece visar tal compreensão.
Precisamos pregar o evangelho
de modo tão
distinto que
as pessoas saibam o que
estamos pregando. "Se a trombeta não emitir um som claro, quem se
preparará para a batalha?"
(1Co 14.8). Não confunda seu povo com falas
duvidosas. Alguém disse: "Bem, eu tive uma idéia nova um dia desses. Não a expandi; joguei-a fora!".
Essa é uma coisa boa para
fazer com a maioria de suas
idéias novas.
Lance-as fora, sim,
de qualquer maneira,
mas veja onde
você está quando
o faz; porque se você
lançá-las do púlpito, podem acertar alguém e ferir a fé da pessoa. Lance fora suas idéias, mas primeiro navegue sozinho
em um
barco por mais de um quilômetro mar adentro. Depois
que você
tiver jogado ali suas
cruas bagatelas, deixe-as com os peixes.
Hoje, temos a nossa
volta uma classe
de homens que
pregam Cristo e até
o evangelho, mas
depois eles
pregam muitas outras coisas que não são verdade e assim destroem todo
o bem que
entregam e levam os homens ao erro. Eles querem ser classificados como "evangélicos"
e, na verdade, são
antievangélicos. Olhe bem para
esses senhores.
Ouvi dizer que
uma raposa, quando
acossada de perto pelos
cães sabe fingir
que é um
deles e corre com a matilha.
Isso é o que
certos homens
visam hoje: as raposas
querem passar por
cães. Mas
no caso da raposa,
seu cheiro
forte a trai, e os cães
logo a descobrem, do mesmo modo, o cheiro da doutrina
falsa não
é facilmente ocultado, e a presa não a segue por
muito tempo.
Há ministros que
é difícil saber
se são cães
ou raposas;
mas todos
os homens devem saber
de que espécie
somos ao longo de nossa
vida e não
ter dúvida em relação àquilo que
cremos e ensinamos. Não hesitemos em falar nas palavras mais
robustas que possamos encontrar
e nas sentenças mais
claras que
pudermos formar aquilo
que mantemos como
verdade fundamental.
Assim, disse tudo
isso e ainda
estou no primeiro tema,
portanto, os outros
dois precisam ocupar menos tempo, embora eu
julgue que sejam de primeira
importância.
Nosso Exército
A Igreja do Deus
Vivo
Agora precisamos passar
em revista
nosso exército.
Que podem fazer os homens individuais
em uma grande
cruzada? Estamos associados
com todo
o povo do Senhor.
Precisamos ter os membros
de nossas igrejas como
camaradas; eles
precisam sair e ganhar almas para Cristo. Precisamos da cooperação
de todos os irmãos
e irmãs. O que poderemos realizar,
a não ser que os salvos
saiam, todos eles,
em prol
da salvação de outros? Mas agora
propomos a questão: deve mesmo
haver uma igreja?
Haverá um exército
distinto de santos
ou devemos incluir
ateus? Você já ouviu falar "da igreja do futuro"
que devemos ter
em vez
da igreja de Jesus Cristo.
Como as correntes
extremas receberão ateus, podemos esperar que também incluirão espíritos
maus. Por
certo, será uma igreja
maravilhosa quando
a virmos! Será qualquer outra coisa que você quiser, exceto uma igreja. Quando os soldados
de Cristo tiverem incluído em suas
fileiras toda a bandidagem do adversário, será que
haverá qualquer exército
para Cristo?
E isso não
significa claramente uma capitulação,
uma rendição logo
no início da guerra?
Acho que sim.
Não só precisamos
crer na igreja
de Deus, mas
também reconhecê-la de maneira muito clara. Algumas denominações
valorizam mais tudo
e qualquer coisa
que a igreja.
Uma reunião da igreja
é algo desconhecido.
Em algumas denominações
"a igreja" significa os ministros ou o clero; mas, na verdade, deve significar todo o corpo de
fiéis, além de dar
oportunidade para
que estes
se encontrem e atuem como igreja. Creio que
o certo é a igreja
de Deus continuar
exercendo a obra de Deus
na terra. O poder e direção finais são do nosso Senhor Jesus e devem ficar com ele, não com alguns poucos
escolhidos por delegação
ou patronagem, mas
com todo
o corpo de crentes.
Precisamos mais e mais
validar a igreja
que Deus
confiou aos nossos cuidados
e, ao fazer isso,
evocaremos uma força que de outra forma permanecerá dormente.
Se a igreja é reconhecida por Jesus Cristo,
é digna de ser
reconhecida por nós;
pois somos os servos
da igreja.
Sim, cremos que
deve haver uma igreja.
Mas igrejas
desapontam muitas pessoas. Todo pastor de uma igreja grande
confessa isso em
sua alma.
Não sei se as igrejas
de hoje são
piores ou
melhores do que
costumavam ser no tempo
de Paulo. As igrejas em Corinto e Laodicéia e outras cidades
exibiam faltas graves,
não nos
admiremos de haver faltas
nas nossas, porém devemos nos afligir sobre tais coisas e trabalhar para alcançar um padrão superior. Embora
os membros de nossa
igreja não
sejam tudo que
deveriam ser, nós
também não
somos. No entanto, se fosse a qualquer lugar para procurar companhia, com certeza procuraria os membros
de minha igreja.
Esta é a companhia em que
permaneço:
São os melhores
amigos que
eu conheço.
Ó
Jerusalém, com todos
seus defeitos,
ainda o amo!
As pessoas de Deus
ainda são
a aristocracia da raça:
Deus as abençoe! Sim,
nosso propósito
é ter uma igreja.
Essa igreja é real
ou fruto
da estatística?
Bem, essa
igreja é real
ou fruto
da estatística? Isso
depende muito de vocês,
caros irmãos.
Insto-os para que
resolvam não ter
nenhuma igreja a não
ser que seja
uma igreja real.
O fato é que
vezes demais
as estatísticas eclesiásticas são chocantemente
falsas. Como sabemos, cozinhar tais
relatórios não
é uma arte desconhecida
em certos
lugares. Soube de um
caso, um
dia desses, em
que foi relatado um
aumento de quatro
crentes no rol
de membros; mas
se este fosse atualizado deveria haver um decréscimo de vinte e cinco.
Não é falsidade
manipular os números?
Há como manipular
os números. Nunca
faça isso. Não
deixemos nomes em
nossos livros
de registros quando
são apenas
nomes.
Certos indivíduos,
dentre os bons
e velhos membros,
gostam de conservá-los ali e não suportam que
sejam removidos, mas quando você não sabe onde
as pessoas estão nem
o que são,
como pode contá-las? Foram para os Estados
Unidos, Austrália ou para
o céu, mas
ainda estão na sua
lista. Isso é
certo? Pode ser
possível que
ela não
esteja absolutamente correta, mas
visemos isso. Devemos enxergar
isso sob
um aspecto muito sério e nos livrar do vício do falso relatório, pois o próprio Deus não abençoa meros
nomes. Não
é de seu feitio
trabalhar com
aqueles que
desempenham um falso
papel. Se não
há uma pessoa real
para cada nome, refaça a lista.
Mantenha sua igreja
real e eficaz
ou não
faça nenhum relatório.
Uma igreja meramente
nominal é uma mentira.
Que ela
seja o que professa
ser. Podemos não
nos gloriar em estatísticas;
mas devemos conhecer
os fatos.
Essa igreja vai aumentar
ou morrer?
Mas
essa igreja vai aumentar
ou morrer? Ela
fará uma coisa ou
outra. Veremos nossos
amigos indo para
o céu e se não
há homens e mulheres
jovens convertidos, e trazidos, e
acrescentados a nós, a igreja na terra terá
emigrado para a igreja
triunfante do alto;
e o que será feito
em prol
da causa e do reino
do Mestre aqui
embaixo? Devemos clamar,
orar e rogar para que a igreja possa crescer
continuamente. Devemos pregar, visitar,
orar, e trabalhar para esse fim. Possa o Senhor,
diariamente, acrescentar a nós
aqueles que
são salvos!
Se não há nenhuma colheita,
a semente pode ser
verdadeira? Pregamos doutrina apostólica
se nunca vemos resultados
apostólicos? Ó meus irmãos,
nossos corações
deveriam estar prontos
a se partir se não
há nenhum aumento
nos rebanhos
que cuidamos. Ó Senhor,
nós te
imploramos, manda prosperidade já!
Treiná-la na arte santa
da oração
Se uma igreja
vai cumprir os propósitos
de Deus, devemos treiná-la na arte santa da oração. Infelizmente,
são muito
comuns as igrejas
sem reuniões
de oração. Mesmo
que haja apenas
uma assim, devemos chorar
por ela.
Em muitas igrejas
a reunião de oração
é apenas o esqueleto
da reunião: a forma
é preservada, mas as pessoas não
vêm. Não há nenhum
interesse, nenhum
poder ligado à reunião.
Ah, meus irmãos,
que não
seja assim com
vocês! Treinem as pessoas
para se reunir
continuamente em oração.
Acorde-os com súplicas incessantes.
Há uma arte santa
nisso. Estudem para se apresentar
diante Deus
aprovados pela
devoção de seu
povo. Se você
mesmo ora,
há de querer que
orem consigo, e quando
começam a orar com
você, e por você, e pelo trabalho
do Senhor, eles
mesmos desejarão mais
oração, e o apetite
crescerá. Creia-me, se uma igreja não ora, ela está morta.
Em vez
de pôr a reunião
de oração em
último lugar,
ponha-a em primeiro. Tudo depende do poder
de oração na igreja.
Ocupar nossas igrejas para Deus
Devemos ter
nossas igrejas todas ocupadas para Deus. Qual é a utilidade
de uma igreja que
simplesmente se reúne para
ouvir sermões,
assim como
uma família se reúne para
fazer suas refeições? Insisto, o que
ela aproveita se não
faz nenhum trabalho?
Não há mesmo
muitos professores
tristemente negligentes
no trabalho do Senhor, embora bastante
diligentes em
seu próprio? Por causa do ócio cristão
ouvimos falar na necessidade
de entretenimentos e todo tipo de bobagem. Se eles
estivessem ocupados para
o Senhor Jesus, não
ouviríamos falar nisso. Uma boa senhora
disse a uma dona de casa:
"Dona Fulana,
como você
consegue se divertir?". Ela
respondeu: "Ora, minha querida, como você pode ver, há tantas crianças
e trabalho a ser feito em minha casa".
Ao que a outra
retrucou: "Sim, eu vejo isso.
Vejo que há muito
trabalho a ser feito em sua casa; mas como nunca está feito,
queria saber como
você se divertia".
Muito precisa ser feito por uma igreja
cristã dentro de seus
próprios limites
e para a vizinhança,
e para os pobres
e caídos, e para
o mundo pagão,
etc.; e se isso for bem
feito, as mentes,
e corações, e mãos,
e línguas serão
ocupadas e não procurarão divertimentos. Deixem que
o ócio e aquele
espírito que
governa as pessoas
preguiçosas dominem, e surgirá o desejo
de diversão. E que
divertimentos! Se a religião
não for uma farsa
em algumas congregações,
as pessoas, de forma
alguma, compareceriam mais para se unir em
oração do que
para ver uma farsa. Eu não entendo isso.
O homem que
está entusiasmado com o amor a Jesus não
tem necessidade de passatempo.
Ele não
tem tempo para
frivolidades. Está sinceramente
interessado em salvar
almas, e estabelecer
a verdade, e ampliar o reino de seu Senhor.
Sempre me sinto
pressionado por alguma necessidade para a causa de Deus; e depois que
resolvo aquela, tem outra, e outra, e mais outra, e meu esforço tem sido para achar oportunidade
de fazer o trabalho que deve ser feito, assim não tenho tido tempo
para ir atrás de frivolidades.
Ah, conse-guir uma igreja que trabalha!
As igrejas alemãs, quando
nosso querido
amigo, sr. Oncken, estava vivo, sempre
seguiam a regra de perguntar
a cada crente:
"O quê você
vai fazer por
Cristo?", e eles
escreviam a resposta em um livro. Era
exigido de cada membro
que ele
continuasse a fazer alguma coisa
para o Salvador. Se ele parasse de fazer alguma
coisa era assunto para disciplina da igreja,
porque ele
era um
professor ocioso,
e não era
permitido permanecer
na igreja como
um zangão em uma colméia de abelhas
trabalhadoras. Ele precisava fazer algo ou sair. Ó, um vinhedo sem uma só figueira estéril
para atravancar o terreno! Atualmente,
a maior parte
de nossa guerra
sagrada é levada
adiante por
um pequeno
corpo de pessoas
sinceras que vivem intensamente,
os demais ou
estão em hospitais
ou são
meros seguidores.
Somos agradecidos por aqueles poucos
consagrados, mas ansiamos por ver o fogo do altar consumir tudo que professamente
está sobre o altar.
Igrejas que produzem santos
Irmãos,
também queremos igrejas que
produzem santos; homens de fé poderosa e oração
prevalecente; homens de vida santa, de ofertas consagradas, cheios
do Espírito Santo.
Precisamos ter esses
santos como
ricos cachos,
ou, por
certo, não
somos ramos da verdadeira videira. Desejo
ver em toda igreja uma
Maria sentada aos pés de Jesus, uma Marta servindo Jesus, um
Pedro e um João; mas
o melhor nome
para uma igreja
é "Todos os Santos".
Todos os crentes
devem ser santos,
e todos podem ser
santos. Não
temos nenhuma ligação com "os santos
dos últimos dias",
mas amamos os santos
de todos os dias.
Ai, que haja mais
deles! Se Deus nos
ajudar para que assim toda a companhia
de fiéis, cada um
individualmente, chegue à plenitude da estatura
de um homem
em
Cristo Jesus, então veremos coisas
maiores do que
essas. Tempos gloriosos
virão, quando os crentes
tiverem caráter glorioso.
Igrejas que conheçam a verdade, bem instruídas nas coisas
de Deus
Queremos também
igrejas que
conheçam a verdade e sejam bem
instruídas nas coisas de Deus. O que é que algumas pessoas
cristãs conhecem? Elas vêm e ouvem, e,
na plenitude de sua
sabedoria, você
os instrui, mas quão
pouco recebem para
armazenar para a edificação! Irmãos,
em parte
a falta é nossa,
e em parte
deles mesmos. Se ensinássemos melhor, eles
aprenderiam melhor. Veja quão pouco muitos professores
sabem, não o suficiente
para lhes dar discernimento entre verdade viva e erro mortal. Os crentes
de antigamente podiam lhe dizer o capítulo e versículo
para o que eles criam, mas
restam poucos desses! Nossos veneráveis avós estavam à vontade,
sentiam-se confortáveis quando conversavam sobre
"as alianças". Amo homens que amam a aliança
da graça, e baseiam nela sua teologia: a
doutrina das alianças
é a chave da teologia.
Aqueles que
temiam ao Senhor falavam muito
um com
o outro.
Costumavam
falar da vida
eterna e de tudo
que vem dela. Eles
tinham um bom
argumento para
essa crença e uma excelente
razão para
aquela outra doutrina;
tentar abalá-los não
era de modo
algum tarefa
que trouxesse esperança
de sucesso: era
tão passível
de esperança como
sacudir os pilares
do universo, porque
eles eram firmes
e não podiam ser
levados levianamente
por todo
vento de doutrina.
Sabiam o que conheciam, sabiam seguramente aquilo
que tinham aprendido. O que vai acontecer com nosso país, com a atual chuva forte de romanismo despejando-se sobre
nós por
meio do partido
ritualista, a não
ser que
nossas igrejas tenham abundância
de crentes firmes
que possam discernir
entre a regeneração
do Espírito Santo
e seu substituto
cerimonial? O que
acontecerá com nossas igrejas nesses dias
de ceticismo quando
se aponta toda verdade
fixada com o dedo
da dúvida, a não
ser que nosso povo
tenha as verdades do evangelho escritas
em seus
corações? Ah, por
uma igreja de crentes
absolutos, impenetráveis
à dúvida que
destrói a alma, que
se derrama abundantemente sobre nós!
Uma igreja de natureza
missionária
Mas
nem isso
alcançaria nosso ideal.
Queremos uma igreja de natureza missionária
que sairá para
reunir o povo
para Deus em todas as partes
do mundo. A igreja
é uma companhia de salvar
almas ou
não é nada.
Se o sal não
exerce influência preservadora sobre
aquilo que
o rodeia, qual
é a utilidade dele? Contudo,
alguns recuam de qualquer
esforço em
sua vizinhança
imediata por
causa da pobreza
e vício do povo.
Lembro-me de um pastor
já morto,
sob muitos
aspectos era
um homem
muito bom,
mas deixou-me muito
surpreso com
a resposta que
deu a uma pergunta minha.
Ao comentar que
ele tinha
uma vizinhança feia
em redor
de sua capela,
disse: "Será que você
pode fazer muita
coisa por eles?".
Ele respondeu: "Não,
sinto-me quase contente
por ficarmos afastados deles; pois veja, se alguns
deles fossem convertidos, seria um terrível peso sobre nós".
Eu sabia que
ele era
o próprio espírito
de cautela e prudência,
mas essa resposta
me assustou e busquei uma explicação. Ele
disse: "Bem, nós
teríamos que mantê-los, em sua maioria são ladrões e meretrizes
que se forem convertidos não têm meios para viver, somos um povo pobre e não
poderíamos sustentá-los"! Ele era um homem devoto com quem era proveitoso conversar, ainda assim era dessa
forma que
encarava os fatos. Seu
povo tinha
dificuldade em
cobrir as despesas
do culto, assim
a fria penúria
reprimiu um zelo
gracioso e congelou a corrente
amável de sua
alma. Houve bastante
bom senso
no que disse, mas
ainda assim
era uma coisa
terrível dizê-lo. Queremos um povo que não cante para sempre,
Somos um jardim
cercado,
Uma terra escolhida e especial;
Um pequeno
ponto de graça,
Neste mundo deserto
e solitário.
Pode
ser um verso para se cantar ocasionalmente,
mas não
quando quer
dizer: "Somos muito
poucos e desejamos ser
assim". Não,
não, irmãos!
somos um destacamento
dos soldados do Rei,
detidos em
um país
estrangeiro, em
serviço de guarda;
contudo, não
tencionamos apenas guardar
o forte, mas
acrescentar território
ao domínio de nosso
Senhor. Não
estamos aqui para
ser expulsos;
ao contrário, vamos expulsar
os cananeus, pois
essa terra nos
pertence, foi-nos dada
pelo Senhor, e a
conquistaremos. Possamos estar animados
pelo espírito
de descobridores e conquistadores e que nunca
descansemos enquanto ainda houver uma classe para ser salva,
uma região para
ser evangelizada!
Como homens em um
salva-vida remamos em um mar bravio e nos
apressamos em direção
ao naufrágio ali
adiante, onde
homens estão perecendo. Se não conseguirmos trazer os restos do navio
naufragado à terra, pelo menos, pelo poder
de Deus, salvaremos os que estão perecendo, salvaremos vidas
e conduziremos os remidos às praias da
salvação. Nossa missão,
como a de nosso
Senhor, é reunir os
escolhidos de Deus dentre
os homens para
que possam viver
para a glória
de Deus. Todo
homem salvo
deve ser, sob
o comando de Deus,
um salvador,
e a igreja não
está em seu
estado certo
até que
tenha alcançado essa compreensão. A igreja eleita é salva
para que
possa salvar, purificada para
que possa purificar,
abençoada para que
possa abençoar. O mundo
inteiro é o campo,
e todos os membros
da igreja devem trabalhar
nele para o grande
Agricultor. Terras
incultas serão recuperadas, as
improdutivas serão rasgadas pelo arado, até
que o lugar
solitário comece a florir
como a roseira.
Não podemos ficar
contentes em
nos manter onde estamos, precisamos invadir
os territórios do príncipe
das trevas.
Somos servos
Meus
irmãos, qual
é nossa relação
com essa igreja?
Qual é nossa
posição nela? Nós
somos servos. Possamos sempre reconhecer nosso lugar e
guardá-lo! O lugar mais
alto na igreja
sempre virá para
o homem que
voluntariamente escolhe o mais baixo. Enquanto
ele aspira ser
grande entre
seus irmãos,
declina até chegar
a ser o menor
de todos. Certos
homens poderiam ter
sido alguma coisa se já
não se tivessem julgado ser
isso. Um
homem que
conscientemente se acha
grande, com
certeza é pequeno.
Aquele que
se considera senhor da herança
de Deus é um
vil usurpador.
Aquele que
em seu
coração e alma
está sempre pronto
a servir o menos
importante da família,
que espera que outros tirem
vantagem dele e está disposto a sacrificar o bom nome e a amizade por amor a Cristo, este cumprirá um
ministério enviado
dos céus. Não
somos enviados para
ser servidos, mas
para servir, para ministrar. Cantemos ao
Bem-Amado:
Não há um
cordeiro em todo teu rebanho,
Que eu
desprezaria alimentar;
Não há um
inimigo diante
de cuja face
Eu temeria tua causa
defender.
Ser exemplos
para o rebanho
Também
precisamos ser exemplos
para o rebanho. Aquele
que não
pode ser imitado com
segurança não
deve ser tolerado em
um púlpito.
Se já ouvi falar
de um ministro
que estava sempre
disputando a primazia? Ou de outro que era maldoso e ambicioso?
Ou de um
terceiro cuja
conversação não
era sempre
pura? Ou
de um quarto que tinha por hábito não se levantar antes das onze horas
da manhã? Minha
esperança é que
este último boato seja completamente
falso. Um
ministro ocioso--o que
será dele? Um pastor
que negligencia seu
ofício? Ele
espera entrar no céu? Estava para dizer: "Se ele
vai para lá sob qualquer condição, que
vá logo". Um
pastor preguiçoso
é uma criatura desprezada pelos homens e
detestada por Deus.
Disse para um
fazendeiro: "Você
dá cento e cinqüenta reais por ano para seu ministro! Ora, o pobre homem não
consegue viver com
isso". A resposta
foi: "Olhe aqui, senhor!
Eu lhe
digo: o que nós
lhe damos é muito
mais do que
ele merece ganhar".
É
uma tristeza quando
isso pode ser
dito, é uma injúria
a todos aqueles
que seguem nossa
sagrada vocação.
Devemos ser exemplos
para o nosso rebanho em todas as coisas. Devemos superar em toda diligência, toda
bondade, toda
humildade e toda
santidade. Quando
César entrou em suas
guerras, uma coisa
sempre ajudou seus
soldados a suportar
as dificuldades, sabiam que César passava o mesmo
que eles.
Ele marchava se eles
marchavam, ele passava sede se eles
passavam sede, e ele
estava sempre no cerne
da batalha se eles
estavam lutando.
Se
nós somos oficiais do exército de Cristo, devemos fazer mais do que os outros.
Não podemos dizer: "Vão em frente", e sim: "Venham comigo".
Nosso povo com razão deve esperar de nós, no mínimo, que estejamos entre os que
mais se sacrificam, os mais laboriosos, os mais sérios e zelosos e algo mais.
Não podemos esperar ver igrejas santas se nós, que devemos dar exemplo, não
somos santificados. Se há em quaisquer de nossos irmãos consagração e
santificação evidente a todos os homens, Deus os tem abençoado e os abençoará
cada vez mais. Se não temos isso, não precisamos buscar longe para encontrar a
causa de nossa falta de sucesso.
Tenho
ainda muitas coisas que lhes dizer, mas vocês não o podem suportar agora, pois
já falei por muito tempo e vocês estão cansados. Desejo, contudo, se vocês
puderem reunir sua paciência e forças, demorar-me um pouco na parte mais
importante de meu tema triplo. Aqui, permitam-me orar pelo auxílio daquele cujo
nome e pessoa eu quero engrandecer. Vem, Espírito Santo, Pomba celeste, e
descanse sobre nós nesta hora!
Nossa Força
Espírito Santo
ADMITINDO que pregamos somente a Palavra, que
estamos cercados por uma igreja modelo, o que para nosso pesar não é sempre o
caso; mas, admitindo que seja assim, a seguir, devemos considerar NOSSA FORÇA.
Ela deve vir do ESPÍRITO DE DEUS. Cremos no Espírito Santo e em nossa absoluta
dependência dele. Cremos, mas será que cremos na prática? Irmãos, em
relação a nós mesmos e nosso trabalho será que cremos no Espírito Santo? Será
que cremos por que temos o hábito de provar a verdade da doutrina? Precisamos
depender do Espírito em nossa preparação. Será que isso é o que acontece
com todos nós? Será que você tem o hábito de buscar o significado dos textos
por meio da direção do Espírito Santo? Todo homem que vai à terra do
conhecimento celestial precisa conquistar seu caminho para lá, mas precisa
conquistá-lo pela força do Espírito Santo ou chegará a alguma ilha do mar da
imaginação e nunca alcançará as terras sagradas da verdade. Você não conhece a
verdade, meu irmão, por que leu Hodge's Outlines [Os esboços de Hodge],
ou Fuller's Gospel worthy of all Acceptation [O evangelho de Fuller digno de
toda aceitação] ou Owen on the Spirit [Owen no Espírito], ou
qualquer outro clássico de nossa fé. Você não sabe a verdade, meu irmão,
meramente por que você aceitou a Confissão de Westminster e a estudou toda.
Não, nós nada sabemos até que o Espírito Santo nos ensine, pois ele sussurra em
nosso coração, não em nossos ouvidos. Um fato maravilhoso é que nem ouvimos a
voz de Jesus até que o Espírito repouse sobre nós. João diz: "No dia do
Senhor achei-me no Espírito e ouvi por trás de mim uma voz forte" (Ap 1.10).
Ele não ouviu aquela voz até que estivesse no Espírito. Quantas palavras
celestiais deixamos de escutar porque não permanecemos no Espírito!
Não
podemos ter êxito em súplicas a não ser que o Espírito Santo ajude nossas
enfermidades, porque a verdadeira oração é orar "no Espírito Santo"
(Jd 1.20). O Espírito cria uma atmosfera em torno de cada oração viva, e ele
vive e prevalece nesse ambiente; fora dele, a oração é uma formalidade morta.
Quanto a nós mesmos, portanto, temos de depender do Espírito Santo em nosso
estudo, em nossa oração, em nosso pensamento, em nossa palavra e em nossa ação.
No púlpito, descansar real e verdadeiramente no auxílio do Espírito
No púlpito descansamos real e
verdadeiramente no auxílio do Espírito. Não censuro nenhum irmão por sua maneira de
pregar, mas preciso confessar que me parece muito estranho quando um irmão ora
para que o Espírito Santo possa ajudá-lo na pregação, e depois o vejo tirar um
manuscrito do bolso, arrumado de tal modo que possa pô-lo no centro de sua
Bíblia, e lê-lo sem que ninguém veja. Essa precaução para assegurar discrição
dá a entender que o homem estava com um pouco de vergonha de ler o papel; mas
eu acho que ele deveria ficar mais envergonhado de suas precauções. Ele espera
que o Espírito de Deus o abençoe enquanto pratica um truque? E como Deus pode
ajudá-lo quando ele lê sua pregação o que qualquer outra pessoa poderia fazer
sem o auxílio do Espírito? O que o Espírito Santo tem a ver com essa atitude?
De fato, ele pode ter tido algo que ver com a composição do manuscrito, mas no
púlpito seu auxílio é supérfluo. O mais verdadeiro seria agradecer o Espírito
pelo auxílio prestado e pedir que aquilo que nos capacitou, a pôr naquele papel
que trazemos no bolso, possa agora entrar nos corações das pessoas. Ainda
assim, se o Espírito Santo tivesse qualquer coisa para dizer às pessoas que não
estivesse naquele pedaço de papel como poderá dizê-lo por meio de nós?
Parece-me que ele efetivamente ficou bloqueado quanto à novidade da palavra
falada por meio desse método utilizado. Contudo, não me cabe censurar, embora
silenciosamente possa pedir liberdade no profetizar e ensejo para o Senhor nos
dar naquela mesma hora o que falar.
Depender do Espírito de Deus em nossos resultados
Além disso, precisamos depender do Espírito
de Deus em nossos resultados. Nenhum homem dentre nós realmente acha que poderia
regenerar uma alma. Não somos tão tolos a ponto de reivindicar poder para mudar
um coração de pedra. Talvez não ousemos presumir algo tão grandioso, contudo,
podemos achar que, pela nossa experiência, podemos ajudar as pessoas a passar
por suas dificuldades espirituais. Será que podemos? Podemos ter esperança que
nosso entusiasmo mova a igreja viva diante de nós e empurre o mundo morto para
trás de nós. Isso pode acontecer? Quem sabe, imaginamos que se pudéssemos
apenas conseguir um avivamento, poderíamos facilmente assegurar um
grande acréscimo à igreja? Vale à pena conseguir um avivamento? Os verdadeiros
avivamentos não são presenteados?
Podemos
nos persuadir que tambores e trompetes e gritos farão muito. No entanto, meus
irmãos, "o SENHOR não estava no vento" (1Rs 19.11). Resultados que
valem à pena vêm daquele silencioso, mas onipotente Obreiro, cujo nome é o
Espírito de Deus: nele, e somente nele, precisamos confiar para a conversão de
uma única criança da escola dominical e para todo avivamento genuíno. Devemos
olhar para ele para conservar nosso povo junto e edificá-los em um templo
santo. O Espírito poderia dizer, assim como disse nosso Senhor: "Sem mim
vocês não podem fazer coisa alguma" (Jo 15.5).
O
que é a igreja de Deus sem o Espírito Santo? O que seria o Hermom sem o orvalho
ou o Egito sem o Nilo? Veja a terra de Canaã, quando a maldição de Elias caiu
sobre ela, por três anos não sentiu orvalho nem chuva: assim seria o
cristianismo sem o Espírito. O que os vales seriam sem seus córregos, ou as
cidades sem seus poços, o que os campos de milho seriam sem o sol, ou a safra
de vinho sem o verão--assim seriam nossas igrejas sem o Espírito. Como não
podemos pensar no dia sem luz, na vida sem respiração, no céu sem Deus, também
não podemos pensar no culto cristão sem o Espírito Santo.
Nada
pode substituí-lo: os pastos são um deserto, os campos frutíferos são áridos, o
Sarom definha e o Carmelo é consumido pelo fogo. Bendito Espírito do Senhor,
perdoa-nos por tê-lo desprezado, por tê-lo esquecido, por nosso orgulho
auto-suficiente, por resistir a sua influência e apagar seu fogo! Daqui em
diante opere em nós de acordo com sua excelência. Faça nosso coração ternamente
impressionável, depois nos faça como cera para o sinete e estampe em nós a
imagem do Filho de Deus. Com tal oração e confissão de fé, deixe-nos perseguir
nosso objetivo no poder do bom Espírito de quem falamos.
O
que o Espírito Santo faz? Amado, que boa ação ele não faz? Ele desperta,
convence, ilumina, limpa, guia, preserva, consola, confirma, aperfeiçoa e usa.
Quanto pode ser dito de cada uma dessas ações! É ele quem opera em nós para o
querer e o fazer. Ele que operou todas as coisas é Deus. Glória seja dada ao
Espírito Santo por tudo que realizou em naturezas tão pobres e imperfeitas como
a nossa! Nada podemos fazer à parte da seiva de vida que flui para nós de
Jesus, a Videira. Aquilo que é de nós mesmos só serve para nos causar vergonha
e confusão. Não damos um passo em direção ao céu sem o Espírito Santo. Não
guiamos outros para o caminho do céu sem o Espírito Santo. Não temos nenhum
pensamento aceitável, nem palavra, nem ato sem o Espírito Santo. Mesmo o
levantar dos olhos e da esperança ou a oração exclamatória que exprime o desejo
do coração deve ser obra dele. Todas as coisas boas, do começo ao fim, vêm dele
e por meio dele. Não há risco de exagero aqui. Contudo, será que traduzimos
essa convicção em nossa conduta atual?
Em
vez de me estender sobre o que o Espírito de Deus faz, deixe-me recorrer a sua
experiência e fazer uma ou duas perguntas. Você lembra de ocasiões em que o
Espírito de Deus esteve graciosamente presente, em plenitude de poder, com você
e seu povo? Bons tempos aqueles! Aquele Dia do Senhor foi um dia elevado.
Aqueles cultos pareciam com a adoração de Jacó quando disse: "Sem dúvida o
SENHOR está neste lugar!". Que sinalização mútua há entre o pregador no
Espírito e o povo no Espírito! Seus olhos parecem nos falar tanto quanto nossas
línguas falam a eles. Nesse momento, eles são um povo muito diferente do que em
ocasiões comuns: há até beleza em seus rostos enquanto glorificamos ao Senhor
Jesus, e eles se deleitam e sorvem nosso testemunho.
Você
já viu um senhor da escola moderna apreciar a própria pregação? Nossos
pregadores evangélicos estão muito felizes em pregar aquilo que nossos amigos
liberais gostam de chamar de "seus chavões"; mas os modernos, em sua
sabedoria, não sentem tal alegria. Você pensa que por trás do ardor com que
nossos amigos galeses dizem "Tintim!" há um Decadente? Com que
seriedade eles dissertam sobre a teoria Pós-Exílica! Lembram-me a
expressão de Ruskin: "Turner não teve alegria com seu moinho".
Admito, não há nada para se alegrar, e evidentemente eles ficam contentes em
terminar sua tarefa de empilhar ossos descarnados. Eles estão em pé diante de
uma manjedoura vazia, divertindo-se em ser sarcásticos em relação a essa
manjedoura que é deles também. Terminam sua pregação e estão bastante
entorpe-cidos, até que chegue a segunda-feira com alguma partida de futebol, ou
um entretenimento na sala de aula ou uma reunião política. Para eles pregar é
"trabalho", embora não se empenhem muito nesse trabalho.
Os
velhos pregadores e alguns daqueles que vivem hoje, chamados de
"obsoletos", pensam no púlpito como um trono ou uma carruagem
triunfal e que estão perto do céu quando são ajudados a pregar com poder.
Pobres tolos que somos, pregando nosso evangelho "antiquado"! Nós
gostamos da tarefa. Nossas doutrinas melancólicas nos fazem muito felizes.
Estranho, não é? É claro que o evangelho é tutano e gordura para nós, e nossas
crenças--embora, com certeza, sejam muito absurdas e nada filosóficas--nos
satisfazem e nos deixam muito confiantes e felizes.
Sobre
alguns de meus irmãos, posso dizer que seus olhos parecem faiscar e suas almas
brilhar, enquanto descortinam a graça gratuita e o amor vicário. Assim, irmãos,
quando Deus está presente, nós e nossos ouvintes somos transportados em deleite
celestial. E isso não é tudo. Quando o Espírito de Deus está presente, cada
santo ama seu irmão santo, e não há disputa entre nós a não ser para ver quem é
o mais amável. Portanto, a oração é lutar e prevalecer, e o ministério é semear
boa semente e colher grandes braçadas. Assim, as conversões são numerosas, as
restaurações abundantes e por toda parte são vistos avanços na graça. Aleluia!
Com o Espírito de Deus vai tudo bem.
Mas
você conhece a condição oposta? Espero que não. É morte em vida. Espero que
você nunca, em seus experimentos científicos, tenha sido suficientemente cruel
para pôr um ratinho em uma bomba de ar e aos poucos exauri-lo. Eu li sobre esse
experimento fatal. Pobre ratinho! À medida que o ar fica cada vez mais
rarefeito seu sofrimento aumenta, e quando o ar acaba, ele cai morto. Você já
não esteve em uma bomba de ar em que se sentiu exausto espiritualmente? Você só
esteve ali o tempo suficiente para perceber que quanto mais cedo escapasse,
melhor.
Um
dia desses, uma pessoa me disse: "Bem, quanto ao sermão que ouvi do divino
pensador moderno não houve grande mal nele, porque nessa ocasião ele se manteve
longe da falsa doutrina, mas toda a experiência foi intensamente fria. Senti-me
como o homem que cai na fissura de uma geleira: confinado como se não pudesse
respirar o ar do céu." Você conhece aquele frio ártico que ocasionalmente
pode ser sentido mesmo quando a doutrina é sólida. Quando o Espírito de Deus se
foi, mesmo a verdade se torna um iceberg. É terrível uma religião fria e
sem vida! O Espírito Santo se foi, e levou toda energia e entusiasmo. A cena
fica como aquela descrita no poema The Ancient Mariner [A balada do velho
marinheiro], quando o navio estava em uma calmaria:
O próprio abismo apodrecia... Como, ó Cristo,
Aquilo foi se dar?
Coisas viscosas e com pernas rastejavam
Sobre o viscoso mar
Dentro do navio tudo era morte. E já vimos isso na igreja. Sou tentado a usar
os versos de Coleridge em relação ao muito que pode ser visto nessas igrejas
que merecem o nome de congregações de mortos. O poeta descreve como os corpos
dos mortos eram inspirados e o navio prosseguia, cada morto cumpria seu ofício
de forma morta e formal:
Manobra o Timoneiro, a nave se desloca,
E sem nenhuma aragem;
Os marujos se põem a trabalhar nas cordas,
E tal como antes agem;
Instrumentos sem vida tornam-se seus membros...
Que tétrica equipagem!
Faltava qualquer viva camaradagem, pois o velho marinheiro diz:
Postado frente a mim, puxando a mesma corda,
Era-me companhia,
Joelho com joelho, o corpo de um sobrinho;
Mas nada me dizia.
Algo semelhante acontece naquelas
congregações "respeitáveis" em que ninguém conhece ninguém e um digno
isolamento toma o lugar de toda santa comunhão. Para o pregador, se ele é o
único ser vivo na congregação, a igreja produz uma triste comunidade. Seus
sermões caem em ouvidos moucos.
Plácida a noite, era alta a lua; e vi reunidos os mortos nesse instante.
Todos de pé lá no convés, que deveria Ossário se chamar;
Todos em mim fixavam seu olhar de pedra, Que brilhava ao luar.
Sim,
o frio e melancólico luar do pregador, cai sobre faces que são semelhantes a
essa luz. O discurso impressiona seus intelectos impassíveis e fixa seus olhos
duros como pedra; exceto o coração! Bem, o coração não está em voga nessas
paragens. O coração é para o reino da vida; mas sem o Espírito Santo o que as
congregações conhecem da vida verdadeira? Se o Espírito Santo se foi, a morte
reina, e a igreja é um sepulcro. Portanto, precisamos rogar que ele habite em
nós, e não podemos descansar até que ele faça isso. Ó irmãos, que não seja eu
quem fale com vocês sobre isso, para depois permitir que o assunto morra; mas
que cada um de nós busque com o coração e a alma para que o poder do Espírito
Santo habite em nós.
A certeza da presença do Espírito Santo
Temos recebido o Espírito Santo? Ele
está conosco agora? Se esse é o caso, como podemos ter certeza de sua
presença no futuro? Como podemos compeli-lo a habitar em nós?
Primeiro,
trate-o como deve ser tratado. Adore-o como o Senhor Deus digno de
adoração. Nunca trate o Espírito Santo como se fosse um objeto, nem fale dele
como se fosse uma doutrina, uma influência ou um mito ortodoxo. Reverencie o
Espírito, ame-o, e creia nele com confiança familiar, porém reverente. Ele é
Deus, deixe-o ser Deus para você.
Aja
em conformidade com a obra dele. O marinheiro que vai para o leste não pode
criar os ventos a seu bel-prazer, mas ele sabe quando os ventos alísios sopram
e aproveita a estação para imprimir velocidade a sua embarcação. Saia ao mar em
santo empreendimento quando o vento celestial está a seu favor. Aproveite a
maré sagrada enquanto ela avança. Aumente suas reuniões quando sente que o
Espírito de Deus as abençoa. Insista na verdade com mais veemência que nunca,
quando o Senhor abre ouvidos e corações para aceitá-la. Você logo aprenderá a
conhecer quando há orvalho em volta--valorize a graciosa visitação. O
fazendeiro diz: "Trabalha enquanto é dia". Você não pode fazer o sol
brilhar; isso está completamente fora de seu alcance; mas você pode usar o sol
enquanto brilha. "Assim que você ouvir um som de passos por cima das
amoreiras, saia rapidamente" (2Sm 5.24). Seja diligente na estação e fora
dela, mas em uma estação cheia de vida seja duplamente laborioso.
Sempre
ao começar, continuar e terminar qualquer e toda boa obra, dependa
conscientemente e em verdade do Espírito Santo. Até a consciência de sua
necessidade dele, ele precisa lhes dar, e as orações com que suplicam por sua
presença devem partir dele. Vocês estão empenhados em um trabalho tão espiritual,
tão acima de todo poder humano que esquecer-se do Espírito é certeza de
derrota. Façam o Espírito Santo ser o sine qua non de seus esforços, e
digam a ele: "Se não fores conosco, não nos envies" (Êx 33.15).
Descansem
apenas nele e reservem para ele toda a glória. Lembrem-se especialmente
disso, porque esse é um ponto delicado para ele: ele não dará sua glória a
outro. Tenham o cuidado de louvar o Espírito de Deus do fundo do coração, e
gratamente se admirem de que ele aceite trabalhar a seu lado. Agradem-no ao
glorificar Cristo. Honrem-no ao ceder sua pessoa aos impulsos dele e ao odiar
tudo que o entristece. A consagração de todo seu ser é o melhor salmo que pode
fazer em louvor dele.
Há
algumas coisas de que gostaria que se lembrassem, depois termino. Lembrem-se, o
Espírito Santo tem seus meios e métodos, e há algumas coisas que ele não fará.
Lembrem-se, ele não faz nenhuma promessa de abençoar acordos. Se
fizermos acordo com o erro ou o pecado, é por nossa conta e risco. Se fazemos
qualquer coisa sobre a qual não temos clareza, se manipulamos a verdade ou a
santidade, se somos amigos do mundo, se fazemos provisão para carne, se
pregamos com desânimo ou fazemos pacto com engana-dores, não temos nenhuma
promessa de que o Espírito Santo está conosco. A grande promessa vai em outra
direção: "'Saiam do meio deles e separem-se', diz o Senhor. 'Não toquem em
coisas impuras, e eu os receberei e lhes serei Pai, e vocês serão meus filhos e
minhas filhas', diz o Senhor todo-poderoso" (2Co 6.17,18).
No
Novo Testamento apenas em um único lugar, com exceção do Livro de Apocalipse,
Deus é chamado de "Senhor todo-poderoso" (2Co 6.18). Se você quer
saber que grandes coisas o Senhor pode fazer como Senhor Todo-Poderoso,
separe-se do mundo e daqueles que apostatam da verdade. O título "Senhor
todo-poderoso" é citado do Antigo Testamento. "El Shaddai",
Deus Todo-suficiente, o Deus de muitos ventres. Não conheceremos o poder
supremo de Deus para suprir todas nossas necessidades até que cortemos de vez a
ligação com tudo que não está de acordo com a mente dele.
Abrão
foi grande quando disse ao rei de Sodoma: "Não aceitarei nada"--, uma
veste babilônica ou uma cunha de ouro? Não, não. Ele disse: "Não aceitarei
nada do que lhe pertence, nem mesmo um cordão ou uma correia de sandália"
(Gn 14.23). Esse foi o "corte pela raiz". O homem de Deus não aceita
ter nada com Sodoma nem com a falsa doutrina. Se você vir qualquer coisa má,
corte-a pela raiz. Afaste-se daqueles que afastaram a verdade. Então você está
preparado para receber a promessa, não antes disso.
Irmãos
amados, lembrem-se, onde houver grande amor, com certeza, haverá grande ciúme.
"Amor é tão forte quanto a morte" (Ct 8.6). O que vem em seguida?
"O ciúme é tão inflexível quanto a sepultura". "Deus é
amor" (1Jo 4.8,16) e exatamente por essa razão "o SENHOR, o seu Deus,
é Deus zeloso; é fogo consumidor" (Dt 4.24). Passe longe de tudo que
contamina ou entristece o Espírito Santo; pois se ele estiver aborrecido
conosco, logo passaremos vergonha diante do inimigo.
A
seguir, observe que ele não faz nenhuma promessa à covardia. Se você
permitir que o temor do homem o governe e desejar se salvar do sofrimento ou
ridículo, encontra pouco conforto na promessa de Deus: "Pois quem quiser
salvar a sua vida, a perderá" (Mt 16.25). As promessas do Espírito Santo
para nós, em nossa guerra, são para aqueles que se portam como homens e pela fé
são tornados corajosos na hora do conflito. Desejo que cheguemos a esse ponto,
desprezando o ridículo e a calúnia.
Ah,
esquecer de si mesmo como aquele mártir italiano de quem Foxe fala!
Condenaram-no a ser queimado vivo, e ele ouviu a sentença calmamente. Mas
queimar mártires, por mais deleitável que seja também é caro; e o prefeito da
cidade não tinha interesse em pagar pela lenha, e os sacerdo-tes que o haviam
acusado também queriam fazer o trabalho sem ter despesa. Por isso, tiveram uma
briga feia, e lá estava de pé e quieto o pobre homem para quem essa lenha era
destinada, ouvindo as mútuas recriminações daquelas autoridades. Vendo que não
podiam resolver o assunto, ele disse: "Senhores, acabarei com sua disputa.
É pena que qualquer dos senhores precisem gastar tanto com lenha para me
queimar, assim, por amor a meu Senhor, pagarei pela lenha que me vai queimar,
se me permitem."
Eis
um lindo exemplo de escárnio, bem como de mansidão. Não sei se teria pago
aquela conta; mas tenho me sentido inclinado a sair um pouco do caminho para
ajudar os inimigos da verdade, para que encontrem combustível para suas
críticas contra mim. Sim, sim; serei ainda pior, lhes darei mais para reclamar.
Por amor a Cristo, vou até o fim com a controvérsia e nada farei para aquietar
a ira deles. Irmãos, se vocês adornarem um pouco, se tentarem salvar um pouco
de sua reputação junto aos homens da apostasia, isso é ruim para vocês. Aquele
que se envergonha de Cristo e de sua Palavra nesta geração má verá que, no fim,
Cristo se envergonha dele.
Serei
muito breve sobre esses pontos. Depois, lembre-se, o Espírito Santo nunca
põe seu selo sobre a mentira. Nunca! Se o que você pregar não for verdade,
Deus não reconhecerá isso. Prestem muita atenção a isso.
Além
disso, o Espírito Santo nunca põe sua assinatura em um papel em branco.
Isso seria falta de prudência no homem, e o santo Senhor não faria tal tolice.
Se não pregarmos uma doutrina clara com discurso inteligível, o Espírito Santo
não assinará tagarelice vazia. Se não fizermos claramente nossa apresentação de
Cristo, e de Cristo crucificado, podemos dar adeus ao sucesso verdadeiro.
Depois,
lembre-se, o Espírito Santo nunca sanciona o pecado; e abençoar o
ministério de alguns homens seria sancionar o mau caminho. "Sejam puros,
vocês, que transportam os utensílios do Senhor" (Is 52.11). Que seu
caráter corresponda a seu ensino, e que sua igreja seja purgada dos
transgressores que erram abertamente, para que o Espírito Santo não rejeite seu
ensino, não pelo ensino em si, mas por causa do mau cheiro da vida impura que o
desonra.
Lembre-se,
também, ele nunca incentiva o ócio. O Espírito Santo não nos resgatará
da negligência voluntária da Palavra de Deus e do estudo. Se passamos a semana
toda de lá para cá, sem nada fazer, não podemos subir ao púlpito e pensar que o
Senhor está lá para nos dizer sobre o que devemos falar. Se fosse prometido
auxílio a tais pessoas, então quanto mais preguiçoso o homem, melhor seria o
sermão. Se o Espírito Santo trabalhasse apenas por meio de oradores
improvisados, quanto menos lêssemos nossas Bíblias e medi-tássemos sobre elas,
tanto melhor. Se fosse errado citar livros, não seria ordenado:
"Dedique-se à leitura" (1Tm 4.13). Tudo isso é um absurdo óbvio, e
nenhum de vocês acredita em tal ilusão. Com certeza, somos obrigados a meditar
muito e nos entregar inteiramente à Palavra de Deus e à oração, e quando nos
dedicamos a essas coisas podemos esperar a aprovação e cooperação do Espírito.
Devemos preparar o sermão como se tudo dependesse de nós e confiar no Espírito
de Deus, sabendo que tudo depende dele. O Espírito Santo não envia ninguém à
colheita para dormir entre os feixes, mas para suportar o peso do trabalho e o
calor do dia. É bom orarmos a Deus para que mande mais "trabalhadores"
para o vinhedo, pois o Espírito está com a força dos lavradores, mas não é
amigo dos ociosos.
Mais
uma vez, pondere, o Espírito Santo não nos abençoa para sustentar nosso
orgulho. É possível que desejemos uma grande bênção para que sejamos
considerados grandes homens? Isso atrapalha nosso êxito: a corda do arco está
avariada e a flecha cai para o lado. O que Deus faz com homens orgulhosos? Ele
os exalta? Creio que não. Herodes fez um discurso eloqüente e vestiu uma toga
de prata reluzente que brilhava ao sol, e quando o povo viu suas vestimentas e
ouviu sua voz charmosa, exclamou: "É voz de deus, e não de homem" (At
12.22), mas o Senhor o feriu, e ele foi comido por vermes. Vermes têm o direito
prescritivo de comer carne orgulhosa; e quando nos tornamos muito poderosos e
grandes, os vermes esperam fazer de nós uma refeição. "O orgulho vem antes
da destruição; o espírito altivo, antes da queda" (Pv 16.18). Conserve-se
humilde se quiser ter consigo o Espírito de Deus. O Espírito Santo não tem
prazer na oratória inflamada do soberbo. Como poderia? Você o imagina
sancionando linguagem bombástica? "Ande humildemente com o seu Deus"
(Mq 6.8), Ó, Pregador! pois não podes andar com ele de nenhuma outra maneira; e
se não andar com ele, teu andar será em vão.
Lembre-se,
de novo, o Espírito Santo não habita onde há contenda. Que sigamos em
paz com todos os homens e, especialmente, conservemos a paz em nossas igrejas.
Alguns de vocês ainda não foram favorecidos com essa bênção e é possível que
não seja sua culpa. Você herdou antigas contendas. Em muitas comunidades
pequenas, todos os membros da congregação são primos uns dos outros, e, em
geral, parentes concordam em discordar. Quando primos enganam primos, as
sementes do rancor são semeadas e embrenha-se até mesmo na vida da igreja. A
arrogância de seu antecessor pode criar muita disputa por anos. Ele era um
homem de guerra desde a mocidade e mesmo depois que se foi, os espíritos que
chamou de vasta profundeza ficaram para assombrar o local. Temo que você não
possa esperar muita benção, pois a Pomba Santa não habita águas turbulentas,
ela escolhe vir onde há amor fraternal. Arriscamos a paz pessoal por grandes
princípios e assuntos de disciplina santa, mas que não o façamos por nós mesmos
ou por nossos interesses.
Por
fim, lembre-se, o Espírito Santo só abençoa em conformidade com seu
propósito determinado. Nosso Senhor explica qual é esse propósito:
"Ele me glorificará" (Jo 16.14). Ele veio para essa grande finalidade
e não se contentará com nada menos que isso. Portanto, se não pregarmos Cristo,
o que o Espírito Santo fará com nossa pregação? Se não fizermos com que o
Senhor Jesus seja glorificado, se não o elevarmos alto na estima dos homens, se
não nos esforçarmos para fazê-lo Rei dos reis e Senhor dos senhores; não
teremos o Espírito conosco. Vãs são a retórica, a música, a arquitetura, a
energia e a posição social: se nosso projeto não for engrandecer o Senhor
Jesus, trabalhamos sozinhos e em vão.
Isso
é tudo que tenho a lhes dizer nesta hora, mas, irmãos queridos, isso é um
grande tudo se primeiro for considerado e depois executado. Que possa ter
efeito prático sobre nós! Terá, se o grande Operador usá-lo, e não o contrário.
Ó soldados de Jesus vão adiante com "a espada do Espírito, que é a palavra
de Deus" (Ef 6.17). Vão em frente, em companhia dos devotos a quem guiam,
e que todo homem seja forte no Senhor e na força do seu poder. Como homens
vivos que vêm da morte, vão em frente no poder vivificador do Espírito Santo,
vocês não têm outra força. Que a bênção do Deus Triúno repouse sobre vocês,
sobre cada um de vocês e todos, por amor do Senhor Jesus Cristo! Amém.