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domingo, 2 de setembro de 2012

800 CARLOS MAGNO É COROADO IMPERADOR


800


Carlos Magno é coroado imperador



A igreja e o Estado deveriam se unir?
No mundo antigo, todo Estado tinha deuses próprios, e o imperador romano era um deles. Ninguém separava a religião da política. Quando Constantino se converteu e levou o cristianismo ao império na condição de religião protegida, essa prática foi adotada pela igreja.
Mesmo depois da queda do império, muitas pessoas se apegaram à idéia de que deveria haver um império cristão. Mas quem seria seu líder? Seria um líder espiritual, o papa, ou a autoridade deveria ficar nas mãos de um rei? Durante a Idade Média, os líderes buscariam as respostas para essas perguntas.
Contudo, na metade do século viu, o papado já era bastante forte, mas ainda não tinha alcançado o objetivo de restaurar a ordem no mundo ocidental. Em 754, um documento forjado, denominado a Doação de Constantino, tentaria manter viva a idéia de um Império Romano. De acordo com a Doação, o imperador romano Constantino se mudara para Constantinopla a fim de permitir que o papa controlasse o Ocidente. Constantino teria deixado propositadamente essa parte do império nas mãos do bispo de Roma.
Seguindo as idéias da Doação de Constantino, o rei franco Pepino 111, filho de Carlos Martelo, decidiu tomar Ravena da mão dos lombardos e a entregou ao papa. Em 756, a Doação de Pepino passava às mãos do papa as terras que, mais tarde, seriam conhecidas por Estados papais.
Embora o papa tivesse recebido territórios, ele nunca alcançou, de forma direta, o controle imperial. Este ficaria nas mãos do filho de Pepino, Carlos Magno.
Ao assumir o trono, em 771, Carlos Magno deu início a três décadas de conquistas. Ele expandiu as fronteiras de seu reino para o leste e, no final do seu reinado, controlava a maior parte da Itália, a Borgonha, a Alemanha, a Bavária e a Turgínia. No lado norte, tinha poder sobre a Saxônia e a Frísia. A leste dessas regiões, criou territórios com organizações militares especiais chamadas marches. Elas se estendiam do mar Báltico ao Adriático. Pela primeira vez, considerável parte da Europa possuía liderança estável.
Até o Natal do ano 800, Carlos Magno possuía o título de "rei". Naquela data, o papa Leão u o coroou imperador. Mais uma vez, parecia que a Europa Ocidental tinha um imperador para seguir os passos de Constantino.
Carlos Magno levou a sério a idéia de que ele se tornara um imperador cristão, pois todos os seus despachos oficiais se iniciavam da seguinte maneira: "Carlos, pela vontade de Deus, imperador romano".
A imagem do novo imperador era impressionante: alto, forte, grande cavaleiro, lutador destemido e, em alguns momentos, cruel. Ele concedeu à Europa uma figura paterna poderosa, mas benevolente.
Carlos Magno não queria perder seu poder de forma alguma. O imperador de Constantinopla não representava qualquer tipo de problema, pois reconheceu oficialmente os direitos de Carlos Magno. Contudo, os que permaneciam sob seu poder e até mesmo o papa poderiam querer tirar um pouco da sua autoridade. Como seu império era bastante amplo, Carlos Magno indicou um grupo de oficiais conhecidos por missi dominici. Esses homens viajavam pelo império para verificar como estavam os oficiais locais. Nem mesmo o papa conseguiria esconder-se de seus olhos atentos, e os missi dominici tinham autoridade sobre a igreja e o Estado.
Embora possuísse pouca instrução, Carlos Magno tinha alta estima pelo conhecimento. Sob seu governo pacífico, aconteceu um despertamento da arte e da erudição, conhecido por Renascimento carolíngio. O imperador patrocinou uma escola palaciana em Aachen. Alcuíno, brilhante estudioso anglo-saxão, foi professor ali. Ele exortava seus estudantes com as seguintes palavras: "Os anos correm como água. Não desperdicem os anos do aprendizado com a indolência". Alcuíno escreveu livros textos sobre gramática, ortografia, retórica e lógica. Escreveu também comentários bíblicos e assumiu o lado ortodoxo em muitos debates teológicos.
A escola de Aachen não apenas estimulou a instrução por todo o império, mas levou Carlos Magno a decretar que todo mosteiro deveria ter uma escola na qual se ensinasse "todos os que, com a ajuda de Deus, fossem capazes de aprender".
O Renascimento carolíngio preservou muitos escritos do mundo antigo. Como os monges faziam copias de obras latinas antigas — algumas delas maravilhosamente ilustradas — os mosteiros se tornaram "bancos culturais". Em muitos casos, sem o trabalho desses monges, as obras antigas teriam sido perdidas.
Em uma era de confusão e de guerra, o governo de Carlos Magno forneceu a necessária estabilidade política e incentivou a cultura. Ele assegurou que o Ocidente manteria o legado de sua cultura antiga, que o cristianismo se espalharia pelo império e que o clero pregaria sobre os elementos básicos da fé. Também deu sua proteção ao papa.
Carlos Magno, porém, não via razão para dar ao papa seu poder. Afinal, ele não fora um imperador cristão cuja lealdade máxima era devida a Deus? Na verdade, essa figura formidável não se submeteu a mais ninguém, senão a Deus.
Quando Carlos Magno morreu, em 814, seu império começou, gradualmente, a se desintegrar. Foi dividido entre seus três filhos, e lentamente o papa ganhou cada vez mais poder.
Carlos Magno, no entanto, legou ao Ocidente uma visão fascinante: um rei cristão com autoridade suprema sobre todos os seus domínios. Por centenas de anos, os papas e os reis buscariam esse controle sobre seus territórios — assim como sobre o território dos outros. Foi uma idéia que levou muito tempo para morrer.

732 A BATALHA DE TOURS


732

A Batalha de Tours

Se não fosse por Carlos Martelo, todos nós poderíamos estar falando árabe e nos ajoelhando na direção de Meca cinco vezes ao dia. Na região de Tours, Carlos Martelo e seu exército franco reverteram o imenso poderio dos exércitos islâmicos que varriam o norte da África e já invadiam a Europa. A Batalha de Tours foi importantíssima para a civilização ocidental.
A ascensão do islã é um dos mais incríveis movimentos da história. Em 622, os seguidores de Maomé [seu nome completo é Abulqasin Muhamed ibn Abn al-Muttalib ibn Ha-shin] eram apenas um bando de visionários perseguidos que se reuniam em Meca. Cem de anos depois, eles controlavam não apenas a Arábia, mas todo o norte da África, a Palestina, a Pérsia, a Espanha, partes da índia e ameaçavam a França e Constantinopla.
Como conseguiram isso? Conversão, diplomacia e uma força-tarefa altamente dedicada. Ε preciso dizer também que o decadente Império Romano deixou o território pronto para a colheita.
A religião de Maomé se desenvolveu em Meca, uma das duas maiores cidades árabes. Essa religião era fortemente monoteísta e legalista, mas bastante simples. Maomé afirmava ter recebido seu sistema diretamente de Deus (Alá) e dizia que Alá o designara para ser seu profeta. Os cidadãos de Meca se opunham aos novos ensinamentos de Maomé e tornaram a vida de seus seguidores bastante difícil. Desse modo, em 622, o profeta reuniu seu grupo e todos partiram para Medina (a outra grande cidade da Arábia). Essa viagem (denominada de hégira) marca o início do calendário muçulmano e o começo de sua incrível expansão.
Naquela época, a Arábia era um conjunto bastante diversificado de tribos nômades que guerreavam sempre umas contra as outras. O islã trouxe união, não apenas na religião, mas também na lei, na economia e na política. Quando Maomé morreu (632), houve diversas lutas internas entre seus possíveis sucessores. Mesmo assim, a fé se expandiu.
Em 636, os muçulmanos controlavam a Síria e a Palestina. Eles tomaram Alexandria em 642 e a Mesopotamia em 646. Cartago caiu em 697, e os muçulmanos varreram o norte da África, ganhando territórios que permanecem em mãos muçulmanas até o dia de hoje. Em 711, cruzaram o estreito de Gibraltar e entraram na Espanha. Solidificaram rapidamente o controle da península Ibérica e atravessaram os Pireneus. Nesse meio tempo, os muçulmanos entraram na área do Punjabe, na India, e batiam às portas de Constantinopla.

Constantinopla era a capital do Império Bizantino, tudo que restou do outrora imponente Império Romano. Séculos antes, o Império Romano fora dividido entre o Oriente e Ocidente, e o Império do Ocidente caiu rapidamente diante das várias tribos germânicas — vândalos, ostrogodos e francos. O único poder que Roma possuía agora estava na igreja, e esse poder crescia. Por meio de missionários, como Agostinho na Inglaterra e Bonifácio na Alemanha, Roma ganhava a fidelidade espiritual em seus antigos territórios políticos.
A ameaça muçulmana combinava religião e poder político. O islã não apenas derrotou as autoridades políticas, mas conseguiu que as pessoas se convertessem e ofereceu a elas (ou forçou-as a receber) um novo sistema religioso.
Carlos Martelo era o líder dos francos, uma das tribos germânicas que atacaram o Império Ocidental. Os francos já tinham invadido a Gália em 355 e se converteram oficialmente ao cristianismo romano no reinado de Clóvis I (481 -511). Como os governadores francos anteriores, Carlos procurou usar a igreja para em seu benefício. Ele estava bastante feliz em apoiar os missionários romanos entre as outras tribos germânicas, pois isso poderia fazer avançar o poder franco na Alemanha. Contudo, também foi rápido em corromper a igreja franca para que pudesse se beneficiar dela. Embora possa ter salvo a igreja romana da ruína em Tours, ele sem dúvida lutou para proteger o território dos francos.
O general muçulmano Abd-ar-Rahman liderou suas tropas rumo ao norte, bem no meio do território franco. Carlos Martelo se encontrou com elas entre Tours e Poitiers e fez com que recuassem. Em uma série de acirradas batalhas, os francos empurraram os muçulmanos de volta para a Espanha, contendo seu avanço na Europa.
Ε certo que a bem-sucedida defesa de Constantinopla em 718 foi igualmente importante na contenção do avanço islâmico. Porém, para aqueles que têm sua origem na Europa Ocidental, a Batalha de Tours foi crucial. Se os muçulmanos fossem vitoriosos, poderiam ter caído mais tarde, pois conquistariam mais territórios do que seriam capazes. Quase tão incrível quanto sua rápida expansão, porém, é a maneira como os muçulmanos dominaram o território que haviam subjugado. Mesmo depois de mais de 1 200 anos, eles se mantêm como força poderosa no mundo, e os territórios que controlam permanecem resistentes ao testemunho cristão.

731 BEDA, O VENERÁVEL, CONCLUI SUA HISTÓRIA ECLESIÁSTICA DA INGLATERRA


731

Beda, o Venerável, conclui sua História eclesiástica da Inglaterra


Em uma época que não se destacou por sua erudição, Beda se sobressai como guia. O fato de ele ter sido chamado de "Venerável" testifica grande conhecimento e a estima que desfrutava.
Embora a confusão política tivesse efetivamente destruído muito da cultura, os mosteiros permaneciam como centros medievais de educação. Naqueles locais, rapazes aprendiam literatura, os amanuenses copiavam manuscritos antigos e homens estudiosos como Beda se entregavam aos textos. Os monges preservaram viva a sabedoria da Grécia e de Roma, com as obras dos pais da igreja. A vida caminhava a passos lentos nas dependências dos monasterios.
Além de ter sido um dos mais brilhantes pesquisadores de sua era, Beda também foi muito devoto. Em uma autobiografia bastante breve, narra seu nascimento nas vizinhanças dos mosteiros de Wearmouth e Jarrow, no norte da Inglaterra, no ano de 635. Aos sete anos, ele passou a ser tutelado pelo abade daquela região e viveu o restante de sua vida no mosteiro, jamais se aventurando fora de seus limites.
Embora a idade mínima comum para a ordenação ao diaconato fosse de 25 anos, Beda recebeu essa ordem aos 19, sem dúvida recomendado por sua piedade. Aos 30 anos, tornou-se sacerdote e passou o restante da sua vida escrevendo comentários bíblicos e outra obra ligadas à religião. Sua biografia parece mais um catálogo de seus livros que um relato de seus feitos.
A grande contribuição de Beda à igreja foi sua obra História eclesiástica da Inglaterra, que abrangia a história da Inglaterra desde os dias de Júlio César até os dias de Beda. Embora fosse, em muitos aspectos, uma história de propósito geral, o foco principal do livro era a cristianização da Inglaterra e a maneira pela qual o paganismo gradualmente dera lugar à nova religião.
O livro de Beda estava repleto de histórias de missionários valorosos e de chefes tribais e pagaos que finalmente viram a luz da verdade, embora o autor mantivesse um ceticismo saudável. Ε claro que, em uma era pré-científica, ele pode ter incluído qualquer tipo de história e poucos poderiam refutar seus relatos. Contudo, preocupado com a verdade histórica, Beda cita cuidadosamente suas fontes ao se referir a alguma testemunha confiável. Embora ele não tivesse dificuldades para acreditar em milagres, desejava registrar os que fossem verdadeiros, afastando-se das lendas de fundo puramente piedoso.
Ε que histórias ele conta! Júlio César e Cláudio, o papa Gregorio e o missionário Agostinho, a invasão das tribos dos anglos, dos saxões e dos jutos, tudo isso povoa suas páginas. Por intermédio dessa obra, conhecemos histórias maravilhosas como a de Gregorio, o Grande, que, ao ver meninos escravos de cabelos claros à venda em Roma, ficou tão tocado por sua beleza que nunca se esqueceu de seu desejo de evangelizar sua terra natal. Lemos também sobre o rei pagão Edwin, cujo conselheiro contou uma parábola comparando a vida a um pardal voando em um enorme refeitório e saindo rumo à escuridão. Ele, portanto, aconselhou o rei a se converter ao cristianismo, uma vez que dava alguma esperança de vida além do "vôo breve sobre a sala de banquete".
A História de Beda contém algumas passagens singulares como esta: "Nenhuma cobra pode existir ali [na Irlanda], pois apesar de serem, com freqüência, trazidas da Bretanha, tão logo o navio se aproxima da terra, elas respiram o perfume de seu ar e morrem. Na verdade, quase todas as coisas desta ilha concedem imunidade ao veneno".
Porém, até mesmo os historiadores seculares não duvidam do cuidado de Beda como relator, pois continuam a observar que seus fatos estão corretos em praticamente todos os detalhes.
Antes de História eclesiástica da Inglaterra, as várias tribos inglesas tinham suas histórias, principalmente na forma de poesia paga, as quais eram muitas vezes recitadas por bardos. Mas Beda apresenta a história pelas lentes do cristianismo, mostrando que um grupo de diversas tribos se transformou em uma nação com uma única religião.
Em vez de destemidos heróis guerreiros como Beowulf, os heróis de Beda são santos, pessoas que dependem da graça de Deus. Com todos os outros historiadores medievais, ele deu à história um novo arcabouço: ela precisava ser a mais exata possível, mas também inspiradora.
Sem Beda, muitas dessas histórias teriam desaparecido com o passar dos tempos. A Inglaterra pode agradecer a esse venerável monge o fato de ter consciência de sua identidade como nação e de seu lugar como país cristão.

716 BONIFÁCIO PARTE PARA SER MISSIONÁRIO


716

Bonifácio parte para ser missionário

De maneira semelhante a Elias no monte Carmelo, Bonifácio, o missionário saxão da Inglaterra, posicionou-se contra o paganismo profundamente arraigado no coração da Alemanha. Ele tinha um machado em sua mão, e, diante dele estava a enorme Arvore do Trovão [um carvalho], um marco local que os pagãos diziam ser consagrado ao deus do trovão, chamado Donar. Até mesmo alguns dos que haviam se convertido ao cristianismo, por meio da pregação de Bonifácio, adoravam secretamente diante daquela árvore.
Bonifácio denunciou aquela adoração falsa de maneira audaciosa.
Como representante do verdadeiro Deus dos cristãos, destruiu o santuário maligno. Ele atingiu aquela árvore "sagrada" com seu machado e, surpreendentemente, a Arvore do Trovão caiu, causando grande barulho.
Assim diz a lenda. Se os detalhes são verdadeiros ou não, eles retratam de maneira justa a audácia de Bonifácio, sua fé e seu incansável desafio às falsas religiões.
Nascido de pais cristãos no ano de 680, em Wessex, seu verdadeiro nome era Winfrid. Foi instruído em um mosteiro beneditino e ordenado aos trinta anos de idade. Possuía grande capacidade de aprendizado e liderança. Poderia ter ficado na Inglaterra, estudando, ensinando e talvez até mesmo dirigindo um mosteiro. Porém, seu coração queimava por outros que ainda não faziam parte do aprisco cristão. Milhares de compatriotas saxões nos Países Baixos e na Alemanha precisavam ouvir o Evangelho.
Em 716, Winfrid parte para a Frísia, onde missionários ingleses já haviam trabalhado por várias décadas. O rei da Frísia, Radbod, se opunha ao cristianismo. A pressão foi grande demais, e Winfrid voltou à Inglaterra após fracassar em sua primeira missão.
Seus colegas beneditinos pediram que servisse como abade de seu mosteiro. Depois daquela angustiante experiência na Frísia, ele se sentiu inclinado a aceitar o convite. Contudo, a visão de Winfrid ainda estava voltada para fora. Viajou para Roma em 718 e ali recebeu um comissionamento missionário por parte do papa. Ele deveria ir mais longe no continente, passar além do Reno, estabelecendo a igreja romana entre os povos germânicos.
A maior parte da Alemanha já havia sido exposta ao cristianismo de uma maneira ou de outra, mas não existia nenhuma igreja forte ali. No século iv, as tribos germânicas se apegaram ao arianismo e o misturaram às suas superstições. Algum tempo depois disso, os missionários celtas fizeram alguns convertidos, que não deram continuidade à missão, no sentido de organizar uma igreja naquele lugar. O papa estava ansioso para que a igreja estabelecesse sua presença ali.
Winfrid foi primeiro à Turíngia para reavivar uma igreja ali enfraquecida. A seguir, ouvindo que seu velho inimigo Radbod morrera, retornou à Frísia. A autorização papal pode ter dado a Winfrid maior autoridade sobre os governadores locais. Ele trabalhou ali por três anos e depois se mudou para o sudeste, seguindo para Hesse.
Voltou a Roma em 723 e foi consagrado bispo, quando recebeu um novo nome: Bonifácio. A ele também foi dada uma carta de apresentação para ser levada a Carlos Martelo, rei dos francos. A bravura de Carlos, como militar, era muito conhecida (mais tarde, ele expulsaria os muçulmanos da cidade de Tours). Sua assistência foi um grande apoio para Bonifácio.
Voltando para Hesse, Bonifácio continuou seus esforços para eliminar o paganismo e construir a igreja. Foi nessa ocasião que ele, como se supõe, derrubou a árvore sagrada. Talvez, o fato responsável por impedir que os cidadãos atacassem Bonifácio tenha sido o temor a Carlos Martelo. Seja como for, o final da lenda é que o cristianismo se tornou a nova força a ser enfrentada na Alemanha. Se os deuses germânicos não podiam sequer manter uma árvore em pé, então havia pouco a oferecer se fossem comparados ao Deus de Bonifácio.
Bonifácio atraiu vários missionários da Inglaterra — monges e freiras que estavam ansiosos para trabalhar ao lado dele. Com a ajuda deles, Bonifácio estabeleceu uma vigorosa organização eclesiástica por toda a região.
Ironicamente, seu protetor, Carlos Martelo, frustrava as tentativas de reforma da igreja entre os francos. Carlos manteve a igreja naquele local sob seu controle, apoderando-se de suas terras e vendendo propriedades da igreja. Somente depois de sua morte, em 741, é que Bonifácio pôde assumir a igreja franca.
Em 747, Bonifácio viajou mais uma vez para Roma, onde foi nomeado arcebispo de Mainz e líder espiritual de toda a Alemanha. Contudo, como ele já passava dos setenta anos, estava ansioso para concluir os negócios ainda em aberto. Depois de renunciar a seu arcebispado em 753, voltou para a Frísia, onde começara seu trabalho missionário. Ali, chamou de volta alguns de seus primeiros convertidos — que haviam voltado ao paganismo — e mudou-se mais uma vez, indo agora para regiões não alcançadas.
No domingo de Pentecoste de 755, em Dackum, perto do rio Borne, ele planejou um culto ao ar livre que serviria para uma pregação e para a confirmação de novos crentes. Enquanto estava ao lado do rio, preparando-se para o culto, um grupo de arruaceiros caminhou na direção de Bonifácio. Várias pessoas se prepararam para lutar contra os baderneiros e expulsá-los de lá, mas Bonifácio gritou: "Meus filhos, parem com esse conflito [...] não tenham medo dos que matam o corpo, mas que não podem matar a alma [...] Recebam com firmeza este momentâneo sopro de morte para que vocês vivam e reinem com Cristo para sempre". Diz-se que ele morreu com os evangelhos nas mãos.
Os críticos dizem que Bonifácio foi simplesmente um homem de organização, que a maioria de seu "trabalho missionário" foi basicamente político, fomentando a fidelidade à igreja romana nas áreas onde ela era fraca. É verdade que ele ajudou a lançar os fundamentos do Sacro Império Romano e as políticas do papado medieval. Devido a Bonifácio, a Alemanha foi uma fortaleza da igreja romana até a época da Reforma.
Não se pode, porém, questionar a devoção pessoal de Bonifácio, sua coragem e seu serviço fiel. O historiador Kenneth Scott Latourette disse: "Poucos missionários cristãos, se é que existiram, apresentaram por meio de sua conduta, de maneira tão precisa quanto Bonifácio, os ideais da fé que tentavam propagar. Ele era humilde, a despeito das tentações que vieram com as altas posições eclesiásticas; sempre se colocou muito acima dos rumores do escândalo; foi um homem de oração e que tinha autoconfiança; assim como era corajoso, abnegado e apaixonado pela justiça. Bonifácio foi um dos maiores exemplos de vida cristã".



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