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Profeta Miquéias II – Ameaça e Esperança
Miquéias 3 e 4
)
Em continuidade ao estudo de
Miquéias, abordamos a segunda parte do livro profético, os capítulos 4 e 5, que
formam o conjunto da “promessa prometida”, ou seja: a Libertação! Após
proclamar o julgamento sobre ambos, Israel e Judá, indiciando os malfeitores, o
profeta anuncia um dia melhor e brilhante. Ele descreve a era áurea de paz
perpétua na qual todas as nações da terra participarão, onde todo homem sentará
debaixo de sua própria vinha e figueira sem medo da opressão ou perda de
propriedade. Estes versos são freqüentemente citados hoje em dia em sustentação
da paz universal, sem reconhecimento do fato de que o “Ele” ao qual o profeta
se refere é o Príncipe da Paz, que tem que ser entronizado em Jerusalém antes
do milênio de paz poder ser uma realidade.
É uma sensação emocionante
saber que estes pregadores hebreus de 25 séculos passados podiam nos contar –
hoje – de coisas que ainda estão por acontecer. Os capítulos 4 e 5 mostram que
estas coisas ainda são futuro e aguardam o reino milenar. O cap. 4 indica o Reino
Futuro (os pontos essenciais do reino) e o cap. 5 mostra o Futuro
Rei.
No cap. 4:1 notamos “nos
últimos dias” e no v.2 “muitas nações”, que são outras e não Israel, que vão
ser parte do Reino Messiânico. Porém em 4:9 notamos a mudança do tempo futuro
para o tempo presente: “Agora por que
choras” e v.10 “porque agora sairás”
e no v.11 “Agora se acham muitas
nações contra ti” e em 5:1 “Agora ...
por-se-á” e no v.3 “os entregará até
o tempo em que” que é a vinda de Cristo.
A grande profecia messiânica
de Miquéias prediz o lugar de nascimento do nosso Senhor Jesus. Apesar de ter
sido proferida 700 anos antes do nascimento do Messias, ela é uma das 4
profecias maiores relativas a este evento. A profecia de Siloé, em Gn 49:10,
designa a tribo de Judá; a profecia de Natan (2 Sam 7:26) revela a casa
de Davi. A visão das setenta semanas em Daniel anuncia o tempo; em Mq
5:2 temos a notável revelação do lugar de nascimento – Belém. Esta
profecia foi a resposta dada a Herodes quando perguntou onde Cristo haveria de
nascer (Mt 2:3-6).
Observa-se que entre a primeira
metade do v.5:3 e sua segunda parte, entra em existência o tempo presente (que
vivemos hoje, a era da igreja), que o profeta Miquéias não pode ver. O restante
do capítulo olha para a Era do Reino ainda futura, isto é, a Sua segunda vinda.
Para Miquéias a fidelidade à
aliança com Deus era fundamental. A idolatria e apostasia eram males graves que
deveriam ser resistidos pela nação caso quisesse sobreviver. O povo da aliança
tinha que refletir a própria natureza de Deus em termos de justiça, fidelidade,
misericórdia e santidade. Apesar da comunidade ter pecado, um Deus de amor iria
perdoar a iniqüidade na base de um arrependimento sincero e renovaria a
fraternidade entre Ele mesmo e Seu povo. Os ensinos de Miquéias estão em pleno
acordo com a dos seus contemporâneos: Amós, Oséias e Isaías, mas a sua
contribuição doutrinária específica se relaciona com as promessas do Messias.
Como mestre da retidão,
Miquéias via que a idolatria, corrupção e injustiça tinham profundas raízes na
condição espiritual da nação. Ele procurava ensinar as exigências de Deus,
alertar o povo do juízo de Deus e assegurar-lhes das promessas de Deus aos que
restariam fiéis. Miquéias apresenta as exigências de Deus; os juízos de Deus e
as promessas de Deus para Seu povo.
As exigências de Deus
para Seu povo são:
1.
Deus requer que Seus filhos ajam com justiça com relação a todas as
pessoas, porque esta é a característica da ação de Deus para com eles.
2.
A misericórdia deve ser um componente reconhecível da atitude mental e
espiritual de Seu povo. A palavra hebraica para misericórdia é difícil de se
traduzir em apenas uma palavra, porque descreve o amor todo envolvente e
altruísta de Deus do qual procede toda e qualquer forma de atividade divina.
3.
Em vez de procedimentos arrogantes e levantando uma independência
imprópria, o povo deve se arrepender da sua rebelião contra a aliança e fazer a
vontade de Deus conscientemente e continuamente em humilde obediência.
Os juízos de Deus
sobre Seu povo são:
1.
Os líderes rebeldes do povo de Deus têm responsabilidade de ajudar o
povo de Deus lembrar o que Deus havia feito para redimí-los e ensiná-los o que
Deus espera de cada. Os líderes que rejeitarem sua responsabilidade enfrentarão
as maldições da aliança de Deus (Dt 28:15-68).
2.
Os líderes políticos não têm o direito de explorar o povo, tratando-o
como escravo ao invés de irmãos e irmãs. Deus protege e salva as vítimas da
exploração e injustiça, ajuntando debaixo de Sua liderança aqueles que são
fiéis aos Seus mandamentos. Os líderes injustos irão encarar a destruição.
3.
Dedicação aos males espirituais e sociais significa que qualquer
esperança de salvação deve ser precedida por um período de punição pelos
pecados. Apenas após as maldições da aliança por causa da desobediência e
infidelidade é que o povo de Deus poderá olhar para o Deus justo mostre Sua
misericórdia aos pecadores penitentes.
As promessas de Deus
para Seu povo são:
1.
Juízo pela desobediência. Quando o povo de Deus é rebelde para o
arrependimento de sua desobediência, Deus fica sem alternativa para uma punição
drástica. Este destino é inimaginável para pessoas que pensam que por causa do
relacionamento da aliança, Deus irá protegê-los e livrá-los independente de
quão desobedientes, idólatras e pervertidos se tornarem.
2.
A vinda do Messias – na Sua palavra Deus anuncia presságios de
desastres ainda mais severos com esperança para um futuro. Salvação e esperança
são os temas principais de Deus. A salvação é alcançada pelo Messias, que irá
instituir um tempo de paz e prosperidade quando o povo de Deus viver em
obediência à vontade de Deus (4:1-5; 5:4). Miquéias é o profeta mais explícito
do Antigo Testamento, na predição do lugar de nascimento do Messias a uns 700
anos antes do evento realmente acontecer (5:2 compare com Mt 2:5-6). Qualquer
que for o futuro reservado para Judá, aqueles que ficarem fiéis à aliança tem
esta maravilhosa garantia de que Deus estaria enviando Seu próprio libertador.
3.
A salvação vindoura - a própria promessa do Messias era a garantia de
que um Deus de amor iria sustentar o Seu povo através das tribulações e juízos.
Em última análise Ele os levaria a um verdadeiro arrependimento. Isto feito,
Deus estaria derramando Suas bênçãos sobre o povo. O remanescente fiel será
governado por um Rei messiânico que purificaria Seu povo do pecado e
instituiria a paz e justiça na terra. Então o povo de Deus se tornará um modelo
a fim de que todos os povos pudessem imitá-los e testemunhariam a verdadeira
natureza do Deus da aliança.
Aprendemos com Miquéias
algumas lições para nós hoje, e que se caracterizam da seguinte forma:
1.
Deus exige que Seu povo aja com justiça para com todos, porque esta é a
característica das ações de Deus com Seu povo. Este tipo de agir transmite
esperança futura.
2.
Misericórdia deve ser uma parte reconhecível da atitude mental e
espiritual dos filhos de Deus.
3.
Ao invés de conduta arrogante e exibindo independência imprópria, o
povo deve se arrepender de sua rebelião contra Deus.
4.
Os líderes religiosos carregam a responsabilidade de ajudar o povo de
Deus a lembrar o que Ele fez pela nossa redenção e ensinar o que Deus espera de
cada um de nós.
Continuando os aspectos
daquilo que devemos aprender e incorporar em nossa maneira de pensar (chamado
‘mudança de mente’), o profeta Miquéias apresenta as seguintes considerações
para nós nos dias atuais:
1.
Viver sob a aliança bíblica é distintivo – é obediência ao senhorio de
Deus em Cristo;
2.
Na base do amor de Deus, Ele provê as nossas necessidades;
3.
Esta vida deve ser vivida em submissão à conhecida e revelada vontade
de Deus, e tem que ser santa;
4.
Os privilégios da vida da aliança são equiparados com obrigações
iguais;
5.
O crente (nascido de novo) deve manter uma vida de fé distintiva, que
está fundamentada na inspiração e autoridade normativa das Escrituras.
Assim, meu amigo e amiga ouvintes,
todas estas considerações surgem quando olhamos as promessas de Deus em meio a
um juízo severo, pois Deus corrige a quem ama. Como está o teu nível de
compromisso com a vida nos moldes bíblicos, considerando que os dias de hoje
não se diferenciam dos dias de então, especialmente no que se refere a desvios,
reprimendas e esperança?
Rogo para que Deus venha a
te iluminar o entendimento, com o propósito de que você também veja e entenda
toda a dimensão e recursos do Reino de Deus que já podemos experimentar hoje
enquanto aqui vivemos. Assuma você também um compromisso de seriedade e
fidelidade com a Palavra de Deus, e assim Ele poderá te abençoar
abundantemente.