sexta-feira, 20 de março de 2015

O Profeta Miquéias II – Ameaça e Esperança

Miquéias 3 e 4



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Em continuidade ao estudo de Miquéias, abordamos a segunda parte do livro profético, os capítulos 4 e 5, que formam o conjunto da “promessa prometida”, ou seja: a Libertação! Após proclamar o julgamento sobre ambos, Israel e Judá, indiciando os malfeitores, o profeta anuncia um dia melhor e brilhante. Ele descreve a era áurea de paz perpétua na qual todas as nações da terra participarão, onde todo homem sentará debaixo de sua própria vinha e figueira sem medo da opressão ou perda de propriedade. Estes versos são freqüentemente citados hoje em dia em sustentação da paz universal, sem reconhecimento do fato de que o “Ele” ao qual o profeta se refere é o Príncipe da Paz, que tem que ser entronizado em Jerusalém antes do milênio de paz poder ser uma realidade.

É uma sensação emocionante saber que estes pregadores hebreus de 25 séculos passados podiam nos contar – hoje – de coisas que ainda estão por acontecer. Os capítulos 4 e 5 mostram que estas coisas ainda são futuro e aguardam o reino milenar. O cap. 4 indica o Reino Futuro (os pontos essenciais do reino) e o cap. 5 mostra o Futuro Rei.

No cap. 4:1 notamos “nos últimos dias” e no v.2 “muitas nações”, que são outras e não Israel, que vão ser parte do Reino Messiânico. Porém em 4:9 notamos a mudança do tempo futuro para o tempo presente: “Agora por que choras” e v.10 “porque agora sairás” e no v.11 “Agora se acham muitas nações contra ti” e em 5:1 “Agora ... por-se-á” e no v.3 “os entregará até o tempo em que” que é a vinda de Cristo.

A grande profecia messiânica de Miquéias prediz o lugar de nascimento do nosso Senhor Jesus. Apesar de ter sido proferida 700 anos antes do nascimento do Messias, ela é uma das 4 profecias maiores relativas a este evento. A profecia de Siloé, em Gn 49:10, designa a tribo de Judá; a profecia de Natan (2 Sam 7:26) revela a casa de Davi. A visão das setenta semanas em Daniel anuncia o tempo; em Mq 5:2 temos a notável revelação do lugar de nascimento – Belém. Esta profecia foi a resposta dada a Herodes quando perguntou onde Cristo haveria de nascer (Mt 2:3-6).

Observa-se que entre a primeira metade do v.5:3 e sua segunda parte, entra em existência o tempo presente (que vivemos hoje, a era da igreja), que o profeta Miquéias não pode ver. O restante do capítulo olha para a Era do Reino ainda futura, isto é, a Sua segunda vinda.

Para Miquéias a fidelidade à aliança com Deus era fundamental. A idolatria e apostasia eram males graves que deveriam ser resistidos pela nação caso quisesse sobreviver. O povo da aliança tinha que refletir a própria natureza de Deus em termos de justiça, fidelidade, misericórdia e santidade. Apesar da comunidade ter pecado, um Deus de amor iria perdoar a iniqüidade na base de um arrependimento sincero e renovaria a fraternidade entre Ele mesmo e Seu povo. Os ensinos de Miquéias estão em pleno acordo com a dos seus contemporâneos: Amós, Oséias e Isaías, mas a sua contribuição doutrinária específica se relaciona com as promessas do Messias.

Como mestre da retidão, Miquéias via que a idolatria, corrupção e injustiça tinham profundas raízes na condição espiritual da nação. Ele procurava ensinar as exigências de Deus, alertar o povo do juízo de Deus e assegurar-lhes das promessas de Deus aos que restariam fiéis. Miquéias apresenta as exigências de Deus; os juízos de Deus e as promessas de Deus para Seu povo.

As exigências de Deus para Seu povo são:

1.     Deus requer que Seus filhos ajam com justiça com relação a todas as pessoas, porque esta é a característica da ação de Deus para com eles.
2.     A misericórdia deve ser um componente reconhecível da atitude mental e espiritual de Seu povo. A palavra hebraica para misericórdia é difícil de se traduzir em apenas uma palavra, porque descreve o amor todo envolvente e altruísta de Deus do qual procede toda e qualquer forma de atividade divina.
3.     Em vez de procedimentos arrogantes e levantando uma independência imprópria, o povo deve se arrepender da sua rebelião contra a aliança e fazer a vontade de Deus conscientemente e continuamente em humilde obediência.

Os juízos de Deus sobre Seu povo são:

1.     Os líderes rebeldes do povo de Deus têm responsabilidade de ajudar o povo de Deus lembrar o que Deus havia feito para redimí-los e ensiná-los o que Deus espera de cada. Os líderes que rejeitarem sua responsabilidade enfrentarão as maldições da aliança de Deus (Dt 28:15-68).
2.     Os líderes políticos não têm o direito de explorar o povo, tratando-o como escravo ao invés de irmãos e irmãs. Deus protege e salva as vítimas da exploração e injustiça, ajuntando debaixo de Sua liderança aqueles que são fiéis aos Seus mandamentos. Os líderes injustos irão encarar a destruição.
3.     Dedicação aos males espirituais e sociais significa que qualquer esperança de salvação deve ser precedida por um período de punição pelos pecados. Apenas após as maldições da aliança por causa da desobediência e infidelidade é que o povo de Deus poderá olhar para o Deus justo mostre Sua misericórdia aos pecadores penitentes.

As promessas de Deus para Seu povo são:

1.     Juízo pela desobediência. Quando o povo de Deus é rebelde para o arrependimento de sua desobediência, Deus fica sem alternativa para uma punição drástica. Este destino é inimaginável para pessoas que pensam que por causa do relacionamento da aliança, Deus irá protegê-los e livrá-los independente de quão desobedientes, idólatras e pervertidos se tornarem.
2.     A vinda do Messias – na Sua palavra Deus anuncia presságios de desastres ainda mais severos com esperança para um futuro. Salvação e esperança são os temas principais de Deus. A salvação é alcançada pelo Messias, que irá instituir um tempo de paz e prosperidade quando o povo de Deus viver em obediência à vontade de Deus (4:1-5; 5:4). Miquéias é o profeta mais explícito do Antigo Testamento, na predição do lugar de nascimento do Messias a uns 700 anos antes do evento realmente acontecer (5:2 compare com Mt 2:5-6). Qualquer que for o futuro reservado para Judá, aqueles que ficarem fiéis à aliança tem esta maravilhosa garantia de que Deus estaria enviando Seu próprio libertador.
3.     A salvação vindoura - a própria promessa do Messias era a garantia de que um Deus de amor iria sustentar o Seu povo através das tribulações e juízos. Em última análise Ele os levaria a um verdadeiro arrependimento. Isto feito, Deus estaria derramando Suas bênçãos sobre o povo. O remanescente fiel será governado por um Rei messiânico que purificaria Seu povo do pecado e instituiria a paz e justiça na terra. Então o povo de Deus se tornará um modelo a fim de que todos os povos pudessem imitá-los e testemunhariam a verdadeira natureza do Deus da aliança.

Aprendemos com Miquéias algumas lições para nós hoje, e que se caracterizam da seguinte forma:

1.     Deus exige que Seu povo aja com justiça para com todos, porque esta é a característica das ações de Deus com Seu povo. Este tipo de agir transmite esperança futura.
2.     Misericórdia deve ser uma parte reconhecível da atitude mental e espiritual dos filhos de Deus.
3.     Ao invés de conduta arrogante e exibindo independência imprópria, o povo deve se arrepender de sua rebelião contra Deus.
4.     Os líderes religiosos carregam a responsabilidade de ajudar o povo de Deus a lembrar o que Ele fez pela nossa redenção e ensinar o que Deus espera de cada um de nós.

Continuando os aspectos daquilo que devemos aprender e incorporar em nossa maneira de pensar (chamado ‘mudança de mente’), o profeta Miquéias apresenta as seguintes considerações para nós nos dias atuais:

1.     Viver sob a aliança bíblica é distintivo – é obediência ao senhorio de Deus em Cristo;
2.     Na base do amor de Deus, Ele provê as nossas necessidades;
3.     Esta vida deve ser vivida em submissão à conhecida e revelada vontade de Deus, e tem que ser santa;
4.     Os privilégios da vida da aliança são equiparados com obrigações iguais;
5.     O crente (nascido de novo) deve manter uma vida de fé distintiva, que está fundamentada na inspiração e autoridade normativa das Escrituras.

Assim, meu amigo e amiga ouvintes, todas estas considerações surgem quando olhamos as promessas de Deus em meio a um juízo severo, pois Deus corrige a quem ama. Como está o teu nível de compromisso com a vida nos moldes bíblicos, considerando que os dias de hoje não se diferenciam dos dias de então, especialmente no que se refere a desvios, reprimendas e esperança?

Rogo para que Deus venha a te iluminar o entendimento, com o propósito de que você também veja e entenda toda a dimensão e recursos do Reino de Deus que já podemos experimentar hoje enquanto aqui vivemos. Assuma você também um compromisso de seriedade e fidelidade com a Palavra de Deus, e assim Ele poderá te abençoar abundantemente.


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