O
Profeta Miquéias III – A Visão do Messias
Miquéias
5 a 7
Neste estudo final sobre
Miquéias estaremos focalizando as questões Messiânicas além das que já foram
abordadas nos estudos anteriores e alguns pontos na perspectiva de exortação ao
arrependimento. Estes últimos capítulos (6 e 7) foram escritos na forma de um
diálogo entre Jeová e Seu povo. O ponto alto destes apelos se encontra em 6:8,
que diz: “Ele te declarou, ó homem, o que
é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça e ames
a misericórdia, e Andes humildemente com o teu Deus?” A aplicação teológica
desta declaração é que: a) Deus exige
porque Ele é Deus; b) Ele revela
porque Ele é bom; e c) Ele redime
porque Ele é Amor. Podemos afirmar com segurança que as declarações em
6:1-8 formam a essência da verdadeira religião!
Notamos que em todo o livro
de Miquéias, apesar do pecado ser frontalmente atacado e desmascarado, a
justiça e juízo de Deus serem claramente anunciados, vemos inconfundivelmente a
misericórdia de Deus em ação nas promessas de um futuro livramento definitivo e
governo de paz e justiça. Fica muito claro que Deus não admite e não tolera
permanência em pecados e violações de Seus princípios santos de viver, mas que
a justiça não é a primeira preocupação de Deus, mas, sim, a redenção oferecida
por intermédio de Jesus Cristo.
Ainda neste capítulo (6:7-8)
Miquéias mostra que o sacrifício expiatório e redentivo de Jesus (compare com
Is 1:10-17) deram mais prazer a Deus do que fazendas, plantações, moradias ou
sacrifício humano. Muito mais do que coisas aparentes, Deus deseja que as
pessoas tenham um relacionamento fraternal com Ele e uns com os outros.
Demonstra-se aqui a futilidade do culto ritualístico que se baseia no
pensamento de que o favor divino pode ser alcançado através da oferta de
sacrifícios a Deus. A mudança espiritual e transformação moral é que
verdadeiramente diferenciam a redenção do povo de Deus.
No cap. 7 se encontra a
mensagem central de Miquéias (7:18-19) que é: “Juízo no presente &
Bênção futura!” O foco desta bênção futura está no fato de que este Deus é
um Deus que perdoa e esquece! Mas ao
lado destas realidades, encontra-se neste capítulo (vs. 7-9) um dos melhores
desdobramentos da Salvação do ponto de vista de um santo do Antigo Testamento.
Neste capítulo final destacam-se os pontos de preocupação de Deus,
identificados no caráter ético da vida cristã, na confissão de pecados e na
misericórdia de Deus, a libertação e salvação do povo que se arrepende e
confessa, caracterizando-se esta salvação na base do perdão divino.
Aprendemos aqui que a igreja
dos dias de hoje tem que aprender velhas lições, que no passado eram tidas e
cridas como base fundamental de um viver que agrada a Deus. Como a Palavra de
Deus é a mesma ontem, hoje e para sempre, os preceitos são os mesmos em
qualquer tempo e lugar que estejamos vivendo. Portanto, os ensinos contemporâneos
de Miquéias, para a igreja e as pessoas, são:
1.
A vida sob os preceitos das alianças bíblicas é distintiva; é
impossível confundir-se ou não se notar uma pessoa que vive em acordo com os
preceitos bíblicos, de acordo com as normas do Reino de Deus;
2.
Nesta base, a vida fundamentada nas alianças, o Deus de amor garante a
provisão para as necessidades humanas e Sua bênção sobre a vida do salvo; Deus
não deixa os Seus à mingua;
3.
A vida deve ser vivida em submissão à conhecida e revelada vontade de
Deus, deve ser santa como Deus é santo (Lv 11:44 e 1 Pd 1:16); Deus nos deu
todos os meios e recursos para vivermos segundo a Sua santa vontade – que é a
presença do Espírito de Deus em nosso coração;
4.
Os privilégios da vida da aliança são igualados com obrigações equivalentes.
O salvo deve testemunhar da santidade de Deus, da Sua misericórdia e justiça na
sociedade, ministrando aos oprimidos e explorados, protestando contra injustiça
social. Nota-se que isto são tarefas e obrigações do indivíduo salvo na
sociedade em testemunho do caráter da obra e pessoa de Deus; não é tarefa da
igreja como um todo.
5.
O salvo em Cristo (crente) deve manter uma fé distinta que repousa na
inspiração e autoridade da Palavra de Deus. O cristão verdadeiro deve proclamar
e centralidade de Jesus como nosso Messias, Salvador e Senhor, e olhar para a
Sua segunda vinda em glória para estabelecimento final do Reino de Deus.
Miquéias enfatizou a
necessidade de justiça e paz. Qual um advogado, apresentando o caso de Deus
contra Israel e Judá, seus líderes e seu povo. Através do livro estão profecias
acerca de Jesus, o Messias, que irá ajuntar o povo em uma nação. Ele será seu
rei e governador, agindo misericordiosa-mente com o povo. Miquéias torna claro
que Deus odeia a falta de benignidade, idolatria, injustiça e rituais vazios –
e Ele, Deus, ainda odeia isto hoje e odiará por toda a eternidade. Mas, Deus
está disposto a perdoar os pecados de qualquer que se arrepender.
Em meio a uma predição
esmagadora de destruição, Miquéias fornece esperança e consolação porque também
descreve o amor de Deus. A verdade é que o julgamento vem apenas após inúmeras
oportunidades para arrependimento, voltar-se para o verdadeiro culto e
obediência – “agir justamente e amar a misericórdia, andando humildemente com
teu Deus” (6:8). Mas mesmo em meio a um julgamento, Deus promete libertar,
salvar, o pequeno número de pessoas que continuará seguindo-O. Ele diz: “Subirá
diante deles o que abre o caminho; eles romperão, entrarão pela porta e sairão
por ela; e o seu Rei irá adiante deles, e o Senhor à sua frente” (2:13). O rei
é obviamente Jesus; e lemos em 5:2 que Ele será nascido como um bebê me Belém,
uma vila obscura em Judá.
Como os outros profetas do
Antigo Testamento, Miquéias vai muito mais além do juízo de Deus a Israel e
Judá – o Messias viria e Seu reinado justo sobre a terra. Setecentos anos antes
da encarnação de Cristo, Miquéias profetizou que nasceria em Belém (5:2). Vemos
o cumprimento em Mt 2:4-6, onde os sacerdotes e escribas citam este versículo
de Miquéias ao responderem a pergunta de Herodes acerca do lugar de nascimento
do Messias. Miquéias também revelou que o reino messiânico seria um reino de
paz (5:5, compare Ef 2:14-18), e que o Messias pastorearia o povo de Deus com
justiça (5:4 cf João 10:1-16; Hb 13:20). As referências freqüentes de Miquéias
à redenção futura revelam que o desejo e propósito constantes de Deus para com
Seu povo é a salvação, não o juízo. Esta verdade se amplia no Novo Testamento
(João 3:16).
Na medida em que você lê
Miquéias, tente captar um vislumbre da ira de Deus em ação à medida que julga e
pune o pecado. Veja o amor de Deus em ação na medida em que oferece vida eterna
a todos que se arrependem e crêem. Então se decida a unir-se ao remanescente
fiel do povo de Deus que vive de acordo com a Sua santa e eterna vontade.