quarta-feira, 25 de março de 2015

A Imperfeição do Conhecimento Humano


John Wesley

 

Pregado em Bristol, 05 de Março de 1784.
"Porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos" (I Cor. 13:9)


I. Quão surpreendentemente pouco sabemos de Deus!

II. Nós não estamos melhores familiarizados com seus trabalhos de providência, do que com suas obras de criação?

III. Nós somos capazes de procurar saber, alguma coisa a mais, sobre suas obras de graça, do que sobre seus trabalhos de providência?

IV. Diversas lições valiosas, nós podemos aprender da profunda consciência de nossa própria ignorância.

1. O desejo do conhecimento é um princípio universal no homem, fixado em sua natureza mais íntima. Ele não é variável, mas, constante, em toda criatura racional, a menos, enquanto ele é suspenso por alguns desejos fortes. E ele é insaciável: "O olho nunca está satisfeito com o que vê, nem os ouvidos com o que ouve". Nem a mente com algum grau de conhecimento que possa ser concebido dentro dela. E ele é plantado, em toda a alma humana, para propósitos excelentes. Ele é pretendido para impedir nossa inércia em qualquer coisa aqui embaixo; erguendo nossos pensamentos para objetos mais altos, mais merecedores de nossa consideração, até que ascendamos à Fonte de todo conhecimento e toda excelência, o Criador de toda sabedoria e toda graça.

2. Mas, embora nosso desejo de conhecimento não tenha limites, nosso conhecimento, em si mesmo, tem. Ele é, de fato, confinado, nos mesmos limites estreitos; muito mais estreitos do que as pessoas comuns possam imaginar, ou homens letrados estão dispostos a admitir: uma forte sugestão, (já que o Criador não faz coisa alguma em vão), que possa haver algumas condições futuras de existência, por meio das quais, este, até o momento, desejo insaciável, possa ser satisfeito, e não haja distância tão grande entre o apetite e o objeto dele.

3. O presente conhecimento do homem está exatamente adaptado para as suas necessidades presentes. Ele é suficiente para nos alertar, e nos preservar dos perigos às quais nós estamos agora expostos; e para obter o que quer que seja necessário a nós, nessa condição infantil de existência. Nós sabemos o suficiente da natureza e qualidades sensíveis das coisas que estão à nossa volta, tanto quanto elas são subservientes à saúde e força de nossos corpos: nós sabemos como procurar e preparar nossa comida; nós sabemos como construir nossas casas e as mobílias delas, com todas as necessidades e conveniências; nós sabemos apenas, o quanto é conducente, para vivermos, confortavelmente, nesse mundo: Mas das inumeráveis coisas acima, embaixo e ao redor de nós, o muito que sabemos é que elas existem. E nessa nossa ignorância profunda é visto a bondade, tanto quanto a sabedoria de Deus, resumindo seu conhecimento de todos os lados, com o propósito de "encobrir a vaidade do homem". 

4. E, em conseqüência disto, pela mesma constituição de sua natureza, o mais sábio dos homens "sabe", mas "em parte". E quão espantosamente pequena é a parte que eles conhecem, tanto do Criador, quando de suas obras! Esse é um tema muito necessário, mas também muito desagradável; porque "o homem tolo seria sábio". Vamos refletir sobre isso, por enquanto. E possa o Deus da sabedoria e amor abrir nossos olhos para discernir nossa própria ignorância!

I.

1. Para começar com o próprio grande Criador. Quão surpreendentemente pouco nós conhecemos sobre Deus! Quão pequena parte de sua natureza, nós conhecemos de seus atributos essenciais! Que concepção nós podemos formar de sua Onipresença? Quem é capaz de compreender Deus, nesse e em todas os lugares? Como ele preenche a imensidão do espaço? Se os filósofos, ao negarem a existência do vácuo, apenas quisessem dizer que não há espaço vazio de Deus, que todos os pontos do espaço infinito é cheio de Deus, certamente, nenhum homem poderia chamar isso à questão. Mas, ainda que o fato seja admitido, o que é Onipresença ou ubiqüidade? O homem não é mais capaz de compreender isso, do que alcançar o universo.

2. A Onipresença ou a imensidade de Deus, Sir Isaac Newton esforçou-se para ilustrar através da forte expressão, denominando o espaço infinito de "O Sensório da Divindade". E os mesmos ateus não tiveram escrúpulos para dizer, "Todas as coisas estão cheia de Deus": Apenas equivalente com suas próprias declarações: "Eu não encho céus e terra? - diz o Senhor". Quão maravilhosamente o salmista ilustra isso! "Para onde eu devo fugir da tua presença? Se eu subir ao céu, tu estás lá: Se eu vou para o inferno, tu também estás. Seu eu levo as asas da manhã, e permaneço, nas partes mais remotas do mar, mesmo lá, tua mão me encontra, e tua mão direita me segura". "Mas, nesse meio tempo, que concepção podemos formar tanto de sua eternidade, quanto de sua imensidade? Tal conhecimento é muito maravilhoso para nós: Nós não podemos alcançar isso".

(Salmo 139:7-10) "Para onde me irei, do teu Espírito, ou para onde fugirei de tua face? Se subir ao céu, tu ai estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também; se  tomar as asas da alva,; se habitar nas extremidades do mar; até ali a tua mão me guiará, e tua destra me susterá"

3. O segundo atributo essencial de Deus é a eternidade. Ele existe, antes de todo o tempo. Talvez, mais propriamente, pudéssemos dizer: Ele existe, desde o sempre, para o sempre. Mas o que é eternidade? Um renomado autor diz que a eternidade Divina "é a concepção imediata, inteira e perfeita, da vida que nunca tem fim". Mas quão mais sábio nós ficamos, por causa dessa definição? Nós sabemos disso, tanto quanto sabíamos antes! "A concepção imediata, inteira e perfeita!". Quem pode conceber o que isso significa? 

4. Se, realmente, Deus tinha estampado (como alguns têm mantido) uma idéia de si mesmo, em toda alma humana, nós devemos, certamente, ter entendido alguma coisa desse, assim como, de outros atributos; já que não podemos supor que ele tivesse imprimido em nós uma idéia falsa, ou imperfeita de si mesmo; mas a verdade é que nenhum homem encontrou, ou encontra agora, qualquer idéia estampada em sua alma. O pouco que nós sabemos de Deus (exceto o que nós recebemos por inspiração do Espírito Santo), nós não reunimos de qualquer impressão interior, mas, gradualmente, adquirimos, exteriormente. "As coisas invisíveis de Deus", se elas são conhecidas, afinal, "são conhecidas das coisas que são feitas"; não do que Deus tem escrito em nossos corações, mas do que Ele tem escrito, em todas as suas obras.

5. Daí, então; das suas obras, particularmente, das suas obras de criação, nós podemos aprender o conhecimento de Deus. Mas não é fácil conceber o quão pouco nós sabemos mesmos desses. Para começar com aqueles que estão á uma certa distância: Quem sabe quão distante o universo se estende? Quais são os limites dele? As estrelas da manhã podem dizer, aquelas que cantaram juntas, quando as linhas dele foram esticadas para fora, quando Deus disse: "Seja essa tua circunferência, ó mundo!" Mas as estrelas fixas têm escondido, totalmente, dos filhos do homem, tudo o mais. E o que nós sabemos das estrelas fixas? Quem pode dizer o número delas? Mesmo essa pequena porção delas que, pela sua luz misturada nós denominamos "via Láctea?". E quem sabe o uso delas? Elas são muitos sóis que iluminam seus respectivos planetas? Ou elas apenas auxiliam nisso, (como o Sr. Hutchinson supõe), e contribuem, de alguma maneira desconhecida, para a circulação perpétua da luz e espírito? Quem sabe o que são os cometas? Eles são planetas não completamente formados? Ou planetas destruídos por uma conflagração? Ou eles são corpos de uma natureza totalmente diferente, do qual nós podemos formar nenhuma idéia? Quem pode nos dizer o que é o sol?  O seu uso nós sabemos: mas quem sabe de que substância ele é composto? Não, nós ainda não somos capazes de determinar, se ela é fluida ou sólida! Quem sabe a distância precisa do sol a terra? Muitos astrônomos são persuadidos de que se trata de centenas de milhões de milhas; outros, que é apenas oitenta e seis milhões, embora, geralmente, considerada noventa. Mas, igualmente, grandes homens dizem que é não mais do que cinqüenta; algum deles, que é doze milhões: Por último, chega o Dr. Rogers, e demonstra que são, justos, dois milhões e novecentas mil milhas! Tão pouco nós sabemos, até mesmo, dessa luminária gloriosa, o olho e alma do mundo menor! E, do mesmo modo, tanto quanto dos planetas que o circundam; sim; de nosso planeta, da lua. Alguns, realmente, descobriram: Rios e montanhas em seu globo iluminado; sim, destacaram todos os mares e continentes delas! Mas, afinal, nós sabemos quase nada do assunto. Nós temos nada mais do que meras conjecturas incertas concernentes ao mais próximo dos corpos celestes. 

6. Mas vamos para as coisas que estão mais perto de casa, e inquirir o conhecimento que nós temos delas. Quanto nós conhecemos desse corpo maravilhoso, a luz? Como ela é trazida até nós? Ela flui num fluxo continuado do sol? Ou o sol impele as partículas, próximo à sua órbita, e assim, por diante, até a extremidade de seu sistema? Novamente: A luz gravita ou não: Ela atrai ou repele outros corpos? Ela está sujeita às leis gerais, as quais prevalecem em todos os assuntos? Ou ela é um corpo "siu generis", completamente, diferente de todos os outros assuntos?  É o mesmo com o fluído elétrico, e outros controlam seu curso? Porque o vidro é capaz de ser mudado para tal ponto, e não mais além? Centena de mais perguntas poderiam ser feitas sobre esse assunto, que nenhum homem vivente pode responder.

7. Mas, certamente, nós entendemos o ar que respiramos, e que nos envolve de todos os lados. Por essa admirável propriedade de elasticidade, ele é a fonte geral da natureza. Mas a elasticidade é essencial para o ar, e inseparável dele? Não; já foi provado, por inúmeros experimentos, que o ar pode ser fixado, ou seja, despido de sua elasticidade, e produzido e restaurado a ela novamente. Entretanto, ele não é, por outro lado, elástico, do que quando ele é conectado com fogo elétrico. E não é esse fogo elétrico ou etéreo, a única elasticidade verdadeiramente essencial na natureza? Quem sabe por qual poder o orvalho, chuva, e todos os outros vapores sobem e caem no ar? Nós podemos considerar o fenômeno deles princípios comuns? Ou devemos nós mesmos concluir, com o recente autor engenhoso, que esses princípios são extremamente insuficientes; e que eles não podem ser considerados, racionalmente, a não ser sobre os princípios de eletricidade?

8. Vamos, agora, descer para a terra, que nós pisamos, e que Deus tem, peculiarmente, dado aos filhos dos homens. Os filhos dos homens entendem isso? Suponha que o globo terrestre tenha sete ou oito mil milhas, em diâmetro, quanto disso, nós sabemos?  Talvez, uma milha ou duas de sua superfície: Quão longe a arte do homem penetrou. Mas quem pode informar-nos o que pode ser encontrado abaixo da região das pedras, metais, minerais e outros fósseis? Essa é apenas uma crosta fina, que suporta uma proporção muito pequena do todo. Quem pode nos instruir com respeito às partes internas do globo? Do que essas consistem? Há um fogo central, um grande reservatório, o qual não apenas supre aos vulcões, mas também contribuem (embora não saibamos como) para o maturativo de gemas e metais; sim, e talvez, para a produção dos vegetais e o bem-estar de animais também? Ou está a grande profundeza ainda contida nas entranhas da terra? Um abismo central de águas. Quem viu? Quem pode dizer? Quem pode dar uma satisfação sólida para o inquiridor racional?

9. Quanto da mesma superfície do globo é ainda extremamente desconhecida para nós! Quão pouco, nós sabemos das regiões polares, norte e sul, da Europa ou Ásia! Quão pouco dessas vastas regiões, dos confins da África ou América! Bem menos, nós sabemos o que está contido no mar amplo. O grande abismo, que cobre a parte maior do globo. A maioria de suas cavidades é inacessível para o homem, de modo que nós não podemos dizer como elas são providas. Quão pouco nós sabemos dessas coisas sobre a terra firme, que cai diretamente sob nossa observação! Considerem mesmo os mais simples metais e pedras: Quão, imperfeitamente, nós estamos familiarizados com a maturidade e propriedades deles! Quem sabe o que é que distingue os metais de todos os outros fósseis? É respondido: "Eles são mais pesados". Muito verdadeiro; mas qual é a causa de eles serem mais pesados? Qual a diferença específica entre metais e pedras? Ou entre um metal e outro? Entre ouro e prata? Entre lata e chumbo? Ainda é tudo mistério para os filhos dos homens.

10. Continuemos com o reino dos vegetais. Quem pode demonstrar que a seiva, em qualquer vegetal, executa uma circulação regular através de suas artérias, ou que ela não faz isso? Quem pode indicar a diferença específica entre uma espécie de planta e outra? Ou a conformação e disposição, peculiar e interna, de suas partes componentes? Sim, que homem vivente compreende, completamente, a natureza e propriedades de qualquer uma planta debaixo do céu?

11. Com respeito aos animais: Os animais microscópicos, assim chamados, são realmente animais, ou não? Se eles são; eles não são, essencialmente, diferentes de todos os outros animais no universo, não requerendo alimento, não gerando ou sendo gerados? Eles não são animais, afinal, mas, meramente, partículas inanimadas de matéria, num estado de fermentação? Quão totalmente ignorante é a maioria dos homens mais sagazes, tocando o assunto da criação no seu todo! Mesmo a criação do homem. No livro do Criador, certamente, estavam todos nossos membros escritos, "os quais, dia a dia foram formados, quando ainda nenhum deles existia": Mas de que modo foi o primeiro gesto comunicado para o "punctum saliens?" Quando, e como, foi o espírito imortal adicionado ao barro inconsciente? É tudo mistério. E nós podemos apenas dizer: "Eu estou extraordinariamente, e maravilhosamente feito".

12. Com respeito aos insetos, muitas são as descobertas que têm sido recentemente feitas. Mas quão pouco ainda é tudo isso que foi descoberto, em comparação ao que se desconhece! Quantos milhões deles, por sua miudeza extrema, escapam totalmente de nossas investigações. E, de fato, as partes minúsculas dos maiores animais iludem nossas diligências extremas. Nós temos um conhecimento mais completo dos peixes do que temos dos insetos? A grande parte, se não a maior parte dos habitantes das águas estão, totalmente, ocultos de nós. É provável, que as espécies de animais marinhos sejam, tão numerosas, quanto as dos animais terrestres. Mas quão poucos deles são conhecidos para nós! E quão poucos sabemos dessa minoria. Com pássaros nós estamos um pouco mais familiarizados: mas, na verdade, é muito pouco ainda. Porque, de muitos, nós, mal e mal, sabemos alguma coisa mais, do que sua forma exterior. Algumas poucas propriedades óbvias, de outros, principalmente dos que freqüentem nossas casas. Mas não temos um conhecimento completo e adequado mesmo desses. Quão pouco nós sabemos de nossos animais! Nós não sabemos, por qual motivo, temperamentos e qualidades diferentes, surgem; não apenas, nas diferentes espécies deles, mas nos indivíduos da mesma espécie; sim, e, freqüentemente, naqueles que nascem dos mesmos pais, do mesmo macho, e fêmea animal. Eles são meras máquinas? Então, eles são incapazes de prazer ou dor. Não, eles podem não ter sentido algum; eles não vêem, nem ouvem; nem sentem o paladar, nem o odor. Tão pouco, eles podem, agora, lembrar-se ou mover-se, a não ser se forem impulsionados exteriormente. Mas tudo isso, como é mostrado, diariamente, é bem ao contrário, afinal.

13. Bem; mas, se nós conhecemos nada mais, nós conhecemos, pelo menos, a nós mesmos? Nossos corpos e almas? O que é nossa alma? É um espírito, nós sabemos. Mas o que é um espírito? Aqui nós estamos completamente bloqueados. E onde a alma habita? Na glândula pineal; no cérebro todo; no coração; no sangue; em alguma parte particular do corpo, ou (se alguém pode entender esses termos) "tudo em tudo", e em toda parte? Como a alma é unida ao corpo? Qual é o segredo, a corrente imperceptível que os une? Pode o mais sábio dos homens dar uma resposta satisfatória a qualquer uma dessas questões simples? Ó quão pouco conhecemos, mesmo no que concerne a toda criação de Deus?

II.

1. Mas nós estamos mais familiarizados com suas obras de providência, do que com sua obra de criação? É um dos primeiros princípios da religião, que seu reino impere sobre tudo? De maneira que nós podemos dizer com confiança? "O, Senhor, nosso Governador, quão excelente é o teu nome sobre toda a terra!". É um conceito infantil, para supor que o acaso governa o mundo, ou tem alguma parte no governo dele: Não, nem mesmo, nessas coisas que, para o olho comum, parecem ser, perfeitamente, casuais. "A sorte está lançada à mão; mas o poder de dispor disso é de Deus". Nosso abençoado Mestre, ele mesmo tem colocado esse assunto além de qualquer dúvida possível: "Nem mesmo um pardal", disse ele, "cai ao chão, sem a vontade do Pai que está nos céus": "Sim", (para expressar a coisa mais fortemente ainda) "até mesmo os cabelos de sua cabeça são todos numerados".

2. Mas, embora nós sejamos bem informados dessa verdade geral, a de que todas as coisas são governadas pela providência de Deus; (a mesma linguagem do orador pagão, Deorum moderamine cuncta geri) "tratando da maneira como Deus governa tudo", quão espantosamente pouco, nós sabemos das particularidades contidas sob essa idéia! Quão pouco, nós entendemos de sua conduta divina, tanto com respeito às nações, ou famílias, ou indivíduos! Há alturas e profundidades em tudo isso em que nosso entendimento pode, de forma alguma, penetrar. Nós podemos compreender, a não ser uma pequena parte de seus métodos, agora; o restante nós devemos saber, daqui por diante.  

3. Até mesmo, com respeito á nações inteiras; quão pouco, nós compreendemos dos procedimentos providenciais de Deus para com elas! Quais nações inumeráveis, no mundo oriental uma vez floresceram, para o terror ao redor delas, e estão agora varridas da face da terra; e a sua lembrança pereceu com elas! Nem foi ao contrário no mundo ocidental. Na Europa também, nós lemos sobre muitos reinos amplos e poderosos, dos quais apenas os nomes restaram: As pessoas desapareceram, e são como se nunca tivessem existido. Mas por que isso tem agradado ao Todo-Poderoso Governador do mundo varrê-los fora, com a vassoura da destruição, nós não sabemos; esses que os sucederam são, muitas vezes, pouco melhor do que eles mesmos. 

4. Mas, não é apenas com respeito às antigas nações, que as administrações providenciais de Deus são extremamente incompreensíveis para nós. As mesmas dificuldades ocorrem agora. Nós não podemos responder pelos procedimentos presentes com os habitantes da terra. Nós sabemos que "o Senhor ama todo homem, e sua misericórdia é sobre toda as suas obras". Mas nós não sabemos como reconciliar isso com suas decisões divinas. Até hoje, não está a maior parte da terra repleta de escuridão e habitações cruéis? Em que condição, em particular, está o largo e populoso Império Indo-Europeu! Quantas centenas de milhares dessas pobres e tranqüilas pessoas têm sido destruídas, e suas carcaças deixadas como esterco para a terra! Em que condição (embora eles não tenham malfeitores ingleses lá) estão as incontáveis ilhas no Oceano Pacífico! Quão pequenas são suas condições sobre esses lobos e ursos! E quem se preocupa, seja com suas almas ou seus corpos? Mas o Pai de toda a humanidade não se preocupa com eles? Ó, mistério da providência!

5. E quem se preocupa com os milhares, miríades, se não milhões, de africanos miseráveis? Rebanhos inteiros destas pobres ovelhas (seres humanos; seres racionais!) não são, continuamente, conduzidos, para serem comercializados, e vendidos como gado, na escravidão mais vil, sem qualquer esperança de libertação, a não ser através da morte?  Quem se preocupa com esses homens proscritos, os bem conhecidos africanos? É verdade, que um escritor, recentemente, tem tomado as dores deles para representá-los, como pessoas respeitáveis: Mas por que motivo, é difícil dizer; já que ele mesmo permite (como um exemplo da cultura deles), que os intestinos crus de ovelhas e outros gados sejam, não apenas, algumas das comidas escolhidas para eles, mas também o ornamento de seus braços e pernas; e (um exemplo da religião deles). que o filho não seja considerado um homem até que ele bata em sua própria mãe, quase à morte; e que, quando seu pai envelhece, ele o confina em uma pequena choupana, e o deixa lá, para morrer de fome! Ó, Pai, das misericórdias! Essas são as obras de tuas próprias mãos, a compra, através do sangue de teu Filho? 

6. Quão pouco melhor é tanta a condição civil, quanto a religiosa dos pobres índios americanos! Ou seja, os poucos miseráveis que ainda restam deles: porque em algumas províncias, nenhum deles foi deixado para respirar. Na Espanha, quando os cristãos lá chegaram, havia três milhões de habitantes. Escassos, doze mil deles ainda sobrevivem hoje em dia. E em que condição eles estão, ou os outros índios, que ainda estão esparramados acima e abaixo, nos domínios do Continente Americano do Sul ou do Norte?  Religião eles não têm; nem adoração pública de qualquer espécie! Deus não está em todos os seus pensamentos. E a maioria deles não tem governo civil, afinal; nem leis; nem magistrados; mas todo homem faz o que é direito aos seus próprios olhos. Entretanto, eles estão decrescendo, diariamente; e, muito provavelmente, em um século ou dois, não restará um deles. 

7. Entretanto, os habitantes da Europa não estão, nessa condição tão deplorável. Eles estão em uma condição de civilização; eles ainda têm leis úteis, e são governados por magistrados; eles têm religião; eles são cristãos. Eu temo, se eles são chamados cristão ou não, já que muitos deles não têm religião. E o que dizer dos milhares habitantes da Lapônia, Finlândia, Samoa, e os da Groelândia? Na verdade, de todos aqueles que vivem nas latitudes norte? Eles são tão civilizados, quanto uma ovelha ou um boi? Compará-los com cavalos, ou quaisquer de nossos animais domésticos, isso poderia dar a eles muita honra! Acrescente a esses, miríades de selvagens humanos que estão tremendo de frio, entre as neves da Sibéria, tanto quanto, se não, em número maior, aqueles que estão perambulando, acima e abaixo, nos desertos da Tartária. Acrescente milhares sobre milhares de poloneses e moscovitas; e os assim chamados cristãos da Turquia, na Europa. E não só "Deus ama" esses, "mas deu seu Filho, seu único Filho, para que eles não perecessem e tivessem a vida eterna? Então, por que eles são assim?" Ó, maravilha sobre todas as maravilhas!

8. Não há, igualmente, alguma coisa misteriosa nos propósitos divinos, com respeito ao próprio Cristianismo? Quem pode explicar por que o Cristianismo não se espalha tanto quanto o pecado? Por que esse medicamento não é enviado a todos os lugares onde a enfermidade é encontrada? Mas, ai de mim! Não é: "O som dele" não adentrou ainda "em todas as terras". O veneno é difundido sobre todo o globo, mas o antídoto não é conhecido, pela sexta parte dele! Não! E como é que a sabedoria e bondade de Deus permitem que o próprio antídoto seja, tão gravemente, adulterado, não apenas nas regiões de Catolicismo Romano, mas em quase todas as partes do mundo cristão? Tão adulterado, por serem misturados, freqüentemente, com ingredientes desnecessários ou venenosos, que ele acaba retendo nada, ou, quando muito, apenas uma pequena parte de sua virtude original. Sim! Ele tem sido, assim adulterado, por muitas dessas mesmas pessoas, enviadas para ministrá-lo; de tal maneira, que ele acrescenta, dez vezes mais malignidade, às enfermidades, às quais ele foi designado para curar! Em conseqüência disso, há, bem menos, misericórdia ou verdade encontradas, no meio cristão, do que no meio pagão! Ao contrário, tem sido afirmado, e eu temo que, verdadeiramente, que muitos dos assim chamados cristãos são bem piores do que os pagãos que os rodeiam: são mais devassos, e mais abandonados a todo tipo de maldade; não temendo a Deus, nem ao homem! Ó, quem pode compreender isso! Será que aquele que é o ainda mais poderoso, do que o mais poderoso dos homens, vê isso?

9. Igualmente incompreensível para nós são os planos divinos, com respeito às famílias, em particular. Nós não podemos, afinal, compreender, por que é que para alguns ele ergue riqueza, honra e poder, e, nesse meio tempo, permite que outros vivam privações e aflições? Alguns, maravilhosamente, prosperam, em tudo que eles têm na mão, e o mundo aflui sobre eles; enquanto outros, com todo seu trabalho e labuta, podem, escassamente, conseguir o pão de cada dia. E, talvez, prosperidade e aplauso continuem com os primeiros, até a morte deles; enquanto, os últimos, beberão o copo da adversidade, até o fim de suas vidas, mesmo que nenhuma razão exista para nós que justifique, tanto a prosperidade de um, quanto a adversidade do outro.

            10. E quão pouco, nós sabemos dos propósitos divinos, com respeito aos indivíduos. Por que uma grande quantidade desses homens é deixada, na Europa, e nos lugares ermos da América; por que alguns nascem de ricos e nobres, e outros, de pais pobres; por que o pai e mãe, de um, são fortes e saudáveis; e, os de outro, são fracos e doentes; em conseqüência disso, ele arrasta uma existência miserável, todos os dias de sua vida, exposto às necessidades, dores e milhares de tentações, das quais ele não encontra caminho para escapar? Quantos existem que, em sua própria infância, foram restringidos, por tais relações, de tal maneira, que eles parecem não ter chance (como alguns dizem), nem possibilidade de serem úteis a si mesmos ou a outros? Por que eles são emaranhados, nessas conexões, antes mesmo de suas próprias escolhas? Por que pessoas nocivas são colocadas, no caminho deles, sem que eles saibam, de que maneira, eles podem escapar delas? Por que as pessoas úteis são ocultadas de suas vistas, ou arrebatadas deles, no momento em que eles mais precisam? Meu Deus! Quão insondáveis são os teus julgamentos e deliberações! Muito profundos, para serem penetrados, por nossa razão; e, os meios, para executar tais deliberações, não são, para serem reconhecidos pela nossa sabedoria!

III.

1. Nós somos capazes de procurar saber sobre as obras da graça, mais do que sobre as obras da providência? Nada é mais certo do que "sem santidade, nenhum homem verá ao Senhor". Então, por que a vasta maioria da humanidade, até onde, nós podemos julgar, pôs fim a todos os meios, e todas as possibilidades de santidade, até mesmo do útero de quem a gerou? Por exemplo: Qual a possibilidade que existe dos africanos, neozelandeses, ou dos habitantes da Nova-Zâmbia saberem, alguma vez, o que a palavra santidade significa? Ou, conseqüentemente, de alguma vez, obtê-la? Mas alguém pode dizer: "Ele pecou, antes de ele ter nascido, em uma condição pré-existente. Assim sendo, ele foi colocado aqui, em uma situação tão desfavorável. É apenas mera misericórdia que eles possam ter uma segunda chance". Eu respondo: Supondo-se que exista tal condição pré-existente, isso que você chama de segunda chance não é realmente uma chance, afinal. Tão logo, ele nasce, ele fica, absolutamente, no poder de seus pais e relações, selvagens; e que, pela mesma origem de raciocínio, educam-no, na mesma ignorância, ateísmo, e barbaridade, que eles mesmos. Ou seja, se ele não tem possibilidade de alguma outra educação melhor, que chance ele tem, então? Do momento em que ele nasce, até o momento em que ele morre, ele parece estar sob a necessidade terrível de viver na completa descrença e iniqüidade. Mas como é isso? Como esse pode ser o caso de tanto milhões de almas que Deus criou? Tu não és o Deus "de todos os confins da terra, e dos que permanecem nos amplos mares?".

2. Eu espero que possa ser observado que, se isso evoluir para uma objeção contra a revelação, essa será uma objeção que se coloca completamente contrária à religião natural, tanto quanto à religião revelada. Se isso fosse, conclusivo, poderia nos conduzir, não ao Deismo, mas ao Ateísmo claro. Não só concluiria contra a revelação cristã, mas contra a existência de Deus. E, ainda eu não vejo como nós podemos evitar a força disso, a não ser resolvendo tudo na sabedoria insondável de Deus, junto com a convicção mais profunda de nossa ignorância e inabilidade de penetrar em seus desígnios. 

3. Mesmo entre nós, que somos muito mais favorecidos do que esses, e aos quais foram confiados os oráculos de Deus, cuja palavra é uma lanterna para nossos pés, e luz, em todos os nossos caminhos, existem ainda muitas circunstâncias, em Seus desígnios, as quais estão acima de nossa compreensão. Nós não sabemos por que ele permitiu que nós seguíssemos, em nossos próprios caminhos, tanto tempo, antes de sermos convencidos do pecado. Ou, por que ele fez uso desse ou daquele instrumento, dessa ou daquela maneira. E, milhares de circunstâncias atenderam o processo de nossa convicção, a qual nós não compreendemos. Nós não sabemos por que ele permitiu que nós permanecêssemos, tanto tempo, antes que ele revelasse seu Filho em nossos corações; ou por que essa mudança, da escuridão para a luz, foi acompanhada com tais e tais circunstâncias particulares.

4. Não há dúvida da prerrogativa peculiar de Deus para reter o "tempo e momento certo, em seu próprio poder". E nós não podemos dar razão alguma, por que, que de duas pessoas, sedentas por salvação, uma é presentemente levada, ao favor de Deus, e a outra é deixada pranteando, por meses ou anos. Por que, tão logo, uma clama a Deus, é respondida, e preenchida de paz e alegria, em acreditar; e a outra, que busca por ele, pelo que parece, com a mesma sinceridade e seriedade, ainda assim, não pode encontrá-lo, ou alguma consciência de seu favor, por semanas, meses, ou anos. Nós sabemos muito bem, que isso, possivelmente, não pode ser devido a algum grau absoluto, consignando, que, antes mesmo de ter nascido, uma pessoa seja conduzida para a glória, e a outra para o fogo eterno; mas nós não sabemos a razão para isso: É suficiente que Deus saiba!

5. Há, igualmente, grande variedade, na maneira e tempo de Deus conceder sua graça santificada, por meio da qual, ele capacita seus filhos a dar a Ele todo seu coração, e do que, nós não podemos, de modo algum, prestar contas. Nós não sabemos por que ele a concede, sobre alguns, antes que eles peçam por ela (alguns exemplos inquestionáveis, do qual nós temos visto); sobre outros, alguns poucos dias depois que eles buscaram; e ainda permite que outros crentes esperem, por ela, talvez, vinte, trinta, ou quarenta anos; não, e outros, até poucas horas, ou mesmo minutos, antes que seus espíritos retornem a ele. Por causa das várias circunstâncias também, que atendem o cumprimento daquela grande promessa, "eu irei circuncidar teu coração, para amar o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, e com toda a tua alma", Deus, indubitavelmente, tem razões; mas essas razões são geralmente ocultas dos filhos dos homens. Mais uma vez: alguns desses, que são capacitados para amar a Deus, com todo o coração deles, e com toda a sua alma, retém a mesma benção, sem interrupção alguma, até que sejam levados ao seio de Abraão; outros, não a retém, embora eles não estejam conscientes de que afligiram o Espírito Santo de Deus. Isso nós também não podemos entender: Nesse lugar, "nós não conhecemos a mente do Espírito".

IV.

Diversas lições valiosas nós podemos aprender da consciência profunda de nossa própria ignorância. Primeiro, a lição da humildade; não "pensar, em nós mesmos"; particularmente, com respeito ao nosso entendimento, "maior, do que nós devíamos considerar"; mas "pensar, sobriamente"; estando, completamente, convencido de que não é suficiente, de nós mesmos, ter um pensamento bom; já que nós podemos estar sujeitos a tropeços, em cada passo, a errar, todo o momento de nossas vidas, não fosse o que nós temos, "a unção do Espírito Santo", que habita "conosco"; não fosse Ele que conhece o que há no homem, socorrer nossas enfermidades; e que "há um espírito, no homem, que traz sabedoria", e a inspiração do Espírito Santo que "traz entendimento". Disso, nós podemos aprender, em Segundo Lugar, a lição da , da confiança em Deus. A convicção plena de nossa própria ignorância nos ensina a confiar, completamente, em sua sabedoria. Pode nos ensinar (o que não é sempre tão fácil, como alguém poderia conceber) a confiar no Deus invisível, muito além, do que se nós pudéssemos vê-lo! O que pode nos assistir, no aprendizado dessa lição difícil, é "subjugar" nossa própria "imaginação" (ou melhor, raciocínio, como a palavra, propriamente, significa); "subjugar todas as coisas que o exalte contra o conhecimento de Deus, e traga para a escravidão todo pensamento de obediência a Cristo". Há, até o momento, duas grandes obstruções, na nossa formação de um julgamento correto dos desígnios de Deus, com respeito ao homem. O primeiro, é que existem fatos inumeráveis, relacionados a todos os homens, os quais não sabemos, ou podemos saber. Eles estão, no momento, oculto de nós, e escondidos de nossa busca, pela escuridão impenetrável.  O outro é que nós não podemos ver os pensamentos dos homens, mesmo quando nós conhecemos suas ações. Além do que, não conhecendo suas intenções; nós podemos apenas julgar, de maneira equivocada, as atitudes exteriores deles. Conscientes disso, "não julgar coisa alguma antes do tempo" concernente aos planos divinos Dele; até que Ele possa trazer para a luz "as coisas ocultas da escuridão", e manifeste "os pensamentos e intenções do coração". Da consciência de nossa própria ignorância, nós podemos aprender, em Terceiro Lugar, a lição da resignação. Nós podemos ser instruídos a dizer, todo o tempo, e em todas as instâncias, "Pai, não como eu desejo; mas como tu desejas". Essa é a última lição que nosso abençoado Senhor (como homem) aprendeu, enquanto ele estava na terra.  Ele não pode ir mais alto, do que, "Não como eu desejo, mas como tu desejas", até que ele curvou sua cabeça e liberou a alma. Deixe-nos também, proceder, em conformidade com sua morte, para que possamos conhecer completamente, o "poder de sua ressurreição!".



sexta-feira, 20 de março de 2015

OS SINAIS

OS SINAIS

              Em sua Palavra, o Senhor nos mostra sinais inequívocos que antecederão a sua volta. Esses sinais, de acordo com o próprio Mestre, são oferecidos para evitar que os cristãos sejam enganados. Quando falamos de “volta de Jesus”, nos referimos à única volta mencionada por Ele em seu sermão profético, na qual se dará o encontro entre Ele e seus escolhidos: sua vinda logo após a grande tribulação.
              O apóstolo Paulo, em sua primeira epístola aos tessalonicenses, valoriza a luz trazida pelas revelações divinas a respeito do fim:

               “Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão” (1 Ts 5:4).

               Já o profeta Daniel escreve, referente ao tempo do fim:

              “E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim. Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão.” (Dn 12:9-10)

               Neste contexto, estar atento à Palavra é o caminho para entender e não ser enganado. O desconhecimento das Escrituras trará, invariavelmente, erro e engano. Por isso, se faz necessário que o verdadeiro servo do Senhor conheça sua Palavra!

               O OBJETIVO DOS SINAIS

               Logo no começo de seu sermão profético, no qual Jesus detalha vários sinais que antecedem a sua volta, Ele começou com a seguinte frase: “Acautelai-vos, que ninguém vos engane” (Mt 24:4). A seguir, Ele explica o porquê do aviso: “Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos” (Mt 24:5). Consequentemente, o propósito dos sinais revelados é impedir que os verdadeiros servos do Senhor, cientes e amantes de sua Palavra, sejam enganados. Essa é a finalidade dos sinais revelados e, neste contexto, se faz necessário que nós estejamos constantemente atentos a esses sinais. Caso contrário, corremos o risco de sermos enganados.
              Nas Palavras de Jesus, fica implícito que o engano será disseminado por pessoas que chamarão para si alguma missão ou revelação divina (falsos profetas) ou se auto-declararão “ungidos” ou “escolhidos” (cristos).
              É interessante notar que Jesus menciona tais enganadores no plural, revelando que muitos surgirão trazendo tais enganos, e isso realmente tem ocorrido durante toda a história. Em quase todas as épocas e, principalmente nos últimos séculos, temos observado o surgimento de muitos enganadores, os quais alegam ter uma missão divina, mas cujos ensinamentos se opõem às verdades ensinadas por Jesus.
              Obviamente, a Palavra revela que no fim dos tempos surgirão dois homens que, de certa forma, significarão o clímax da existência de todos esses enganadores. Trata-se do anticristo, o iníquo ou a besta (1 Jo 2:18, 2 Ts 2:3-4, Ap 13:1-10) e do falso profeta (Ap 13:11-18, Apocalipse 19:20). Porém, gostaríamos de chamar a atenção de nossos leitores sobre uma questão que, de acordo com aquilo que entendemos, assume uma importância fundamental...

              SEQÜÊNCIA DO ENGANO

              Partimos da premissa de que, no sermão profético ministrado por Jesus no Monte das Oliveiras e registrado em Mateus 24 (entre outras passagens), o Senhor mantém uma ordem lógica dos acontecimentos. Notem que no começo do sermão, como já mostramos, o Mestre alerta seus discípulos a respeito do surgimento de “falsos cristos”. Logo após, Ele vai descrevendo eventos numa seqüência lógica: princípio de dores (versículos 6-8) , perseguição à Igreja (versículos 9-10), apostasia e pregação mundial do evangelho (versículos 12-14), abominação da desolação (versículos 15-20), grande tribulação (versículos 21-27) e volta de Cristo (versículos 29-31). É uma seqüência linear!
               Então, levando em consideração essa ordem lógica revelada por Cristo em seu sermão profético, notamos algo interessante. O Mestre relaciona a presença e atuação de “falsos cristos” e “falsos profetas” em 3 momentos cruciais das épocas retratadas em seu sermão registrado em Mateus 24:
               1. Num aspecto geral (versículos 5). Jesus, logo no começo do sermão profético, associa o engano ao surgimento de “falsos cristos” ou pessoas dizendo “eu sou o cristo”. Cremos que, ao usar esses conceitos logo no início de seu sermão profético, o Senhor revela o principal propósito do sermão em si, que é o de alertar e o de situar seus servos em meio aos acontecimentos, colocando a existência do engano e daqueles que enganam (os “falsos cristos”) como algo que se repetiria durante toda a história, até a sua vinda.
               2. No momento de perseguição, relacionado ao princípio de dores (versículo11). Note que, depois de descrever os eventos que fazem parte do princípio de dores, Jesus diz: “Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome” (Mt 24:9). Logo após revelar essa perseguição executada “por todas as nações”, o Mestre relaciona mais uma vez o surgimento de engano: “E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos” (Mt 24:11). Aqui nos deparamos com duas possíveis linhas de interpretação para entender o porquê deste segundo aviso dado pelo Mestre a respeito do surgimento de enganadores. Ou o Senhor estava usando uma repetição para dar ênfase à existência do engano, ou o Senhor relacionou de forma específica essa segunda menção aos enganadores ao momento que Ele estava abordando dentro do sermão.
               Levando em consideração a seqüência lógica adotada pelo Mestre no sermão profético, cremos que Ele nos alerta a respeito dos “falsos profetas” num momento diretamente relacionado ao começo da perseguição mundial contra a Igreja.
               Há uma passagem no livro de Jeremias, na qual o profeta retrata a existência de falsos profetas, os quais, diante das profecias divinas que revelam destruição, juízo, perseguição e tribulação, profetizam “paz”. Note que o profeta revela que “nos últimos dias entendereis isso claramente”...Vejamos o texto:

                “Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não da boca do SENHOR. Dizem continuamente aos que me desprezam: O SENHOR disse: Paz tereis; e a qualquer que anda segundo a dureza do seu coração, dizem: Não virá mal sobre vós. Porque, quem esteve no conselho do SENHOR, e viu, e ouviu a sua palavra? Quem esteve atento à sua palavra, e ouviu? Eis que saiu com indignação a tempestade do SENHOR; e uma tempestade penosa cairá cruelmente sobre a cabeça dos ímpios. Não se desviará a ira do SENHOR, até que execute e cumpra os desígnios do seu coração; nos últimos dias entendereis isso claramente.” (Jr 23:16-20)

              Ainda falando dos mesmos “últimos dias”, o apóstolo Paulo nos mostra:

              “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” (2 Tm 4:3-4)

               Vemos então que está profetizado na Palavra do Senhor que nos últimos tempos se levantarão falsos profetas, os quais trarão uma mensagem agradável aos sentidos (conforme às conscupiscências de cada um), ou seja, uma mensagem de bem-estar imediato, conformismo com este mundo e propícia à satisfação dos desejos humanos, negando qualquer possibilidade de sofrimento, perseguição e juízo para a Igreja. Um evangelho completamente distinto ao ensinado e vivido pela Igreja Primitiva. Fica aqui a nossa reflexão: Será que já não estamos presenciando isso? Vemos com muita estranheza o fato de que, na ante-sala dos eventos tribulacionais, muitos que se intitulam “cristãos” nem sequer abordam esses temas apocalípticos em suas reuniões...Pelo contrário! Semeia-se subliminarmente a idéia de que é possível viver um paraíso já neste mundo e que qualquer hipótese se experimentar os eventos relacionados à perseguição profetizada pelo próprio Cristo em Mt 24:9-10, não se aplicam a nossa época! Será que somos mais “especiais” que Pedro, Paulo, Tiago, Estevam, etc? Ou será que tais “profecias agradáveis” fazem parte do engano já profetizado para os últimos tempos?...
               Chegamos à conclusão que os “falsos profetas”, mencionados pelo Senhor em Mt 24:11, são enganadores específicos que se levantarão ou, em alguns casos, já se levantaram, no período relacionado ao princípio de dores, com o objetivo de apresentar um evangelho deturpado à Igreja, levando-a a ficar despreparada para a perseguição mundial e institucional que se aproxima. É hora de ficarmos atentos aos sinais, “comer” a Palavra e não dar ouvidos a falsos profetas que tentam negar aquilo que está profetizado. Pouco antes de ser martirizado, o apóstolo Paulo deixa um de seus derradeiros conselhos ao jovem Timóteo:

               “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.” (2 Tm 2:3-4)

               3. Em plena grande tribulação (versículo 24). Se continuarmos sendo coerentes com a linha de interpretação adotada (seqüência lógica de acontecimentos), veremos que, em determinado momento do sermão profético, Jesus começa a detalhar a grande tribulação. O Mestre esclarece que será uma tribulação sem precedentes (Mt 24:21) e que tal tribulação antecederá imediatamente sua gloriosa volta (Mt 24:29).
               Inserida na narração da grande tribulação, o Senhor volta a mencionar a presença de enganadores. A exemplo do que fez no começo do sermão profético (Mt 24:4-5) e no cenário relacionado è perseguição da Igreja “por todas as nações” (Mt 24:11), o Mestre volta a relacionar o surgimento de enganadores, agora inseridos numa realidade diferente, que é a grande tribulação. Vejamos:

               “Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver. E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias. Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito. Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem.” (Mt 24:21-27).

               Note que no contexto da grande tribulação, os “falsos cristos” e “falsos profetas” terão a capacidade de fazer “tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos”, capacidades que não são mencionadas nos casos anteriores... Sem dúvidas, o surgimento desses enganadores, inseridos em plena grande tribulação, estará diretamente associado ao surgimento e atuação do anticristo e do falso profeta, fazendo com que o poder de atuação desses enganadores seja muito maior.
               É interessante perceber que, atrelado ao aviso sobre o surgimento desses enganadores em plena grande tribulação, com um poder de engano muito maior do que os anteriores, o Senhor Jesus dá uma descrição de como será sua gloriosa volta: “Assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem”. Ao mesmo tempo, alerta aos discípulos a não irem atrás de “aparições” de falsos cristos e falsos profetas: “Se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis”. Tudo isso nos leva a uma conclusão. Durante a grande tribulação poderá haver “simulacros” de vinda ou arrebatamento, inseridos nos sinais malignos que serão operados na época. Simulacros tão convincentes que, se possível fora, enganaria até os escolhidos!
              Imaginemos uma Igreja perseguida e seus membros sendo literalmente caçados em todo o mundo. Estamos falando de pessoas que, não obstante terem nascido de novo e viverem no Espírito, sob um intenso avivamento que a perseguição institucional contra a Igreja certamente ocasionará, são seres humanos, sujeitos a fraquezas. Por isso, o alerta especial dado por Jesus é tão importante nesse contexto. Um hipotético “aparecimento” ou “vinda” de Jesus dentro do cenário tribulacional, poderá ludibriar aqueles que estarão sendo perseguidos e que não estão atentos aos sinais profetizados na Palavra! Fica aqui nosso alerta também aos irmãos midi-tribulacionistas (os que crêem que o arrebatamento se dará em meio à tribulação). Jesus revela que em meio à grande tribulação haverá “aparições” e “chamados” para irem após falsos cristos e falsos profetas, num nível de engano tão profundo que, se possível fora, enganaria até os escolhidos. Não podemos, então, descartar o simulacro maligno de arrebatamento ou vinda de Jesus em meio à grande tribulação. Mais uma vez, queremos alertar nossos irmãos midi-tribulacionistas, aos pré-tribulacionistas e a todos em geral.

               COMO NÃO SER ENGANADO?

               Os escolhidos, aqueles que amam a Palavra e estão atentos aos sinais deixados pelo Mestre, já têm as armas para não serem enganados no contexto da grande tribulação. Essa é a grande finalidade do sermão profético proferido por Jesus. Aquele que seguir à risca o que está determinado na Palavra e ficar atento aos sinais, não correrá o risco de ser ludibriado por nenhum engano satânico.
               Como já comentamos, quando o Mestre menciona os enganadores que surgirão na grande tribulação, Ele mostra com será a volta dele, a qual será diferente a qualquer simulacro maligno:

               “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem.” (Mt 24:27)

               A vinda de Jesus será como um relâmpago, visto em toda a extensão dos céus. O próprio Jesus revela quando e como ocorrerá isso:

              “E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.” (Mt 24:29-31).

               Vemos, então, o Senhor Jesus detalhando que logo após a grande tribulação haverá uma penumbra geral no planeta. Uma escuridão nunca antes vista. Neste cenário de escuridão total, aparecerá o sinal de Jesus, “como um relâmpago que sai do oriente e se mostra até o ocidente”. Tal sinal, de acordo com o Mestre, gerará a lamentação de todas as tribos da terra, as quais tinham delegado seu poder e soberania à besta, e todos verão a vinda gloriosa de Jesus. Resta a nós estarmos atentos a esses sinais, deixados amorosamente pelo Senhor para servir de “luz” em meio à perdição tribulacional.
               Cremos que esses ensinamentos deveriam ser mais abordados no meio cristão, já que estamos vivendo no limiar do desfecho deles. Vemos com preocupação que tais informações deixadas por Jesus para situar seus servos em meio aos acontecimentos tribulacionais, com o objetivo de não serem enganados, são esquecidos ou relegados a um segundo plano, principalmente devido à concepção pré-tribulacionista, a qual torna tais avisos e alertas do Mestre sem sentido para os cristãos em geral, já que, de acordo com o modelo pré-tribulacionista, a Igreja já não estará na Terra no período tribulacional.
             



Nabal: O Insensato

Nabal: O Insensato 
1 Samuel 25:2-40 
                                                                   Agnóstico e Ateu
O Inconseqüente

Introdução: 
· Nabal era um descendente de Calebe que morava em Maom (1Sm 25), 
a atual Maim, situada a 11 Kms a sudeste de Hebrom. 
· Era “mui poderoso e tinha três mil ovelhas e mil cabras… mas era 
duro e maligno nas suas obras”. 
· Durante as suas vagueações, Davi chegou ao local onde Nabal morava 
e, ouvindo que ele estava prestes a tosquiar as suas ovelhas, enviou-lhe 
dez dos seus homens a pedir-lhe “o que achares à mão para os teus 
servos”. 
· O tempo da tosquia era uma ocasião de mostrar hospitalidade e boa 
vontade entre os proprietários de rebanhos. O pedido de Davi era 
apenas o que qualquer xeique árabe teria solicitado, mesmo nos tempos 
modernos, para proteção dos rebanhos de outrem. Nabal, entretanto, 
fiel ao significado de seu nome ("louco") insultou os mensageiros de 
Davi. Amontoou insultos contra Davi, como se fosse um ninguém. Não 
admira, pois, que Davi tenha ficado indignado e tenha marchado contra 
Nabal com 400 homens armados de espadas (12-13). 
Nabal ofendeu-se com o pedido e disse de um modo insultuoso: “Quem é Davi 
e quem é o filho de Jessé?” (expressão idiomática da época para se referir a um 
João-ninguém). Em 1Sm 25, informou-se Abigail (a mulher de Nabal) do fato e 
logo se deu conta do perigo que o seu lar estava correndo. 
I. A SABEDORIA DE ABIGAIL VS A INSENSATEZ DE NABAL 
(1Sm 25.14-35). 
Abigail era mulher tão cheia de sabedoria e atrativa quanto seu marido era 
insensato e repulsivo. Quando foi informada, por um de seus servos, como os 
homens de Davi tinham sido insultados por seu marido, ela imediatamente 
começou a agir. O servo calorosamente reconheceu a proteção que havia recebido 
dos homens de Davi: De muro em redor nos serviram, assim de dia como de noite 
(15-16). 
1. Ela dirigiu-se rapidamente para o campo de Davi, levando consigo 
imensas provisões (1Sm 25:18). Abigail intercedeu tão cortês e 
 2
persuasivamente, que a ira de Davi foi aplacada e ele lhe disse: 
“Bendito o Senhor Deus de Israel, que hoje te enviou ao meu 
encontro”.
2. Quando voltou para casa, viu que o marido se mostrava incapaz de 
compreender a situação, devido à bebedeira e só no dia seguinte lhe 
explicou o que acontecera. Ele ficou atordoado com o perigo a que 
ficara exposto, devido à sua conduta. “E se amorteceu nele o seu 
coração e ficou ele como pedra”. Dez dias depois, “feriu o Senhor a 
Nabal e este morreu” (1Sm 25:37, 38). 
Davi havia concedido a Nabal uma proteção especial; o havia honrado; 
indiretamente o fez prosperar; o saudou abençoando; mas, não encontrou em 
Nabal a hospitalidade desejada, nem generosidade necessária, tão pouca, a gratidão 
para com os benefícios recebidos. 
Durante muito tempo, os pastores de Nabal tinham levado suas ovelhas para 
pastar nos campos de Davi. Lá, receberam segurança, proteção e muitas vezes 
comida. Agora, Davi e seus homens, andando pelo deserto de Basã, precisaram de 
alimento. Nabal, a quem a Bíblia descreve como homem “duro e maligno em todo o 
seu trato”, negou-se a ajudar aquele de quem sempre recebera ajuda. Isso 
encolerizou Davi. Tomando quatrocentos homens, ele partiu para destruir o ingrato 
e malvado Nabal. 
Davi vem para matar Nabal pelo encoberto do monte (20). Uma 
fenda ou vale estreito e profundo onde Abigail avançava, sem poder ser vista. Davi 
e seus homens vinham montados, descendo pela colina defronte, furiosos de 
indignação e prometendo completo aniquilamento. 
Seguindo a fórmula usual dos juramentos, a Septuaginta diz: "Assim faça 
Deus a Davi" (22), e não aos inimigos de Davi, como diz no hebraico e nesta versão 
também. Abigail, ao inteirar-se da atitude insensata do marido, saiu ao encontro de 
Davi, levando comida em abundância. Assim, conseguiu apaziguar a ira do futuro 
rei de Israel. A Bíblia descreve Abigail como sendo mulher de “bom 
entendimento”. Entendimento, entre outras coisas, é a capacidade de 
descomplicar a vida, de fazê-la simples, de evitar problemas e criar soluções. Mas, 
do marido de Abigail, Nabal, a Bíblia o chama de filho de belial, perverso, maligno 
e insensato. Abigail, muito sinceramente e com grande tato, apresentou suas 
desculpas (24-25), e prosseguiu: "Ora, meu senhor, assim como Jeová vive, e tua 
alma vive, foi Yahweh que te impediu de cair em culpa de sangue e de te salvares 
com tua própria mão..." (26). Ela rogou que sua bênção ("presentes") fossem 
aceitos, como prova do perdão de Davi (27). Atada no feixe dos que vivem (29). 
Uma figura derivada do costume de atar coisas valiosas numa saca, e que descreve 
o grande cuidado do Senhor por Davi. Este ficou profundamente comovido e 
bendisse a Deus por tê-lo salvo do crime que tencionava praticar, e bendisse Abigail 
por tê-lo livrado de vir com sangue (33). 
 3
II. A INSENSATEZ DE NABAL O MATOU. 
Quando Abigail retornou ao Carmelo, onde havia um banquete, encontrou 
Nabal completamente embriagado. Mas na manhã seguinte, quando ela lhe relatou 
o perigo por que havia passado, suas violentas emoções provocaram-lhe um ataque 
de paralisia (37). Ele ainda viveu por mais dez dias, mas então faleceu, pois feriu 
o Senhor a Nabal (38). Era o julgamento de Deus sobre Nabal, e embora o 
Senhor tivesse empregados meios naturais para matar Nabal, o relato bíblico deixa 
claro que foi o próprio Deus quem o feriu. 
Quanto à ação de Davi, após a morte de Nabal, casando-se com Abigail, 
estavam de conformidade com o costume dos chefes orientais, os quais, quando 
desejavam certa mulher, mandavam-na buscar para o palácio e ela implicitamente 
obedecia. Também tomou Davi a Ainoã de Jezreel, para ser sua esposa (43) isto é, 
da Jezreel perto de Maom. Dessa maneira Davi mostra que os costumes das cortes 
orientais já estavam começando a ser imitados em Israel. Enquanto reinou em 
Hebrom, Davi teve seis esposas (1Cr 3.1-3). 
III. O PERIGO DA INSENSATEZ A LUZ DA BÍBLIA. 
· Não há no Antigo Testamento um termo hebraico próprio para 
expressar o conceito de um homem insensato, o que chamamos hoje 
em dia de agnóstico ou ateu. Em Salmos 14.1, o nabal, isto é, 
“o louco”, “insensato” é aquele que vive como se Deus não 
existisse, ou como que, por não possuir o conhecimento 
de Deus, ele diz: Onde está o teu Deus! (cf. Sl 53.1/ Sl 115:1-
2). Este é o louco que blasfema contra o Senhor (Sl 74.18). O povo 
de Israel também é definido como “am nabal”, isto é, “povo 
insensato, agnóstico e ateu” em razão de não reconhecer os grandes 
benefícios proporcionados pelo Senhor Deus de Israel (Dt 32.6). 
Nestas referências, o termo hebraico nabal designa, provavelmente, não 
alguém que está sinceramente convicto de que Deus não existe, mas que está mal 
orientado quanto à existência de Deus por causa da sua própria consciência 
pervertida pelo pecado. O texto da Septuaginta traduziu o nome Nabal por: Um 
Homem como Cão. Tradução grega do texto hebraico – verte o termo hebraico 
citado por aphron, ou seja, “tolo”, “ignorante”. A expressão grega “Ouk estin 
Theos”, isto é, “Não há Deus” denuncia o estado de completa ignorância e tolice 
de quem assim pensa e vive. O agnosticismo e o ateísmo tanto prático quanto 
teórico é, segundo as Escrituras, a principal causa da corrupção e degeneração do 
homem (Sl 14; 53; Rm 1.18-32). 
Sendo Nabal é a figura do “insensato”, do homem inconseqüente que vive 
como se Deus não existisse ou que O confunde com a criação ou com os demais 
deuses fabricados pela imaginação perversa dos homens ímpios; Nabal possui um 
4
“coração insensato” (Rm 1.21). No original a expressão “coração 
insensato” (asynetos kardia), é literalmente, “sem entendimento de coração”. 
Se considerarmos o termo kardia de acordo com idiomatismo hebraico, 
podemos afirmar que o agnóstico e ateu são expressões sociais do homem 
que a bíblia chama de insensato; pois o insensato é “aquele que vive sem o 
conhecimento de Deus”. E, pelo que se depreende de uma leitura atenciosa de 
Romanos 1.18-32, o agnóstico e o ateu são expressões da ignorância que não 
conhece o Deus único e verdadeiro. Vários termos empregados por Paulo se 
relacionam diretamente à falta de episteme ou conhecimento (consciência) correto 
acerca de Deus. 
Um hindu, por exemplo, fica com a consciência pesada quando mata uma 
vaca. Mas não se importa em sacrificar seus filhos nem se impressiona quando as 
viúvas são obrigadas a se lançar sobre as piras onde os corpos de seus falecidos 
maridos estão sendo cremados. A consciência se adapta às normas morais de seu 
ambiente. Assim era Nabal, um homem de ânimo covarde; e, quando se 
compenetrou de quão perto de uma morte súbita a sua loucura o havia conduzido, 
pareceu achar-se atacado de uma paralisia ou derrame cerebral. Receoso de que 
Davi ainda o estava para prosseguir com seus intuitos de vingança, encheu-se ele 
de terror, e prostrou-se em uma condição miserável de irremediável 
insensibilidade. Dez dias depois, morreu. A vida que Deus lhe dera tinha sido 
apenas uma maldição para o mundo. Em meio a seu regozijo e alegria, Deus lhe 
dissera como disse ao homem rico da parábola: "Esta noite te pedirão a tua 
alma” (Lc 12:20).
IV. IMPLICAÇÔES CONCLUSIVAS: 
· Davi entendeu que não há espiritualidade em se opor aos 
tolos. Devemos nos sujeitar a Deus, Ele exercerá a 
vingança pelos seus ungidos. 
1. O louco arruma problemas para si mesmo e para os seus. 
2. Tais problemas por vezes, são os outros que tem que 
resolver por ele. 
3. O louco é sempre vítima de si mesmo. 
4. Será que a maioria dos problemas que 
enfrentamos não são resultados da nossa própria 
insensatez?
5. Os Pecados de Nabal: (Não honrar o nome da família que 
pertencia, viver como si Deus não existisse e afrontar o 
ungido de Deus, o rei Davi). 
6. Outros pecados de Nabal: 
· Sua Extravagância o matou. (bêbedo). 
· Seu Apetite era seu deus, comia desordenadamente. (glutonaria). 
· Sua Afronta ao Ungido de Deus, trouxe o juízo rápido sobre si 
mesmo. (rebelião e insensatez). 

O Profeta Miquéias I - Um Retrato Atual da Corrupção Miquéias 1 e 2

O Profeta Miquéias I - Um Retrato Atual da Corrupção
Miquéias 1 e 2





O estudo dos profetas menores constitui-se numa das maiores experiências para um salvo no Senhor Jesus, pois retrata a realidade do mundo no qual Deus deseja ser o Deus que governa o Seu povo e mostra como o Seu povo reage e responde às iniciativas divinas. Estes panoramas são fundamentais para entendermos hoje quem é Deus, como Ele age e o que espera de nós, seu povo.

É um fato conhecido que os nomes no Antigo Testamento e em especial dos profetas, tinha um significado que se relacionava como o tema geral da missão profética do profeta. Neste caso, iniciando com Miquéias, o que quer dizer: “Quem é como Jeová?”, Deus nos quer mostrar, começando pelo nome do profeta, de que não há Deus igual ao único Deus soberano – Jeová. O tema do livro é: “Deus castiga a fim de abençoar”.

O período durante o qual o profeta Miquéias viveu vai de 750 a 686 a.C., profetizando antes da queda de Samaria (722 a.C.), durante os reinados dos reis Jotão, Acaz e Ezequias. Era conhecido como Morascita, pois era originário de Moresgate, vila pobre na Filistia, cerca de 35 km a oeste de Jerusalém, provavelmente morrendo como viveu: um homem pobre. Foi contemporâneo com Oséias, ativo no Reino do Norte e com Isaías, ativo em Jerusalém (Mq 1:1; Os 1:1; Is 1:1). Jeremias (26:18) se refere a ele em anos posteriores. Encontram-se detalhes deste ministério em 2 Reis 18:13 a 19:36.

Miquéias é o único profeta menor que falou aos dois reinos: do Norte e do Sul (Israel e Judá). Jeremias se refere a ele como testemunha corajosa e fiel, informando que Judá ouviu sua voz e se arrependeu (Jr 26:18-19). Miquéias viu os erros de sua própria classe social, o povo simples, tornando-se o grande profeta da reforma social.

Em sua abertura profética Miquéias menciona pelo menos 10 cidades e vilas perto de onde morava e as alertou de calamidades eminentes. O significado dos nomes destas cidadelas elevam o efeito da forma poética de sua mensagem: Gate significa cidade do choro; Afra = casa da poeira; Safira = cidade beleza. Podendo estes versos ser traduzidos na seguinte maneira: “Cidade do choro, não chores; Casa da poeira, rola-te a ti mesma na poeira; Cidade-beleza, vá para o cativeiro com tua beleza em vergonha”. As outras cidades são: Aco: cidade do conto; Zaanã: (cidade da marcha), significando que os habitantes desta cidade não marcharão; Bete-Ezel: (casa do lado) = o lamento da cidade vizinha; Marote (amargo, maligno) = o mal desceu de Jeová; Laquis (cidade do cavalo) = amarre tua carruagem à besta ágil, ó habitante (feminino) da cidade do cavalo; Aquezibe (engano, mentira) = as casas da cidade-mentira serão uma mentira aos reis de Israel; Maressa (possuidor, conquistador) = se refere à Assíria na conquista do Reino do Norte (Israel).

Por um tempo Miquéias permaneceu perto de sua cidade natal, mas Samaria (capital do reino do Norte - Israel) e Jerusalém (capital do reino do Sul - Judá) se tornaram os alvos principais de suas profecias. Ele profetizou a invasão de Salmaneser, com a queda de Samaria em 722 a.C. (1:6-7) resultando na dispersão de Israel; a invasão de Senaqueribe, e a invasão de Judá em 702 a.C. (1:9-16); a grande destruição de Jerusalém em 586 a.C. (3:12 e 7:13) com início do cativeiro Babilônico (4:10); o retorno do cativeiro babilônico (4:18; 7:11, 14-17) que se deu sob a direção de Esdras e Neemias. O nascimento de Jesus em Belém (5:2), cerca de 700 anos após sua profecia; o cessar das profecias e alguns eventos do futuro mais distante.

Os 3 primeiros capítulos de Miquéias formam o grupo da “Declaração de juízo” por parte de Deus sobre o Seu povo. Em 1:9 Miquéias se refere a “uma ferida incurável”, referindo-se à queda do reino do Norte sob o domínio dos Assírios, referido em 2 Reis 18:9 a 19:37.  Este primeiro capítulo de Miquéias é uma denúncia da casa de Israel pelos seus pecados e pela sua contaminação de Judá e Jerusalém. Os capítulos 2 e 3 são uma descrição de detalhes em apoio à acusação geral. A maior denúncia do profeta era o pecado da opressão e denunciou os ricos indolentes e negligentes como sendo os maiores culpados. A prosperidade que se desenvolveu dos longos anos de reinado de paz sob Uzias, criaram uma nova classe de pessoas ricas. Enfatuados com sua repentina fortuna, tornaram-se gananciosos por mais ganhos. Estes exploradores ricos não poderiam ter oprimido os pobres se não tivessem sido protegidos no seu crime pelos governadores, que Deus havia nomeado para guardar os direitos dos pobres.

Apesar de paz e prosperidade serem situações almejáveis, a realidade trouxe consigo o seu lado ominoso e agourento. Os ricos começavam a imitar os estilos de vida das nações pagãs.  Quando os peões do campo encontravam dificuldade em produzir os bens exigidos pela luxúria, os proprietários ricos de terras tomavam as suas propriedades e posses, influenciavam as decisões da justiça subornando os juízes. Os peões dos campos de agricultura desempregados iam para as cidades procurando abrigo. Pela primeira vez na história hebréia se via uma séria superpovoação que ameaçava as grandes cidades, juntamente com a miséria e doenças que acompanhavam a pobreza.

A condição religiosa da nação Israelita como um todo, ainda era mais séria. O povo de Deus havia sido liberado do Egito sob a liderança de Moisés e recebeu um lar em Canaã a fim de que pudessem viver como “um reino de sacerdotes e nação santa” (Ex 19:6). No monte Sinai foi celebrado uma aliança em que cultuariam e obedeceriam apenas ao único e verdadeiro Deus e O serviriam e apenas a Ele obedecendo às Suas leis. Uma vez ocupando Canaã, entretanto, descobriram que seus habitantes praticavam uma das formas mais depravadas de religião que o mundo jamais conheceu.  Era a religião de Baal e seu consorte Anate, em quatro festivais principais durante o ano. Estas celebrações eram constituídas de ritos orgásticos e degradantes que incluíam a prostituição cerimonial, bebedeiras, incesto, homossexualidade e assaltos violentos. Os sacerdotes cananeus sancionavam estas atividades como legítimos atos de culto, ocorrendo estes muitas vezes no entremeio de árvores que cercavam os santuários nos cumes dos montes.

O profeta comparou tal exploração dos pobres a um festival de canibais. Após isto Miquéias denunciou os falsos profetas que estavam por detrás dos políticos ricos e corruptos. Vivendo da liberalidade e generosidade dos ricos indolentes e agindo em favor de um governo depravado, imoral e corrupto, os falsos profetas justificavam os perversos para uma recompensa, fechando os olhos aos seus vícios e maldades, compartilhando na sua corrupção.

Diante da fé mergulhada no secularismo, humanismo e influência de religiões orientais pagãs, com as perversões morais sendo exibidas e a bandeira do “status de direitos” sendo levantada sem fundamentação nas obrigações (como nos tempos de Miquéias), hoje com comunicações sem precedentes, encontramos o mesmo quadro da época, porém gigantescamente ampliado. Os cristãos são ignorantes do conteúdo das Escrituras Sagradas; os princípios de viver uma vida santa não são explicitados; um espírito galopante de oposição a regulamentos éticos e morais se faz presente e finalmente, os cristãos são levados a pensarem que, por estarem salvos, são superiores aos outros, daí cometem adultérios, são indiferentes ao ensino do evangelho e a experiência religiosa (especialmente nos aspectos de um emocionalismo expresso) é colocada acima dos preceitos e da disciplina por amor.

A ignorância e a fuga das responsabilidades que vem antes dos direitos e privilégios é fomentada por um crescente número de políticos, pensadores liberais e líderes religiosos que não somente aprovam estas situações como também as fomentam, visando o lucro fácil e domínio dos mais fracos que são então assim explorados. As igrejas cristãs, por questão de comodidade e falsa simpatia, se acomodam a situações incestuosas e homossexuais em franca violação da Palavra de Deus. O sistema judicial cada vez mais em franca oposição ao exercício paternal e maternal de disciplinar os filhos, a relaxação das leis a fim de abraçar e apoiar grupos de defesa da franca imoralidade sob o título de direitos sem fundamenta-los e sem indicar a sua origem e não declarando suas obrigações de origem. Os conceitos orientalistas esotéricos e místicos, filosofias voltadas para o eu (individualismo exclusivista) são cada vez mais adotados nos ensinos evangélicos, tais como na prática das artes marciais, dos exercícios de tratamentos alternativos de cunho religioso orientalista, a defesa prioritária dos direitos do “eu” sob a bandeira de que temos o direito de sermos felizes e realizados sem se olhar a base na qual isto é construído e das obrigações e deveres nos quais tal liberdade e direito deve ser construído. Uma total ignorância dos princípios bíblicos a tal ponto de se pregar que hoje há diversas éticas, uma para cada situação, derrubando completamente a universalidade e atemporalidade dos preceitos bíblicos.

Vemos assim que os tempos de Miquéias são repetidos hoje, apontando os mesmos problemas morais e espirituais apenas com a velocidade e mundialidade maiores.


Diante deste quadro, Miquéias pronunciou o estado de doença incurável, ainda assim implorando por prevalência da justiça antes de ser tarde demais. Mas a história nos mostra que a justiça de Deus não falha, pois todas as ameaças foram cumpridas historicamente marcadas, pois Deus não se deixa escarnecer. Por isto mais cedo ou mais tarde havemos de dar contas do que fazemos, aprovamos, pensamos e dizemos.
O Profeta Miquéias II – Ameaça e Esperança

Miquéias 3 e 4



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Em continuidade ao estudo de Miquéias, abordamos a segunda parte do livro profético, os capítulos 4 e 5, que formam o conjunto da “promessa prometida”, ou seja: a Libertação! Após proclamar o julgamento sobre ambos, Israel e Judá, indiciando os malfeitores, o profeta anuncia um dia melhor e brilhante. Ele descreve a era áurea de paz perpétua na qual todas as nações da terra participarão, onde todo homem sentará debaixo de sua própria vinha e figueira sem medo da opressão ou perda de propriedade. Estes versos são freqüentemente citados hoje em dia em sustentação da paz universal, sem reconhecimento do fato de que o “Ele” ao qual o profeta se refere é o Príncipe da Paz, que tem que ser entronizado em Jerusalém antes do milênio de paz poder ser uma realidade.

É uma sensação emocionante saber que estes pregadores hebreus de 25 séculos passados podiam nos contar – hoje – de coisas que ainda estão por acontecer. Os capítulos 4 e 5 mostram que estas coisas ainda são futuro e aguardam o reino milenar. O cap. 4 indica o Reino Futuro (os pontos essenciais do reino) e o cap. 5 mostra o Futuro Rei.

No cap. 4:1 notamos “nos últimos dias” e no v.2 “muitas nações”, que são outras e não Israel, que vão ser parte do Reino Messiânico. Porém em 4:9 notamos a mudança do tempo futuro para o tempo presente: “Agora por que choras” e v.10 “porque agora sairás” e no v.11 “Agora se acham muitas nações contra ti” e em 5:1 “Agora ... por-se-á” e no v.3 “os entregará até o tempo em que” que é a vinda de Cristo.

A grande profecia messiânica de Miquéias prediz o lugar de nascimento do nosso Senhor Jesus. Apesar de ter sido proferida 700 anos antes do nascimento do Messias, ela é uma das 4 profecias maiores relativas a este evento. A profecia de Siloé, em Gn 49:10, designa a tribo de Judá; a profecia de Natan (2 Sam 7:26) revela a casa de Davi. A visão das setenta semanas em Daniel anuncia o tempo; em Mq 5:2 temos a notável revelação do lugar de nascimento – Belém. Esta profecia foi a resposta dada a Herodes quando perguntou onde Cristo haveria de nascer (Mt 2:3-6).

Observa-se que entre a primeira metade do v.5:3 e sua segunda parte, entra em existência o tempo presente (que vivemos hoje, a era da igreja), que o profeta Miquéias não pode ver. O restante do capítulo olha para a Era do Reino ainda futura, isto é, a Sua segunda vinda.

Para Miquéias a fidelidade à aliança com Deus era fundamental. A idolatria e apostasia eram males graves que deveriam ser resistidos pela nação caso quisesse sobreviver. O povo da aliança tinha que refletir a própria natureza de Deus em termos de justiça, fidelidade, misericórdia e santidade. Apesar da comunidade ter pecado, um Deus de amor iria perdoar a iniqüidade na base de um arrependimento sincero e renovaria a fraternidade entre Ele mesmo e Seu povo. Os ensinos de Miquéias estão em pleno acordo com a dos seus contemporâneos: Amós, Oséias e Isaías, mas a sua contribuição doutrinária específica se relaciona com as promessas do Messias.

Como mestre da retidão, Miquéias via que a idolatria, corrupção e injustiça tinham profundas raízes na condição espiritual da nação. Ele procurava ensinar as exigências de Deus, alertar o povo do juízo de Deus e assegurar-lhes das promessas de Deus aos que restariam fiéis. Miquéias apresenta as exigências de Deus; os juízos de Deus e as promessas de Deus para Seu povo.

As exigências de Deus para Seu povo são:

1.     Deus requer que Seus filhos ajam com justiça com relação a todas as pessoas, porque esta é a característica da ação de Deus para com eles.
2.     A misericórdia deve ser um componente reconhecível da atitude mental e espiritual de Seu povo. A palavra hebraica para misericórdia é difícil de se traduzir em apenas uma palavra, porque descreve o amor todo envolvente e altruísta de Deus do qual procede toda e qualquer forma de atividade divina.
3.     Em vez de procedimentos arrogantes e levantando uma independência imprópria, o povo deve se arrepender da sua rebelião contra a aliança e fazer a vontade de Deus conscientemente e continuamente em humilde obediência.

Os juízos de Deus sobre Seu povo são:

1.     Os líderes rebeldes do povo de Deus têm responsabilidade de ajudar o povo de Deus lembrar o que Deus havia feito para redimí-los e ensiná-los o que Deus espera de cada. Os líderes que rejeitarem sua responsabilidade enfrentarão as maldições da aliança de Deus (Dt 28:15-68).
2.     Os líderes políticos não têm o direito de explorar o povo, tratando-o como escravo ao invés de irmãos e irmãs. Deus protege e salva as vítimas da exploração e injustiça, ajuntando debaixo de Sua liderança aqueles que são fiéis aos Seus mandamentos. Os líderes injustos irão encarar a destruição.
3.     Dedicação aos males espirituais e sociais significa que qualquer esperança de salvação deve ser precedida por um período de punição pelos pecados. Apenas após as maldições da aliança por causa da desobediência e infidelidade é que o povo de Deus poderá olhar para o Deus justo mostre Sua misericórdia aos pecadores penitentes.

As promessas de Deus para Seu povo são:

1.     Juízo pela desobediência. Quando o povo de Deus é rebelde para o arrependimento de sua desobediência, Deus fica sem alternativa para uma punição drástica. Este destino é inimaginável para pessoas que pensam que por causa do relacionamento da aliança, Deus irá protegê-los e livrá-los independente de quão desobedientes, idólatras e pervertidos se tornarem.
2.     A vinda do Messias – na Sua palavra Deus anuncia presságios de desastres ainda mais severos com esperança para um futuro. Salvação e esperança são os temas principais de Deus. A salvação é alcançada pelo Messias, que irá instituir um tempo de paz e prosperidade quando o povo de Deus viver em obediência à vontade de Deus (4:1-5; 5:4). Miquéias é o profeta mais explícito do Antigo Testamento, na predição do lugar de nascimento do Messias a uns 700 anos antes do evento realmente acontecer (5:2 compare com Mt 2:5-6). Qualquer que for o futuro reservado para Judá, aqueles que ficarem fiéis à aliança tem esta maravilhosa garantia de que Deus estaria enviando Seu próprio libertador.
3.     A salvação vindoura - a própria promessa do Messias era a garantia de que um Deus de amor iria sustentar o Seu povo através das tribulações e juízos. Em última análise Ele os levaria a um verdadeiro arrependimento. Isto feito, Deus estaria derramando Suas bênçãos sobre o povo. O remanescente fiel será governado por um Rei messiânico que purificaria Seu povo do pecado e instituiria a paz e justiça na terra. Então o povo de Deus se tornará um modelo a fim de que todos os povos pudessem imitá-los e testemunhariam a verdadeira natureza do Deus da aliança.

Aprendemos com Miquéias algumas lições para nós hoje, e que se caracterizam da seguinte forma:

1.     Deus exige que Seu povo aja com justiça para com todos, porque esta é a característica das ações de Deus com Seu povo. Este tipo de agir transmite esperança futura.
2.     Misericórdia deve ser uma parte reconhecível da atitude mental e espiritual dos filhos de Deus.
3.     Ao invés de conduta arrogante e exibindo independência imprópria, o povo deve se arrepender de sua rebelião contra Deus.
4.     Os líderes religiosos carregam a responsabilidade de ajudar o povo de Deus a lembrar o que Ele fez pela nossa redenção e ensinar o que Deus espera de cada um de nós.

Continuando os aspectos daquilo que devemos aprender e incorporar em nossa maneira de pensar (chamado ‘mudança de mente’), o profeta Miquéias apresenta as seguintes considerações para nós nos dias atuais:

1.     Viver sob a aliança bíblica é distintivo – é obediência ao senhorio de Deus em Cristo;
2.     Na base do amor de Deus, Ele provê as nossas necessidades;
3.     Esta vida deve ser vivida em submissão à conhecida e revelada vontade de Deus, e tem que ser santa;
4.     Os privilégios da vida da aliança são equiparados com obrigações iguais;
5.     O crente (nascido de novo) deve manter uma vida de fé distintiva, que está fundamentada na inspiração e autoridade normativa das Escrituras.

Assim, meu amigo e amiga ouvintes, todas estas considerações surgem quando olhamos as promessas de Deus em meio a um juízo severo, pois Deus corrige a quem ama. Como está o teu nível de compromisso com a vida nos moldes bíblicos, considerando que os dias de hoje não se diferenciam dos dias de então, especialmente no que se refere a desvios, reprimendas e esperança?

Rogo para que Deus venha a te iluminar o entendimento, com o propósito de que você também veja e entenda toda a dimensão e recursos do Reino de Deus que já podemos experimentar hoje enquanto aqui vivemos. Assuma você também um compromisso de seriedade e fidelidade com a Palavra de Deus, e assim Ele poderá te abençoar abundantemente.


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