O Profeta Miquéias I - Um Retrato Atual da Corrupção
Miquéias 1 e 2
O estudo dos profetas menores constitui-se numa das
maiores experiências para um salvo no Senhor Jesus, pois retrata a realidade do
mundo no qual Deus deseja ser o Deus que governa o Seu povo e mostra como o Seu
povo reage e responde às iniciativas divinas. Estes panoramas são fundamentais
para entendermos hoje quem é Deus, como Ele age e o que espera de nós, seu
povo.
É um fato conhecido que os nomes
no Antigo Testamento e em especial dos profetas, tinha um significado que se
relacionava como o tema geral da missão profética do profeta. Neste caso,
iniciando com Miquéias, o que quer dizer: “Quem é como Jeová?”, Deus nos quer
mostrar, começando pelo nome do profeta, de que não há Deus igual ao único Deus
soberano – Jeová. O tema do livro é: “Deus castiga a fim de abençoar”.
O período durante o qual o
profeta Miquéias viveu vai de 750
a 686 a .C.,
profetizando antes da queda de Samaria (722 a .C.), durante os reinados dos reis Jotão,
Acaz e Ezequias. Era conhecido como Morascita, pois era originário de
Moresgate, vila pobre na Filistia, cerca de 35 km a oeste de Jerusalém,
provavelmente morrendo como viveu: um homem pobre. Foi contemporâneo com
Oséias, ativo no Reino do Norte e com Isaías, ativo em Jerusalém (Mq 1:1; Os
1:1; Is 1:1). Jeremias (26:18) se refere a ele em anos posteriores.
Encontram-se detalhes deste ministério em 2 Reis 18:13 a 19:36.
Miquéias é o único profeta menor
que falou aos dois reinos: do Norte e do Sul (Israel e Judá). Jeremias se
refere a ele como testemunha corajosa e fiel, informando que Judá ouviu sua voz
e se arrependeu (Jr 26:18-19). Miquéias viu os erros de sua própria classe
social, o povo simples, tornando-se o grande profeta da reforma social.
Em sua abertura profética
Miquéias menciona pelo menos 10 cidades e vilas perto de onde morava e as
alertou de calamidades eminentes. O significado dos nomes destas cidadelas
elevam o efeito da forma poética de sua mensagem: Gate significa cidade do
choro; Afra = casa da poeira; Safira = cidade beleza. Podendo estes versos ser
traduzidos na seguinte maneira: “Cidade
do choro, não chores; Casa da poeira, rola-te a ti mesma na poeira;
Cidade-beleza, vá para o cativeiro com tua beleza em vergonha”. As outras
cidades são: Aco: cidade do conto; Zaanã: (cidade da marcha), significando que
os habitantes desta cidade não marcharão; Bete-Ezel: (casa do lado) = o lamento
da cidade vizinha; Marote (amargo, maligno) = o mal desceu de Jeová; Laquis
(cidade do cavalo) = amarre tua carruagem à besta ágil, ó habitante (feminino)
da cidade do cavalo; Aquezibe (engano, mentira) = as casas da cidade-mentira
serão uma mentira aos reis de Israel; Maressa (possuidor, conquistador) = se
refere à Assíria na conquista do Reino do Norte (Israel).
Por um tempo Miquéias permaneceu
perto de sua cidade natal, mas Samaria (capital do reino do Norte - Israel) e
Jerusalém (capital do reino do Sul - Judá) se tornaram os alvos principais de
suas profecias. Ele profetizou a invasão de Salmaneser, com a queda de Samaria
em 722 a .C.
(1:6-7) resultando na dispersão de Israel; a invasão de Senaqueribe, e a
invasão de Judá em 702 a .C.
(1:9-16); a grande destruição de Jerusalém em 586 a .C. (3:12 e 7:13) com
início do cativeiro Babilônico (4:10); o retorno do cativeiro babilônico (4:18;
7:11, 14-17) que se deu sob a direção de Esdras e Neemias. O nascimento de
Jesus em Belém (5:2), cerca de 700 anos após sua profecia; o cessar das
profecias e alguns eventos do futuro mais distante.
Os 3 primeiros capítulos de Miquéias formam o grupo da
“Declaração de juízo” por parte de Deus sobre o Seu povo. Em 1:9 Miquéias se
refere a “uma ferida incurável”, referindo-se à queda do reino do Norte sob o
domínio dos Assírios, referido em 2 Reis 18:9 a 19:37. Este primeiro capítulo de Miquéias é uma
denúncia da casa de Israel pelos seus pecados e pela sua contaminação de Judá e
Jerusalém. Os capítulos 2 e 3 são uma descrição de detalhes em apoio à acusação
geral. A maior denúncia do profeta era o pecado da opressão e denunciou os
ricos indolentes e negligentes como sendo os maiores culpados. A prosperidade
que se desenvolveu dos longos anos de reinado de paz sob Uzias, criaram uma
nova classe de pessoas ricas. Enfatuados com sua repentina fortuna, tornaram-se
gananciosos por mais ganhos. Estes exploradores ricos não poderiam ter oprimido
os pobres se não tivessem sido protegidos no seu crime pelos governadores, que
Deus havia nomeado para guardar os direitos dos pobres.
Apesar de paz e prosperidade
serem situações almejáveis, a realidade trouxe consigo o seu lado ominoso e
agourento. Os ricos começavam a imitar os estilos de vida das nações pagãs. Quando os peões do campo encontravam
dificuldade em produzir os bens exigidos pela luxúria, os proprietários ricos
de terras tomavam as suas propriedades e posses, influenciavam as decisões da
justiça subornando os juízes. Os peões dos campos de agricultura desempregados
iam para as cidades procurando abrigo. Pela primeira vez na história hebréia se
via uma séria superpovoação que ameaçava as grandes cidades, juntamente com a
miséria e doenças que acompanhavam a pobreza.
A condição religiosa da nação Israelita
como um todo, ainda era mais séria. O povo de Deus havia sido liberado do Egito
sob a liderança de Moisés e recebeu um lar em Canaã a fim de que pudessem viver
como “um reino de sacerdotes e nação
santa” (Ex 19:6). No monte Sinai foi celebrado uma aliança em que
cultuariam e obedeceriam apenas ao único e verdadeiro Deus e O serviriam e
apenas a Ele obedecendo às Suas leis. Uma vez ocupando Canaã, entretanto,
descobriram que seus habitantes praticavam uma das formas mais depravadas de
religião que o mundo jamais conheceu.
Era a religião de Baal e seu consorte Anate, em quatro festivais
principais durante o ano. Estas celebrações eram constituídas de ritos
orgásticos e degradantes que incluíam a prostituição cerimonial, bebedeiras,
incesto, homossexualidade e assaltos violentos. Os sacerdotes cananeus
sancionavam estas atividades como legítimos atos de culto, ocorrendo estes
muitas vezes no entremeio de árvores que cercavam os santuários nos cumes dos
montes.
O profeta comparou tal exploração
dos pobres a um festival de canibais. Após isto Miquéias denunciou os falsos
profetas que estavam por detrás dos políticos ricos e corruptos. Vivendo da
liberalidade e generosidade dos ricos indolentes e agindo em favor de um
governo depravado, imoral e corrupto, os falsos profetas justificavam os
perversos para uma recompensa, fechando os olhos aos seus vícios e maldades,
compartilhando na sua corrupção.
Diante da fé mergulhada no
secularismo, humanismo e influência de religiões orientais pagãs, com as
perversões morais sendo exibidas e a bandeira do “status de direitos” sendo
levantada sem fundamentação nas obrigações (como nos tempos de Miquéias), hoje
com comunicações sem precedentes, encontramos o mesmo quadro da época, porém
gigantescamente ampliado. Os cristãos são ignorantes do conteúdo das Escrituras
Sagradas; os princípios de viver uma vida santa não são explicitados; um
espírito galopante de oposição a regulamentos éticos e morais se faz presente e
finalmente, os cristãos são levados a pensarem que, por estarem salvos, são
superiores aos outros, daí cometem adultérios, são indiferentes ao ensino do
evangelho e a experiência religiosa (especialmente nos aspectos de um
emocionalismo expresso) é colocada acima dos preceitos e da disciplina por
amor.
A ignorância e a fuga das
responsabilidades que vem antes dos direitos e privilégios é fomentada por um
crescente número de políticos, pensadores liberais e líderes religiosos que não
somente aprovam estas situações como também as fomentam, visando o lucro fácil
e domínio dos mais fracos que são então assim explorados. As igrejas cristãs,
por questão de comodidade e falsa simpatia, se acomodam a situações incestuosas
e homossexuais em franca violação da Palavra de Deus. O sistema judicial cada
vez mais em franca oposição ao exercício paternal e maternal de disciplinar os
filhos, a relaxação das leis a fim de abraçar e apoiar grupos de defesa da
franca imoralidade sob o título de direitos sem fundamenta-los e sem indicar a
sua origem e não declarando suas obrigações de origem. Os conceitos
orientalistas esotéricos e místicos, filosofias voltadas para o eu
(individualismo exclusivista) são cada vez mais adotados nos ensinos
evangélicos, tais como na prática das artes marciais, dos exercícios de
tratamentos alternativos de cunho religioso orientalista, a defesa prioritária
dos direitos do “eu” sob a bandeira de que temos o direito de sermos felizes e
realizados sem se olhar a base na qual isto é construído e das obrigações e
deveres nos quais tal liberdade e direito deve ser construído. Uma total
ignorância dos princípios bíblicos a tal ponto de se pregar que hoje há
diversas éticas, uma para cada situação, derrubando completamente a
universalidade e atemporalidade dos preceitos bíblicos.
Vemos assim que os tempos de Miquéias
são repetidos hoje, apontando os mesmos problemas morais e espirituais apenas
com a velocidade e mundialidade maiores.
Diante deste quadro, Miquéias
pronunciou o estado de doença incurável, ainda assim implorando por prevalência
da justiça antes de ser tarde demais. Mas a história nos mostra que a justiça
de Deus não falha, pois todas as ameaças foram cumpridas historicamente
marcadas, pois Deus não se deixa escarnecer. Por isto mais cedo ou mais tarde
havemos de dar contas do que fazemos, aprovamos, pensamos e dizemos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário