sexta-feira, 20 de março de 2015

O Profeta Miquéias I - Um Retrato Atual da Corrupção Miquéias 1 e 2

O Profeta Miquéias I - Um Retrato Atual da Corrupção
Miquéias 1 e 2





O estudo dos profetas menores constitui-se numa das maiores experiências para um salvo no Senhor Jesus, pois retrata a realidade do mundo no qual Deus deseja ser o Deus que governa o Seu povo e mostra como o Seu povo reage e responde às iniciativas divinas. Estes panoramas são fundamentais para entendermos hoje quem é Deus, como Ele age e o que espera de nós, seu povo.

É um fato conhecido que os nomes no Antigo Testamento e em especial dos profetas, tinha um significado que se relacionava como o tema geral da missão profética do profeta. Neste caso, iniciando com Miquéias, o que quer dizer: “Quem é como Jeová?”, Deus nos quer mostrar, começando pelo nome do profeta, de que não há Deus igual ao único Deus soberano – Jeová. O tema do livro é: “Deus castiga a fim de abençoar”.

O período durante o qual o profeta Miquéias viveu vai de 750 a 686 a.C., profetizando antes da queda de Samaria (722 a.C.), durante os reinados dos reis Jotão, Acaz e Ezequias. Era conhecido como Morascita, pois era originário de Moresgate, vila pobre na Filistia, cerca de 35 km a oeste de Jerusalém, provavelmente morrendo como viveu: um homem pobre. Foi contemporâneo com Oséias, ativo no Reino do Norte e com Isaías, ativo em Jerusalém (Mq 1:1; Os 1:1; Is 1:1). Jeremias (26:18) se refere a ele em anos posteriores. Encontram-se detalhes deste ministério em 2 Reis 18:13 a 19:36.

Miquéias é o único profeta menor que falou aos dois reinos: do Norte e do Sul (Israel e Judá). Jeremias se refere a ele como testemunha corajosa e fiel, informando que Judá ouviu sua voz e se arrependeu (Jr 26:18-19). Miquéias viu os erros de sua própria classe social, o povo simples, tornando-se o grande profeta da reforma social.

Em sua abertura profética Miquéias menciona pelo menos 10 cidades e vilas perto de onde morava e as alertou de calamidades eminentes. O significado dos nomes destas cidadelas elevam o efeito da forma poética de sua mensagem: Gate significa cidade do choro; Afra = casa da poeira; Safira = cidade beleza. Podendo estes versos ser traduzidos na seguinte maneira: “Cidade do choro, não chores; Casa da poeira, rola-te a ti mesma na poeira; Cidade-beleza, vá para o cativeiro com tua beleza em vergonha”. As outras cidades são: Aco: cidade do conto; Zaanã: (cidade da marcha), significando que os habitantes desta cidade não marcharão; Bete-Ezel: (casa do lado) = o lamento da cidade vizinha; Marote (amargo, maligno) = o mal desceu de Jeová; Laquis (cidade do cavalo) = amarre tua carruagem à besta ágil, ó habitante (feminino) da cidade do cavalo; Aquezibe (engano, mentira) = as casas da cidade-mentira serão uma mentira aos reis de Israel; Maressa (possuidor, conquistador) = se refere à Assíria na conquista do Reino do Norte (Israel).

Por um tempo Miquéias permaneceu perto de sua cidade natal, mas Samaria (capital do reino do Norte - Israel) e Jerusalém (capital do reino do Sul - Judá) se tornaram os alvos principais de suas profecias. Ele profetizou a invasão de Salmaneser, com a queda de Samaria em 722 a.C. (1:6-7) resultando na dispersão de Israel; a invasão de Senaqueribe, e a invasão de Judá em 702 a.C. (1:9-16); a grande destruição de Jerusalém em 586 a.C. (3:12 e 7:13) com início do cativeiro Babilônico (4:10); o retorno do cativeiro babilônico (4:18; 7:11, 14-17) que se deu sob a direção de Esdras e Neemias. O nascimento de Jesus em Belém (5:2), cerca de 700 anos após sua profecia; o cessar das profecias e alguns eventos do futuro mais distante.

Os 3 primeiros capítulos de Miquéias formam o grupo da “Declaração de juízo” por parte de Deus sobre o Seu povo. Em 1:9 Miquéias se refere a “uma ferida incurável”, referindo-se à queda do reino do Norte sob o domínio dos Assírios, referido em 2 Reis 18:9 a 19:37.  Este primeiro capítulo de Miquéias é uma denúncia da casa de Israel pelos seus pecados e pela sua contaminação de Judá e Jerusalém. Os capítulos 2 e 3 são uma descrição de detalhes em apoio à acusação geral. A maior denúncia do profeta era o pecado da opressão e denunciou os ricos indolentes e negligentes como sendo os maiores culpados. A prosperidade que se desenvolveu dos longos anos de reinado de paz sob Uzias, criaram uma nova classe de pessoas ricas. Enfatuados com sua repentina fortuna, tornaram-se gananciosos por mais ganhos. Estes exploradores ricos não poderiam ter oprimido os pobres se não tivessem sido protegidos no seu crime pelos governadores, que Deus havia nomeado para guardar os direitos dos pobres.

Apesar de paz e prosperidade serem situações almejáveis, a realidade trouxe consigo o seu lado ominoso e agourento. Os ricos começavam a imitar os estilos de vida das nações pagãs.  Quando os peões do campo encontravam dificuldade em produzir os bens exigidos pela luxúria, os proprietários ricos de terras tomavam as suas propriedades e posses, influenciavam as decisões da justiça subornando os juízes. Os peões dos campos de agricultura desempregados iam para as cidades procurando abrigo. Pela primeira vez na história hebréia se via uma séria superpovoação que ameaçava as grandes cidades, juntamente com a miséria e doenças que acompanhavam a pobreza.

A condição religiosa da nação Israelita como um todo, ainda era mais séria. O povo de Deus havia sido liberado do Egito sob a liderança de Moisés e recebeu um lar em Canaã a fim de que pudessem viver como “um reino de sacerdotes e nação santa” (Ex 19:6). No monte Sinai foi celebrado uma aliança em que cultuariam e obedeceriam apenas ao único e verdadeiro Deus e O serviriam e apenas a Ele obedecendo às Suas leis. Uma vez ocupando Canaã, entretanto, descobriram que seus habitantes praticavam uma das formas mais depravadas de religião que o mundo jamais conheceu.  Era a religião de Baal e seu consorte Anate, em quatro festivais principais durante o ano. Estas celebrações eram constituídas de ritos orgásticos e degradantes que incluíam a prostituição cerimonial, bebedeiras, incesto, homossexualidade e assaltos violentos. Os sacerdotes cananeus sancionavam estas atividades como legítimos atos de culto, ocorrendo estes muitas vezes no entremeio de árvores que cercavam os santuários nos cumes dos montes.

O profeta comparou tal exploração dos pobres a um festival de canibais. Após isto Miquéias denunciou os falsos profetas que estavam por detrás dos políticos ricos e corruptos. Vivendo da liberalidade e generosidade dos ricos indolentes e agindo em favor de um governo depravado, imoral e corrupto, os falsos profetas justificavam os perversos para uma recompensa, fechando os olhos aos seus vícios e maldades, compartilhando na sua corrupção.

Diante da fé mergulhada no secularismo, humanismo e influência de religiões orientais pagãs, com as perversões morais sendo exibidas e a bandeira do “status de direitos” sendo levantada sem fundamentação nas obrigações (como nos tempos de Miquéias), hoje com comunicações sem precedentes, encontramos o mesmo quadro da época, porém gigantescamente ampliado. Os cristãos são ignorantes do conteúdo das Escrituras Sagradas; os princípios de viver uma vida santa não são explicitados; um espírito galopante de oposição a regulamentos éticos e morais se faz presente e finalmente, os cristãos são levados a pensarem que, por estarem salvos, são superiores aos outros, daí cometem adultérios, são indiferentes ao ensino do evangelho e a experiência religiosa (especialmente nos aspectos de um emocionalismo expresso) é colocada acima dos preceitos e da disciplina por amor.

A ignorância e a fuga das responsabilidades que vem antes dos direitos e privilégios é fomentada por um crescente número de políticos, pensadores liberais e líderes religiosos que não somente aprovam estas situações como também as fomentam, visando o lucro fácil e domínio dos mais fracos que são então assim explorados. As igrejas cristãs, por questão de comodidade e falsa simpatia, se acomodam a situações incestuosas e homossexuais em franca violação da Palavra de Deus. O sistema judicial cada vez mais em franca oposição ao exercício paternal e maternal de disciplinar os filhos, a relaxação das leis a fim de abraçar e apoiar grupos de defesa da franca imoralidade sob o título de direitos sem fundamenta-los e sem indicar a sua origem e não declarando suas obrigações de origem. Os conceitos orientalistas esotéricos e místicos, filosofias voltadas para o eu (individualismo exclusivista) são cada vez mais adotados nos ensinos evangélicos, tais como na prática das artes marciais, dos exercícios de tratamentos alternativos de cunho religioso orientalista, a defesa prioritária dos direitos do “eu” sob a bandeira de que temos o direito de sermos felizes e realizados sem se olhar a base na qual isto é construído e das obrigações e deveres nos quais tal liberdade e direito deve ser construído. Uma total ignorância dos princípios bíblicos a tal ponto de se pregar que hoje há diversas éticas, uma para cada situação, derrubando completamente a universalidade e atemporalidade dos preceitos bíblicos.

Vemos assim que os tempos de Miquéias são repetidos hoje, apontando os mesmos problemas morais e espirituais apenas com a velocidade e mundialidade maiores.


Diante deste quadro, Miquéias pronunciou o estado de doença incurável, ainda assim implorando por prevalência da justiça antes de ser tarde demais. Mas a história nos mostra que a justiça de Deus não falha, pois todas as ameaças foram cumpridas historicamente marcadas, pois Deus não se deixa escarnecer. Por isto mais cedo ou mais tarde havemos de dar contas do que fazemos, aprovamos, pensamos e dizemos.

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