OS
SINAIS
Em sua
Palavra, o Senhor nos mostra sinais inequívocos que antecederão a sua volta.
Esses sinais, de acordo com o próprio Mestre, são oferecidos para evitar que os
cristãos sejam enganados. Quando falamos de “volta de Jesus”, nos referimos à
única volta mencionada por Ele em seu sermão profético, na qual se dará o
encontro entre Ele e seus escolhidos: sua vinda logo após a grande tribulação.
O apóstolo
Paulo, em sua primeira epístola aos tessalonicenses, valoriza a luz trazida
pelas revelações divinas a respeito do fim:
“Mas vós, irmãos, já não estais em trevas,
para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão” (1 Ts 5:4).
Já o
profeta Daniel escreve, referente ao tempo do fim:
“E
ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao
tempo do fim. Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os
ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios
entenderão.” (Dn 12:9-10)
Neste
contexto, estar atento à Palavra é o caminho para entender e não ser enganado.
O desconhecimento das Escrituras trará, invariavelmente, erro e engano. Por
isso, se faz necessário que o verdadeiro servo do Senhor conheça sua Palavra!
O
OBJETIVO DOS SINAIS
Logo no
começo de seu sermão profético, no qual Jesus detalha vários sinais que
antecedem a sua volta, Ele começou com a seguinte frase: “Acautelai-vos, que
ninguém vos engane” (Mt 24:4). A seguir, Ele explica o porquê do aviso: “Porque
muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos” (Mt
24:5). Consequentemente, o propósito dos sinais revelados é impedir que os
verdadeiros servos do Senhor, cientes e amantes de sua Palavra, sejam
enganados. Essa é a finalidade dos sinais revelados e, neste contexto, se faz
necessário que nós estejamos constantemente atentos a esses sinais. Caso
contrário, corremos o risco de sermos enganados.
Nas Palavras
de Jesus, fica implícito que o engano será disseminado por pessoas que chamarão
para si alguma missão ou revelação divina (falsos profetas) ou se
auto-declararão “ungidos” ou “escolhidos” (cristos).
É
interessante notar que Jesus menciona tais enganadores no plural, revelando que
muitos surgirão trazendo tais enganos, e isso realmente tem ocorrido durante
toda a história. Em quase todas as épocas e, principalmente nos últimos
séculos, temos observado o surgimento de muitos enganadores, os quais alegam ter
uma missão divina, mas cujos ensinamentos se opõem às verdades ensinadas por
Jesus.
Obviamente,
a Palavra revela que no fim dos tempos surgirão dois homens que, de certa
forma, significarão o clímax da existência de todos esses enganadores. Trata-se
do anticristo, o iníquo ou a besta (1 Jo 2:18, 2 Ts 2:3-4, Ap 13:1-10) e do
falso profeta (Ap 13:11-18, Apocalipse 19:20). Porém, gostaríamos de chamar a
atenção de nossos leitores sobre uma questão que, de acordo com aquilo que
entendemos, assume uma importância fundamental...
SEQÜÊNCIA
DO ENGANO
Partimos da
premissa de que, no sermão profético ministrado por Jesus no Monte das
Oliveiras e registrado em Mateus 24 (entre outras passagens), o Senhor mantém
uma ordem lógica dos acontecimentos. Notem que no começo do sermão, como já
mostramos, o Mestre alerta seus discípulos a respeito do surgimento de “falsos
cristos”. Logo após, Ele vai descrevendo eventos numa seqüência lógica:
princípio de dores (versículos 6-8) , perseguição à Igreja (versículos 9-10),
apostasia e pregação mundial do evangelho (versículos 12-14), abominação da
desolação (versículos 15-20), grande tribulação (versículos 21-27) e volta de
Cristo (versículos 29-31). É uma seqüência linear!
Então, levando em consideração essa ordem
lógica revelada por Cristo em seu sermão profético, notamos algo interessante.
O Mestre relaciona a presença e atuação de “falsos cristos” e “falsos profetas”
em 3 momentos cruciais das épocas retratadas em seu sermão registrado em Mateus
24:
1. Num
aspecto geral (versículos 5). Jesus, logo no começo do sermão profético,
associa o engano ao surgimento de “falsos cristos” ou pessoas dizendo “eu sou o
cristo”. Cremos que, ao usar esses conceitos logo no início de seu sermão
profético, o Senhor revela o principal propósito do sermão em si, que é o de
alertar e o de situar seus servos em meio aos acontecimentos, colocando a
existência do engano e daqueles que enganam (os “falsos cristos”) como algo que
se repetiria durante toda a história, até a sua vinda.
2. No
momento de perseguição, relacionado ao princípio de dores (versículo11). Note
que, depois de descrever os eventos que fazem parte do princípio de dores,
Jesus diz: “Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão;
e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome” (Mt 24:9). Logo após
revelar essa perseguição executada “por todas as nações”, o Mestre relaciona
mais uma vez o surgimento de engano: “E surgirão muitos falsos profetas, e
enganarão a muitos” (Mt 24:11). Aqui nos deparamos com duas possíveis linhas de
interpretação para entender o porquê deste segundo aviso dado pelo Mestre a
respeito do surgimento de enganadores. Ou o Senhor estava usando uma repetição
para dar ênfase à existência do engano, ou o Senhor relacionou de forma
específica essa segunda menção aos enganadores ao momento que Ele estava
abordando dentro do sermão.
Levando em
consideração a seqüência lógica adotada pelo Mestre no sermão profético, cremos
que Ele nos alerta a respeito dos “falsos profetas” num momento diretamente
relacionado ao começo da perseguição mundial contra a Igreja.
Há uma
passagem no livro de Jeremias, na qual o profeta retrata a existência de falsos
profetas, os quais, diante das profecias divinas que revelam destruição, juízo,
perseguição e tribulação, profetizam “paz”. Note que o profeta revela que “nos
últimos dias entendereis isso claramente”...Vejamos o texto:
“Assim
diz o SENHOR dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que
entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não
da boca do SENHOR. Dizem continuamente aos que me desprezam: O SENHOR disse: Paz
tereis; e a qualquer que anda segundo a dureza do seu coração, dizem: Não
virá mal sobre vós. Porque, quem esteve no conselho do SENHOR, e viu, e
ouviu a sua palavra? Quem esteve atento à sua palavra, e ouviu? Eis que saiu
com indignação a tempestade do SENHOR; e uma tempestade penosa cairá cruelmente
sobre a cabeça dos ímpios. Não se desviará a ira do SENHOR, até que execute e
cumpra os desígnios do seu coração; nos últimos dias entendereis isso
claramente.” (Jr 23:16-20)
Ainda
falando dos mesmos “últimos dias”, o apóstolo Paulo nos mostra:
“Porque
virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos
ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;
e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” (2 Tm 4:3-4)
Vemos então
que está profetizado na Palavra do Senhor que nos últimos tempos se levantarão
falsos profetas, os quais trarão uma mensagem agradável aos sentidos (conforme
às conscupiscências de cada um), ou seja, uma mensagem de bem-estar imediato,
conformismo com este mundo e propícia à satisfação dos desejos humanos, negando
qualquer possibilidade de sofrimento, perseguição e juízo para a Igreja. Um
evangelho completamente distinto ao ensinado e vivido pela Igreja Primitiva.
Fica aqui a nossa reflexão: Será que já não estamos presenciando isso? Vemos
com muita estranheza o fato de que, na ante-sala dos eventos tribulacionais,
muitos que se intitulam “cristãos” nem sequer abordam esses temas apocalípticos
em suas reuniões...Pelo contrário! Semeia-se subliminarmente a idéia de que é
possível viver um paraíso já neste mundo e que qualquer hipótese se
experimentar os eventos relacionados à perseguição profetizada pelo próprio
Cristo em Mt 24:9-10, não se aplicam a nossa época! Será que somos mais
“especiais” que Pedro, Paulo, Tiago, Estevam, etc? Ou será que tais “profecias
agradáveis” fazem parte do engano já profetizado para os últimos tempos?...
Chegamos à
conclusão que os “falsos profetas”, mencionados pelo Senhor em Mt 24:11, são
enganadores específicos que se levantarão ou, em alguns casos, já se
levantaram, no período relacionado ao princípio de dores, com o objetivo de
apresentar um evangelho deturpado à Igreja, levando-a a ficar despreparada para
a perseguição mundial e institucional que se aproxima. É hora de ficarmos
atentos aos sinais, “comer” a Palavra e não dar ouvidos a falsos profetas que
tentam negar aquilo que está profetizado. Pouco antes de ser martirizado, o
apóstolo Paulo deixa um de seus derradeiros conselhos ao jovem Timóteo:
“Sofre,
pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita
se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para
a guerra.” (2 Tm 2:3-4)
3. Em plena
grande tribulação (versículo 24). Se continuarmos sendo coerentes com a linha
de interpretação adotada (seqüência lógica de acontecimentos), veremos que, em
determinado momento do sermão profético, Jesus começa a detalhar a grande
tribulação. O Mestre esclarece que será uma tribulação sem precedentes (Mt
24:21) e que tal tribulação antecederá imediatamente sua gloriosa volta (Mt
24:29).
Inserida na
narração da grande tribulação, o Senhor volta a mencionar a presença de
enganadores. A exemplo do que fez no começo do sermão profético (Mt 24:4-5) e
no cenário relacionado è perseguição da Igreja “por todas as nações” (Mt
24:11), o Mestre volta a relacionar o surgimento de enganadores, agora
inseridos numa realidade diferente, que é a grande tribulação. Vejamos:
“Porque haverá então grande
aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há
de haver. E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria;
mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias. Então, se alguém
vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito. Porque
surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e
prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo
tenho predito. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não
saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis. Porque, assim
como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também
a vinda do Filho do homem.” (Mt 24:21-27).
Note que no
contexto da grande tribulação, os “falsos cristos” e “falsos profetas” terão a
capacidade de fazer “tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora,
enganariam até os escolhidos”, capacidades que não são mencionadas nos casos
anteriores... Sem dúvidas, o surgimento desses enganadores, inseridos em plena
grande tribulação, estará diretamente associado ao surgimento e atuação do
anticristo e do falso profeta, fazendo com que o poder de atuação desses
enganadores seja muito maior.
É interessante perceber que,
atrelado ao aviso sobre o surgimento desses enganadores em plena grande
tribulação, com um poder de engano muito maior do que os anteriores, o Senhor
Jesus dá uma descrição de como será sua gloriosa volta: “Assim como o
relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda
do Filho do homem”. Ao mesmo tempo, alerta aos discípulos a não irem atrás
de “aparições” de falsos cristos e falsos profetas: “Se vos disserem: Eis
que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não
acrediteis”. Tudo isso nos leva a uma conclusão. Durante a grande
tribulação poderá haver “simulacros” de vinda ou arrebatamento, inseridos nos
sinais malignos que serão operados na época. Simulacros tão convincentes que,
se possível fora, enganaria até os escolhidos!
Imaginemos
uma Igreja perseguida e seus membros sendo literalmente caçados em todo o
mundo. Estamos falando de pessoas que, não obstante terem nascido de novo e
viverem no Espírito, sob um intenso avivamento que a perseguição institucional
contra a Igreja certamente ocasionará, são seres humanos, sujeitos a fraquezas.
Por isso, o alerta especial dado por Jesus é tão importante nesse contexto. Um
hipotético “aparecimento” ou “vinda” de Jesus dentro do cenário tribulacional,
poderá ludibriar aqueles que estarão sendo perseguidos e que não estão atentos
aos sinais profetizados na Palavra! Fica aqui nosso alerta também aos irmãos
midi-tribulacionistas (os que crêem que o arrebatamento se dará em meio à
tribulação). Jesus revela que em meio à grande tribulação haverá “aparições” e
“chamados” para irem após falsos cristos e falsos profetas, num nível de engano
tão profundo que, se possível fora, enganaria até os escolhidos. Não podemos,
então, descartar o simulacro maligno de arrebatamento ou vinda de Jesus em meio
à grande tribulação. Mais uma vez, queremos alertar nossos irmãos
midi-tribulacionistas, aos pré-tribulacionistas e a todos em geral.
COMO
NÃO SER ENGANADO?
Os
escolhidos, aqueles que amam a Palavra e estão atentos aos sinais deixados pelo
Mestre, já têm as armas para não serem enganados no contexto da grande
tribulação. Essa é a grande finalidade do sermão profético proferido por Jesus.
Aquele que seguir à risca o que está determinado na Palavra e ficar atento aos
sinais, não correrá o risco de ser ludibriado por nenhum engano satânico.
Como já
comentamos, quando o Mestre menciona os enganadores que surgirão na grande
tribulação, Ele mostra com será a volta dele, a qual será diferente a qualquer
simulacro maligno:
“Porque, assim como o relâmpago sai do
oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do
homem.” (Mt 24:27)
A vinda de
Jesus será como um relâmpago, visto em toda a extensão dos céus. O próprio
Jesus revela quando e como ocorrerá isso:
“E, logo depois da aflição daqueles dias, o
sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as
potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do
homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem,
vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus
anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde
os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.” (Mt 24:29-31).
Vemos,
então, o Senhor Jesus detalhando que logo após a grande tribulação haverá uma
penumbra geral no planeta. Uma escuridão nunca antes vista. Neste cenário de
escuridão total, aparecerá o sinal de Jesus, “como um relâmpago que sai do
oriente e se mostra até o ocidente”. Tal sinal, de acordo com o Mestre, gerará
a lamentação de todas as tribos da terra, as quais tinham delegado seu poder e
soberania à besta, e todos verão a vinda gloriosa de Jesus. Resta a nós
estarmos atentos a esses sinais, deixados amorosamente pelo Senhor para servir
de “luz” em meio à perdição tribulacional.
Cremos que
esses ensinamentos deveriam ser mais abordados no meio cristão, já que estamos
vivendo no limiar do desfecho deles. Vemos com preocupação que tais informações
deixadas por Jesus para situar seus servos em meio aos acontecimentos
tribulacionais, com o objetivo de não serem enganados, são esquecidos ou
relegados a um segundo plano, principalmente devido à concepção
pré-tribulacionista, a qual torna tais avisos e alertas do Mestre sem sentido
para os cristãos em geral, já que, de acordo com o modelo pré-tribulacionista,
a Igreja já não estará na Terra no período tribulacional.