1 Samuel 25:2-40
Agnóstico e Ateu.
“O Inconseqüente”
Introdução:
· Nabal era um descendente de Calebe que morava em Maom (1Sm 25),
a atual Maim, situada a 11 Kms a sudeste de Hebrom.
· Era “mui poderoso e tinha três mil ovelhas e mil cabras… mas era
duro e maligno nas suas obras”.
· Durante as suas vagueações, Davi chegou ao local onde Nabal morava
e, ouvindo que ele estava prestes a tosquiar as suas ovelhas, enviou-lhe
dez dos seus homens a pedir-lhe “o que achares à mão para os teus
servos”.
· O tempo da tosquia era uma ocasião de mostrar hospitalidade e boa
vontade entre os proprietários de rebanhos. O pedido de Davi era
apenas o que qualquer xeique árabe teria solicitado, mesmo nos tempos
modernos, para proteção dos rebanhos de outrem. Nabal, entretanto,
fiel ao significado de seu nome ("louco") insultou os mensageiros de
Davi. Amontoou insultos contra Davi, como se fosse um ninguém. Não
admira, pois, que Davi tenha ficado indignado e tenha marchado contra
Nabal com 400 homens armados de espadas (12-13).
Nabal ofendeu-se com o pedido e disse de um modo insultuoso: “Quem é Davi
e quem é o filho de Jessé?” (expressão idiomática da época para se referir a um
João-ninguém). Em 1Sm 25, informou-se Abigail (a mulher de Nabal) do fato e
logo se deu conta do perigo que o seu lar estava correndo.
I. A SABEDORIA DE ABIGAIL VS A INSENSATEZ DE NABAL
(1Sm 25.14-35).
Abigail era mulher tão cheia de sabedoria e atrativa quanto seu marido era
insensato e repulsivo. Quando foi informada, por um de seus servos, como os
homens de Davi tinham sido insultados por seu marido, ela imediatamente
começou a agir. O servo calorosamente reconheceu a proteção que havia recebido
dos homens de Davi: De muro em redor nos serviram, assim de dia como de noite
(15-16).
1. Ela dirigiu-se rapidamente para o campo de Davi, levando consigo
imensas provisões (1Sm 25:18). Abigail intercedeu tão cortês e
2persuasivamente, que a ira de Davi foi aplacada e ele lhe disse:
“Bendito o Senhor Deus de Israel, que hoje te enviou ao meu
encontro”.
2. Quando voltou para casa, viu que o marido se mostrava incapaz de
compreender a situação, devido à bebedeira e só no dia seguinte lhe
explicou o que acontecera. Ele ficou atordoado com o perigo a que
ficara exposto, devido à sua conduta. “E se amorteceu nele o seu
coração e ficou ele como pedra”. Dez dias depois, “feriu o Senhor a
Nabal e este morreu” (1Sm 25:37, 38).
Davi havia concedido a Nabal uma proteção especial; o havia honrado;
indiretamente o fez prosperar; o saudou abençoando; mas, não encontrou em
Nabal a hospitalidade desejada, nem generosidade necessária, tão pouca, a gratidão
para com os benefícios recebidos.
Durante muito tempo, os pastores de Nabal tinham levado suas ovelhas para
pastar nos campos de Davi. Lá, receberam segurança, proteção e muitas vezes
comida. Agora, Davi e seus homens, andando pelo deserto de Basã, precisaram de
alimento. Nabal, a quem a Bíblia descreve como homem “duro e maligno em todo o
seu trato”, negou-se a ajudar aquele de quem sempre recebera ajuda. Isso
encolerizou Davi. Tomando quatrocentos homens, ele partiu para destruir o ingrato
e malvado Nabal.
Davi vem para matar Nabal pelo encoberto do monte (20). Uma
fenda ou vale estreito e profundo onde Abigail avançava, sem poder ser vista. Davi
e seus homens vinham montados, descendo pela colina defronte, furiosos de
indignação e prometendo completo aniquilamento.
Seguindo a fórmula usual dos juramentos, a Septuaginta diz: "Assim faça
Deus a Davi" (22), e não aos inimigos de Davi, como diz no hebraico e nesta versão
também. Abigail, ao inteirar-se da atitude insensata do marido, saiu ao encontro de
Davi, levando comida em abundância. Assim, conseguiu apaziguar a ira do futuro
rei de Israel. A Bíblia descreve Abigail como sendo mulher de “bom
entendimento”. Entendimento, entre outras coisas, é a capacidade de
descomplicar a vida, de fazê-la simples, de evitar problemas e criar soluções. Mas,
do marido de Abigail, Nabal, a Bíblia o chama de filho de belial, perverso, maligno
e insensato. Abigail, muito sinceramente e com grande tato, apresentou suas
desculpas (24-25), e prosseguiu: "Ora, meu senhor, assim como Jeová vive, e tua
alma vive, foi Yahweh que te impediu de cair em culpa de sangue e de te salvares
com tua própria mão..." (26). Ela rogou que sua bênção ("presentes") fossem
aceitos, como prova do perdão de Davi (27). Atada no feixe dos que vivem (29).
Uma figura derivada do costume de atar coisas valiosas numa saca, e que descreve
o grande cuidado do Senhor por Davi. Este ficou profundamente comovido e
bendisse a Deus por tê-lo salvo do crime que tencionava praticar, e bendisse Abigail
por tê-lo livrado de vir com sangue (33).
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II. A INSENSATEZ DE NABAL O MATOU.
Quando Abigail retornou ao Carmelo, onde havia um banquete, encontrou
Nabal completamente embriagado. Mas na manhã seguinte, quando ela lhe relatou
o perigo por que havia passado, suas violentas emoções provocaram-lhe um ataque
de paralisia (37). Ele ainda viveu por mais dez dias, mas então faleceu, pois feriu
o Senhor a Nabal (38). Era o julgamento de Deus sobre Nabal, e embora o
Senhor tivesse empregados meios naturais para matar Nabal, o relato bíblico deixa
claro que foi o próprio Deus quem o feriu.
Quanto à ação de Davi, após a morte de Nabal, casando-se com Abigail,
estavam de conformidade com o costume dos chefes orientais, os quais, quando
desejavam certa mulher, mandavam-na buscar para o palácio e ela implicitamente
obedecia. Também tomou Davi a Ainoã de Jezreel, para ser sua esposa (43) isto é,
da Jezreel perto de Maom. Dessa maneira Davi mostra que os costumes das cortes
orientais já estavam começando a ser imitados em Israel. Enquanto reinou em
Hebrom, Davi teve seis esposas (1Cr 3.1-3).
III. O PERIGO DA INSENSATEZ A LUZ DA BÍBLIA.
· Não há no Antigo Testamento um termo hebraico próprio para
expressar o conceito de um homem insensato, o que chamamos hoje
em dia de agnóstico ou ateu. Em Salmos 14.1, o nabal, isto é,
“o louco”, “insensato” é aquele que vive como se Deus não
existisse, ou como que, por não possuir o conhecimento
de Deus, ele diz: Onde está o teu Deus! (cf. Sl 53.1/ Sl 115:1-
2). Este é o louco que blasfema contra o Senhor (Sl 74.18). O povo
de Israel também é definido como “am nabal”, isto é, “povo
insensato, agnóstico e ateu” em razão de não reconhecer os grandes
benefícios proporcionados pelo Senhor Deus de Israel (Dt 32.6).
Nestas referências, o termo hebraico nabal designa, provavelmente, não
alguém que está sinceramente convicto de que Deus não existe, mas que está mal
orientado quanto à existência de Deus por causa da sua própria consciência
pervertida pelo pecado. O texto da Septuaginta traduziu o nome Nabal por: Um
Homem como Cão. Tradução grega do texto hebraico – verte o termo hebraico
citado por aphron, ou seja, “tolo”, “ignorante”. A expressão grega “Ouk estin
Theos”, isto é, “Não há Deus” denuncia o estado de completa ignorância e tolice
de quem assim pensa e vive. O agnosticismo e o ateísmo tanto prático quanto
teórico é, segundo as Escrituras, a principal causa da corrupção e degeneração do
homem (Sl 14; 53; Rm 1.18-32).
Sendo Nabal é a figura do “insensato”, do homem inconseqüente que vive
como se Deus não existisse ou que O confunde com a criação ou com os demais
deuses fabricados pela imaginação perversa dos homens ímpios; Nabal possui um
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“coração insensato” (Rm 1.21). No original a expressão “coração
insensato” (asynetos kardia), é literalmente, “sem entendimento de coração”.
Se considerarmos o termo kardia de acordo com idiomatismo hebraico,
podemos afirmar que o agnóstico e ateu são expressões sociais do homem
que a bíblia chama de insensato; pois o insensato é “aquele que vive sem o
conhecimento de Deus”. E, pelo que se depreende de uma leitura atenciosa de
Romanos 1.18-32, o agnóstico e o ateu são expressões da ignorância que não
conhece o Deus único e verdadeiro. Vários termos empregados por Paulo se
relacionam diretamente à falta de episteme ou conhecimento (consciência) correto
acerca de Deus.
Um hindu, por exemplo, fica com a consciência pesada quando mata uma
vaca. Mas não se importa em sacrificar seus filhos nem se impressiona quando as
viúvas são obrigadas a se lançar sobre as piras onde os corpos de seus falecidos
maridos estão sendo cremados. A consciência se adapta às normas morais de seu
ambiente. Assim era Nabal, um homem de ânimo covarde; e, quando se
compenetrou de quão perto de uma morte súbita a sua loucura o havia conduzido,
pareceu achar-se atacado de uma paralisia ou derrame cerebral. Receoso de que
Davi ainda o estava para prosseguir com seus intuitos de vingança, encheu-se ele
de terror, e prostrou-se em uma condição miserável de irremediável
insensibilidade. Dez dias depois, morreu. A vida que Deus lhe dera tinha sido
apenas uma maldição para o mundo. Em meio a seu regozijo e alegria, Deus lhe
dissera como disse ao homem rico da parábola: "Esta noite te pedirão a tua
alma” (Lc 12:20).
IV. IMPLICAÇÔES CONCLUSIVAS:
· Davi entendeu que não há espiritualidade em se opor aos
tolos. Devemos nos sujeitar a Deus, Ele exercerá a
vingança pelos seus ungidos.
1. O louco arruma problemas para si mesmo e para os seus.
2. Tais problemas por vezes, são os outros que tem que
resolver por ele.
3. O louco é sempre vítima de si mesmo.
4. Será que a maioria dos problemas que
enfrentamos não são resultados da nossa própria
insensatez?
5. Os Pecados de Nabal: (Não honrar o nome da família que
pertencia, viver como si Deus não existisse e afrontar o
ungido de Deus, o rei Davi).
6. Outros pecados de Nabal:
· Sua Extravagância o matou. (bêbedo).
· Seu Apetite era seu deus, comia desordenadamente. (glutonaria).
· Sua Afronta ao Ungido de Deus, trouxe o juízo rápido sobre si
mesmo. (rebelião e insensatez).