domingo, 19 de agosto de 2012

O CATOLICISMO ROMANO É UMA HERESIA


I
O Catolicismo Romano
Até há bem pouco tempo, os melhores livros escritos sobre seitas e heresias não incluíam a Igreja Católica Romana no seu esquema de estudos, talvez devido ao fato de grande parte deles terem sido escritos em países onde essa igreja não exercia suficiente influência para ser notada como tal. Não é esse o caso do Brasil, onde a grande maioria dos membros de nossas igrejas, teoricamente, veio do catolicismo romano, já que essa igreja é ma­joritária (pelo menos nominalmente) em nossa pátria desde o seu descobrimento, em 1500.

I. RESUMO HISTÓRICO DO CATOLICISMO
A Igreja Católica menciona o ano 33 d.C. como a data da sua fundação. Isto vem do fato de que toda ramificação do Cristianis­mo costuma ligar a sua origem à Igreja fundada por Jesus Cristo. Porém, quanto ao desenvolvimento da organização eclesiástica e doutrinária da Igreja Romana, é muito difícil fixar com exatidão a data de sua fundação, porque o seu afastamento das doutrinas bíblicas deu-se paulatinamente.

1.1. Começo da Degeneração
Durante os primeiros três séculos da Era Cristã, a perseguição à Igreja verdadeira ajudou a manter a sua pureza, preservando-a de líderes maus e ambiciosos. Nessa época, ser cristão significava um grande desafio, e aqueles que fielmente seguiam a Cristo sabi­am que tinham suas cabeças a prêmio, pois eram rejeitados e per­seguidos pelos poderosos. Só os realmente salvos se dispunham a pagar esse preço.
Graças à tenacidade e coragem dos Pais da Igreja e dos famo­sos apologistas cristãos, o combate da Igreja às heresias que surgi­ram nessa época resultou numa expressão mais clara da teologia cristã. Quando os imperadores propuseram-se a exterminar a Igre­ja Cristã, só os que estavam dispostos a renunciar o paganismo e a sofrer o martírio declaravam sua fé em Deus.
Logo no início do século IV, Constantino ascendeu ao posto de imperador. Isso parecia ser o triunfo final do Cristianismo, mas, na realidade, produziu resultados desastrosos dentro da Igreja. Em 312, Constantino apoiou o Cristianismo e o fez religião oficial do Império Romano. Proclamando a si mesmo benfeitor do Cristia­nismo, achou-se no direito de convocar um Concilio em Nicéia, para resolver certos problemas doutrinários gerados por determi­nados segmentos da Igreja. Nesse Concilio foi estabelecido o cha­mado "Credo dos Apóstolos".


1.2. Causas da Decadência da Igreja
A decadência doutrinária, moral e espiritual da Igreja come­çou quando milhares de pessoas foram por ela batizadas e recebi­das como membros, sem terem experimentado uma real conver­são bíblica. Verdadeiros pagãos que eram, introduziram-se no seio da Igreja trazendo consigo os seus deuses, que, segundo eles, eram o mesmo Deus adorado pelos cristãos.
Nesse tempo, homens ambiciosos e sem o temor de Deus co­meçaram a buscar posições na Igreja como meio de obter influên­cia social e política, ou para gozar dos privilégios e do sustento que o Estado garantia a tantos quantos fizessem parte do clero. Deste modo, o formalismo e as crenças pagas iam-se infiltrando na Igreja até o nível de paganizá-la completamente.

1.3. Raízes do Papado e da Mariolatria
Desde o ano 200 a.C. até o ano 276 da nossa Era, os impera­dores romanos haviam ocupado o posto e o título de Sumo Pontí­fice da Ordem Babilônica. Depois que o imperador Graciano se negara a liderar essa religião não-cristã, Dâmaso, bispo da Igreja Cristã em Roma, foi nomeado para esse cargo no ano 378. Uni­ram-se assim numa só pessoa todas as funções dum sumo sacer­dote apóstata e os poderes de um bispo cristão.
Imediatamente depois deste acontecimento, começou-se a pro­mover a adoração a Maria como a Rainha do Céu e a Mãe de Deus. Daí procederam todos os absurdos romanistas quanto à hu­milde pessoa de Maria, a mãe do Salvador.
Enquanto se desenvolvia a adoração a Maria, os cultos da Igreja de Roma perdiam cada vez mais os elementos espirituais e a per­feita compreensão das funções sobrenaturais da graça de Deus. Formas pagas, como a ênfase sobre o mistério e a magia, influen­ciaram essa igreja. O sacerdote, o altar, a missa e as imagens de escultura assumiram papel de preponderância no culto. A autori­dade era centralizada numa igreja dita infalível e não na vontade de Deus, conforme expressada pela sua Palavra.

1.4. O Cisma Entre o Oriente e o Ocidente
O cisma entre o Oriente e o Ocidente logo tornou-se evidente. O rompimento final aconteceu, em 1054, com a Igreja Ocidental, ou Romana, sediada em Roma, então Capital do Império, por par­te da Igreja Oriental, ou Ortodoxa, que assim separou-se da Igreja Romana, ficando sediada em Constantinopla, hoje Istambul, na Turquia. A Igreja Oriental guardou a primazia sobre os patriarcados de Jerusalém, Antioquia e Alexandria.
Desde então, a Igreja Romana, nitidamente desviada dos prin­cípios ensinados por Jesus no seu Evangelho, esteve como um barco à deriva, sem saber onde aportar. Até que veio a Reforma Protes­tante, liderada por Martinho Lutero. Foi mais um cisma na já combalida Igreja Romana.

II. PAGANIZAÇÃO DA IGREJA ROMANA
Note a seguir o processo da gradual paganização da Igreja Católica Romana, desde que ela começou a abandonar a simplici­dade do Evangelho de Cristo, até os nossos dias:

Século
Ano
Dogma ou Cerimônia
I-II
33-196
Nesse período da História, a Igreja não aceitou ne­nhuma doutrina anti-bíblica.
II
197
Zeferino, bispo de Roma, começa um movimento herético contra a divindade de Cristo.
III
217
Calixto se torna bispo de Roma, pondo-se à frente da propaganda herética e levando a Igreja de Roma para mais longe do caminho de Cristo.
III
270
Origem da vida monástica no Egito, por Santo Antônio.
IV
370
Culto dos santos professado por Basílio de Cesaréia e Gregório de Nazianzo. Primeiros indícios do turíbulo (incensário), paramentos e altares nas igre­jas, usos esses introduzidos pela influência dos pagãos convertidos.
IV
400
Orações pelos mortos e sinal da cruz feito no ar.
V
431
Maria é proclamada a "Mãe de Deus".
VI
593
O dogma do Purgatório começa a ser ensinado.
VI
600
O latim passa a ser usado como língua oficial nas VI                            celebrações litúrgicas.
VII
609
Começo histórico do papado.
VIII
758
A confissão auricular é introduzida na igreja por re­ligiosos do Oriente.
VIII
789
Início do culto das imagens e das relíquias.
IX
819
A festa da Assunção de Maria é observada pela pri­meira vez.
IX
880
Canonização dos santos.
X
998
Estabelecimento do Dia de Finados.
X
998
Quaresma.
X
1000
Cânon da Missa.
XI
1074
Proíbe-se o casamento para os sacerdotes.
XI
1075
Os sacerdotes casados devem divorciar-se, compulsoriamente, cada um de sua esposa.
XI
1095
Indulgências plenárias.
XI
1100
Introduzem-se na igreja o pagamento da missa e o culto aos anjos.
XI
1115
A confissão é transformada em artigo de fé.
XII
1025
Entre os cônegos de Lião aparecem as primeiras idéi­as da Imaculada Conceição de Maria.
XII
1160
Estabelecidos os 7 sacramentos.
XII
1186
O Concilio de Verona estabelece a "Santa Inquisição".
XII
1190
Estabelecida a venda de indulgências.
XII
1200
Uso do rosário por São Domingos, chefe da inquisição.
XII
1215
A transubstanciação é transformada em artigo de fé.
XIII
1220
Adoração à hóstia.
XIII
1226
Introduz-se a elevação da hóstia.
XIII
1229
Proíbe-se aos leigos a leitura da Bíblia.
XIII
1264
Festa do Sagrado Coração.
XIII
1303
A Igreja Católica Apostólica Romana é proclamada como sendo a única verdadeira, e somente nela o homem pode encontrar a salvação...
XIV
1311
Procissão do Santíssimo Sacramento e a oração da Ave-Maria.
XIV


XV
1414
Definição da comunhão com um só elemento, a hós­tia. O uso do cálice fica restrito ao sacerdote.
XV
1439
Os 7 sacramentos e o dogma do Purgatório são trans­formados em artigos de fé.
XVI
1546
Conferida à Tradição autoridade igual a da Bíblia.
XVI
1562
Declara-se que a missa é oferta propiciatória e con­firma-se o culto aos santos.
XVI
1573
É estabelecida a canonicidade dos livros apócrifos.
XIX
1854
Definição do dogma da Imaculada Conceição de Maria.
XIX
1864
Declaração da autoridade temporal do papa.
XIX
1870
Declaração da infalibilidade papal.
XX
1950
A assunção de Maria é transformada em artigo de fé.


Vale salientar que alguns dos dados aqui registrados são ape­nas aproximados, pois muitas e muitas vezes as doutrinas eram discutidas, algumas durante séculos, antes de serem finalmente aceitas e promulgadas como artigos de fé, ou dogmas. Um exem­plo disto é o dogma do Purgatório, introduzido na Igreja Romana em 593, mas só declarado artigo de fé no ano de 1439.

III. É PEDRO O FUNDAMENTO DA IGREJA?
A Igreja Católica Romana considera o apóstolo Pedro como a pedra fundamental sobre a qual Cristo edificou a sua Igreja. Para fundamentar esse ensino, apela, principalmente, para a passagem de Mateus 16.16-19: "E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as cha­ves do Reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus".
Dessa passagem, a Igreja Romana deriva o seguinte raciocínio:
a. Pedro é a rocha sobre a qual a Igreja está edificada.
b. A Pedro foi dado o poder das chaves, portanto, só ele detém o poder de abrir a porta do Reino dos céus.
c. Pedro tornou-se o primeiro bispo de Roma.
d. Toda autoridade foi conferida a Pedro até nossos dias, atra­vés da linhagem de bispos e papas, todos vigários de Cristo na Terra.

3.1. Uma Interpretação Absurda
Partindo deste raciocínio, o padre Miguel Maria Giambelli põe o versículo 19 de Mateus 16 nos lábios de Jesus, da seguinte ma­neira: "Nesta minha Igreja, que é o reino dos céus aqui na terra, eu te darei também a plenitude dos poderes executivos, legislativos e judiciários, de tal maneira que qualquer coisa que tu decretares, eu a ratificarei lá no Céu, porque tu agirás em meu nome e com a minha autoridade" (A Igreja Católica e os Protestantes, p. 68).
Numa simples comparação entre a teologia vaticana e a Bí­blia, a respeito do apóstolo Pedro e sua atuação no seio da igreja nascente, descobre-se quão absurda é a interpretação romanista a respeito da pessoa e ministério desse apóstolo do Senhor. Mesmo numa despretensiosa análise do assunto, conclui-se que:
1) Pedro jamais assumiu no seio do Cristianismo nascente a posição e as funções que a teologia católico-romana procura atri­buir-lhe.
O substantivo feminino petra designa do grego uma rocha gran­de e firme. Já o substantivo masculino petros é aplicado geralmen­te a pequenos blocos rochosos, móveis, bem como a pedras pe­quenas, tais como a pedra de arremesso. Pedro é petros = bloco rochoso e móvel e não petra = rocha grande e firme. Portanto, uma igreja sobre a qual as portas do inferno não prevaleceriam não poderia repousar sobre Pedro.
2) De acordo com a Bíblia, Cristo é a pedra. "Estavas vendo isso, quando uma pedra foi cortada, sem mão, a qual feriu a está­tua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou" (Dn 2.34).
"Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina" (Ef 2.20).
Nestes versículos, "pedra" se refere a Cristo e não a Pedro.
Diz o apóstolo Pedro: "Este Jesus é a pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular" (At 4.11, cf. Mc 12.10e 11). (Se desejar leia ainda Romanos 2.20; 9.33; 1 Coríntios 10.4 e 1 Pedro 2.4.)

3-2. O Testemunho dos Pais da Igreja
Dos oitenta e quatro Pais da Igreja antiga, só dezesseis crêem que o Senhor se referia a Pedro quando disse "esta pedra". Dos outros Pais da Igreja, uns dizem que esta expressão se refere à pessoa de Cristo mesmo, outros, à confissão que Pedro acabara de fazer, e outros, ainda, a todos os apóstolos. Portanto, se apelarmos para os Pais da Igreja dos primeiros quatro séculos, as pretensões da Igreja Romana com referência a Pedro, redundam em sofismas.
Só a partir do século IV começou-se a falar a respeito da pos­sibilidade de Pedro ser a pedra fundamental da Igreja, e isto estava intimamente relacionado com a pretensão exclusivista do bispo de Roma.
À luz das palavras do próprio apóstolo Pedro, Cristo é apetra (= rocha grande e firme): "Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa" (1 Pe 2.4).
Todos os crentes são petros = blocos rochosos e moveis, "...vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espiri­tuais, agradáveis a Deus, por intermédio de Jesus Cristo" (1 Pe 2.5).

IV. O ALEGADO PRIMADO DE PEDRO
Da interpretação doutrinária que a Igreja Católica Romana faz de Mateus 16.16-19, deriva outro grande erro: o ensino de que Jesus fez de Pedro o "Príncipe dos Apóstolos", pelo que veio a se tornar o primeiro bispo de Roma, do qual os papas, no decorrer dos séculos, são legítimos sucessores.
Esteve Pedro em Roma alguma vez?
Há uma opinião sobre uma remota possibilidade de que Pedro tenha estado em Roma.
Oscar Cullman, teólogo alemão, escreve: "A primeira carta de Pedro... alude em sua saudação final (5.13) à estada de Pedro em
Roma, ao falar de 'Babilônia' como lugar da comunidade que en­via saudações, pois que a opinião mais provável é que 'Babilônia' designa Roma".
Também Lietzmann, em sua obra Petrus and Paulus in Rome (Pedro e Paulo em Roma), assim se expressa sobre o assunto:
"Mais importante, porém, é a debatida afirmação de que Pedro, no decurso de sua atividade missionária, tenha chegado a Roma e aí morrido como mártir. Visto que esta questão está inti­mamente relacionada com a pretensão romana ao primado, freqüentemente a polêmica confessional influi na discussão. A resposta a ela só pode ser fruto de pesquisa histórica desinteres­sada. Como, porém, ao lado das fontes neotestamentárias, vêm, em consideração, principalmente testemunhos extra e pós-canônicos da literatura cristã antiga, e, além disto, documentos litúrgicos posteriores, e ainda escavações recentes, esta questão não pode ser aqui discutida em todos os seus pormenores. Que­remos apenas lembrar que, até a segunda metade do século II, nenhum documento afirmava expressamente a estada e martírio de Pedro em Roma".

4.1. Pedro, um Papa Diferente
Tenha ou não estado em Roma, o fato é que, se Pedro foi papa, foi um papa diferente dos demais que apareceram até agora. Se não, vejamos:
a. Pedro era financeiramente pobre (At 3.6).
b. Pedro era casado (Mt 8.14,15).
c.  Pedro foi um homem humilde, pelo que não aceitou ser adorado pelo centurião Cornélio (At 10.25,26).
d. Pedro foi um homem repreensível (Gl 2.11-14).
É de estranhar que Tiago — e não Pedro, o "Príncipe dos Apóstolos", como ensina a teologia vaticana, fosse o pastor da comunidade cristã em Jerusalém (At 15). Se Pedro tivesse sido papa, cer­tamente não teria aceito a orientação dos líderes da Igreja quanto à obra missionária (At 15.7). Se Pedro tivesse sido papa, a ordem das "colunas", conforme Paulo escreve em Gálatas 2.9, seria: "Cefas, Tiago e João", e não "Tiago, Cefas e João".

4.2. O Papa, um Pedro Diferente
A própria história do papado é uma viva demonstração de que os papas jamais conseguiram provar serem sucessores do apóstolo Pedro, já que em nada se assemelham àquele inflamado, mas hu­milde, servo do Senhor Jesus Cristo.
Vejamos, por exemplo:
a. Os papas são administradores de grandes fortunas da igreja. O clérigo José Maria Alegria, da Universidade Gregoriana de Roma, declarou, no final do ano de 1972, que o balanço financeiro do Vaticano dispunha de um ativo de um bilhão de dólares.
b. Os papas são celibatários, isto é, não se casam, não obstante ensinarem que o casamento é um sacramento.
c. Os papas freqüentemente aceitam a adoração dos homens.
d. Os papas consideram-se infalíveis nas suas decisões e decretos.

V. O PURGATÓRIO
A idéia do Purgatório tem suas raízes no budismo e em outros sistemas religiosos da antigüidade. Até a época do papa Gregório I, porém, o Purgatório não havia sido oficialmente reconhecido como parte integrante da doutrina romanista.
Esse papa adicionou o conceito de fogo purificador à crença, então corrente, de que havia um lugar entre o céu e o inferno, para onde eram enviadas as almas daqueles que não eram tão maus, a ponto de merecerem o inferno, mas também, não eram tão bons, a ponto de merecerem o céu. Assim, surgiu a crença de que o fogo do Purgatório tem poder de purificar a alma e todas as suas escóri­as, até fazê-la apta a se encontrar com Deus.

5.1. Alegadas Razões Desse Dogma
Buscando provar a existência do Purgatório, a Igreja Romana apela para algumas passagens bíblicas, das quais extrai apenas fal­sas inferências, e nada mais. Entre os versículos preferidos, desta­cam-se os seguintes:
• "Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do ho­mem ser-lhe-á isso perdoado; mas se alguém falar contra o Espíri­to Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir" (Mt 12.32).
• "Digo-vos que toda palavra frívola que proferirem os ho­mens, dela darão conta no dia de juízo" (Mt 12.36).
• "...se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo" (1 Co 3.15).

5.2. Uma Descrição do Purgatório
De acordo com a teologia romanista, o Purgatório, além de ser um lugar de purificação, é também um lugar onde a alma cum­pre pena; pelo que o fogo do Purgatório deve ser temido grande­mente. O fogo do Purgatório será mais terrível do que todo o sofri­mento corporal reunido. Um único dia nesse lugar de expiação poderá ser comparado a milhares de dias de sofrimentos terrenos.
O escritor católico Mazzarelli faz seus cálculos à base de trin­ta pecados veniais por dia, e, para cada pecado, um dia no Purga­tório, perfazendo um total de mil e oitocentos anos, caso o peca­dor tenha sessenta anos de vida na Terra, devendo-se acrescentar aos veniais os pecados mortais absolvidos, mas não plenamente expiados.

5.3. Quem Vai para o Purgatório?
A pergunta: Que espécie de gente vai para o Purgatório? — responde o papa Pio IV: "1. Os que morrem culpados de pecados menores, que costumamos chamar veniais, e que muitos cristãos cometem — e que, ou por morte repentina, ou por outra razão, são chamados desta vida, sem que se tenham arrependido destas faltas ordinárias. 2. Os que, tendo sido formalmente culpados de peca­dos maiores, não deram plena satisfação deles à justiça divina" (A Base da Doutrina Católica Contida na Profissão da Fé).

Pátio da Catedral de São Pedro, em Roma, centro de peregrinação e de paganização do mundo

Apesar do fato de as almas no Purgatório, segundo o ensino da Igreja Romana, terem sido já justificadas no batismo e pelo batismo, a justiça divina, contudo, não ficou plenamente satisfei­ta. Desse modo, a alma, embora escape do inferno, precisa supor­tar, por causa dos seus pecados que ainda restam por expiar depois da morte, a punição temporária do Purgatório. Isso foi categorica­mente afirmado pelo Concilio de Trento: "Se alguém disser que, depois de receber a graça da justificação, a culpa é perdoada ao pecador penitente, e que é destruída a penalidade da punição eter­na, e que nenhuma punição fica para ser paga, ou neste mundo ou no futuro, antes do livre acesso ao reino a ser aberto, seja anátema" (Seção VI).

5.4. Sufrágios pelos que se Acham no Purgatório
Entre o que pode assistir aos que se encontram no Purgatório, há três atos que se destacam no ensino romanista, que são:

5.4.1. Orações pelos mortos
E de se supor que a prática romanista de interceder pelos mor­tos tenha-se gerado da falsa interpretação às seguintes palavras de Paulo: "Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súpli­cas, orações, intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens" (1 Tm2.1).

5.4.2. Missas
As missas são tidas como os principais recursos empregados em benefício das almas que estão no Purgatório, pois, segundo o ensino romanista, a missa beneficia não só a alma que sofre no Purgatório, como também acumula méritos àqueles que as mandam dizer.

5.4.3. Esmolas
Dar esmolas com a intenção de aplicá-las nas necessidades da alma que pena no Purgatório "é jogar água nas chamas que a de­voram". Pretende a Igreja Romana que, "exatamente como a água apaga o fogo mais violento, assim a esmola lava o pecado".
Ainda sobre o Purgatório, o Concilio de Trento declarou: "Des­de que a Igreja Católica, instruída pelo Espírito Santo nos sagra­dos escritos e pela antiga tradição dos Pais, tem ensinado nos san­tos concílios, e ultimamente, neste Concilio Ecumênico, que há o Purgatório, e que as almas nele retidas são assistidas pelos sufrá­gios das missas, este santo concilio ordena a todos os bispos que, diligentemente, se esforcem para que a salutar doutrina concernente ao Purgatório — transmitida a nós pelos veneráveis pais e sagra­dos concílios — seja crida, sustentada, ensinada e pregada em toda parte pelos fiéis de Cristo" (Seção XXV).

5.5. Refutação
O Purgatório não é somente uma fábula engenhosamente mon­tada, mas a sua doutrina se constitui num vergonhoso sacrilégio à honra de Deus e num desrespeito à obra perfeita efetuada por Cristo na cruz do Calvário. Essa doutrina, além de absurda e cruel, supõe os seguintes disparates e blasfêmias:
• Não obstante Deus declare que já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1), contudo, Ele se con­tradiz a si mesmo quando lança o salvo no Purgatório, para expiar os pecados já purgados.
• Deus não queima os seus filhos no Purgatório para satisfazer à sua justiça já satisfeita pelo sacrifício de Cristo, mas para satis­fazer a si mesmo!
• Ao lançar seus filhos no Purgatório, Deus está com isto di­zendo que o sacrifício do seu Filho foi imperfeito e insuficiente!
• Jesus, que dos céus intercede pelos pecadores, vê-se impos­sibilitado de livrar as almas que estão no Purgatório, porque só o papa possui a chave daquele cárcere!
• Dizer que as almas expiam suas faltas no Purgatório é atri­buir ao fogo o poder do sacrifício de Jesus, e ignorar completa­mente a obra que Cristo efetuou no Gólgota!
• Que o castigo do pecado fica para depois de perdoado!
Estes disparates provêm dum erro da teologia vaticana, se­gundo o qual a obra expiatória de Cristo satisfez a pena devida aos pecados cometidos antes do batismo, e não daqueles que foram cometidos posteriormente.
Todas estas incoerências sobre o dogma do Purgatório estão em contradição com as seguintes afirmações bíblicas:
a. Quanto à perfeita libertação do pecado (Jo 8.32,36).
b. Quanto ao completo livramento do juízo vindouro (Jo 5.24).
c. Quanto à completa justificação pela fé (Rm 5.1,2).
d. Quanto à intercessão de Cristo (1 Jo 2.1).
e. Quanto ao atual estado dos salvos mortos (Lc 23.43;Ap 14.13).
f. Quanto à bem-aventurada esperança do salvo (Fp 1.21,23;2Co5.8).
O que a Igreja Católica Romana chama "Purgatório", a Bíblia chama "Gehenna", ou "Inferno", lugar de suplício eterno, de onde aqueles que nele são lançados, jamais sairão (leia Lucas 16.19-31 e veja que nada poderá ser feito em favor daqueles infelizes que são lançados nesse lugar de terrível suplício). A esses está ordena­do morrerem uma só vez, vindo depois disto o juízo (Hb 9.27), quando serão julgados e condenados ao Lago de Fogo.
A salvação oferecida por Cristo é uma salvação perfeita e to­tal, pois ela é o resultado da misericórdia de Deus e do sangue do seu amado Filho.
"Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 Jo 1.7,9).
O purgatório do crente é o sangue de Jesus.

VI. A TRADIÇÃO E A BÍBLIA
Em 1929, sobre a Bíblia, escreveu o padre Bernhard Conway: "A Bíblia não é a única fonte de fé, como Lutero en­sinou no século XVI, porque, sem a interpretação de um apostolado divino e infalível, separado da Bíblia, jamais pode­remos saber, com certeza, quais são os livros que constituem as Escrituras inspiradas, ou se as cópias que hoje possuímos con­cordam com os originais. A Bíblia, em si mesma, não é mais do que letra morta, esperando por um intérprete divino; ela não está arranjada de forma sistemática; é obscura, e de difícil en­tendimento, como São Pedro diz de certas passagens das Car­tas de Paulo (2 Pe 3.16, cf. At 8.30,31); como ela é, está aberta à falsa interpretação. Além disso, certo número de verdades reveladas têm chegado a nós, somente por meio da Tradição divina" (The Question Box).
No Compêndio do Vaticano II, lê-se o seguinte: "Não é atra­vés da Escritura apenas que a Igreja deriva sua certeza a respeito de tudo que foi revelado. Por isso ambas (Escritura e Tradição) devem ser aceitas e veneradas com igual sentido de piedade e re­verência" (p. 127).

6.1. Estabelecida a Tradição
Desde que muitas inovações anticristãs começaram a ser acei­tas pela Igreja Romana, esta começou a ter dificuldades em como justificá-las à luz das Escrituras. Desse modo, em vez de deixar o paganismo e voltar-se para a Bíblia, o clero fez exatamente o con­trário: no Concilio de Tolosa, em 1229, tomaram a medida extre­ma de proibir o uso da Bíblia pelos leigos.
Até a Reforma Protestante, a Igreja Católica Romana não ha­via ainda tomado nenhuma posição no sentido de conferir à Tradição autoridade igual à da Bíblia Sagrada. Isto devido à generaliza­da ignorância do povo a respeito das Escrituras. Porém, com o advento da Reforma Protestante no século XVI, o valor da Bíblia, como única regra de fé e prática do cristão, foi exaltado, e a sua mensagem pregada onde quer que se fizesse sentir a influência desse evento. Como a maioria dos dogmas da Igreja Romana não tivesse o apoio da Bíblia, o clero em mais uma demonstração de rejeição das Escrituras, foi levado a estabelecer a Tradição como autoridade para apoiar os seus dogmas e enganos.
A ênfase bíblica da mensagem reformada forçou o clero da Igreja Romana a reavaliar a decisão do Concilio de Tolosa, e pas­sou a permitir a leitura da Bíblia pelos leigos, desde que satisfeitas as seguintes exigências:
a. Que a Bíblia fosse editada ou autorizada pelo clero;
b. Que os leigos não formassem juízo próprio dos seus ensinos;
c. Que os leigos só aceitassem a sua interpretação quando fei­ta pelo clero.
Impedidos de interpretar a Bíblia por si mesmos, os leigos estavam privados da possibilidade de ver quão desrespeitosos à Bíblia são os dogmas acobertados pela Tradição. Só dessa forma, os dogmas fundamentados na Tradição estariam resguardados de julgamento e a Bíblia reduzida, assim, a um livro ininteligível e destituído de autoridade.
"A questão da autoridade na Igreja Romana foi sempre uma dolorosa questão, mas a História revela que a sua tendência sem­pre foi de flutuar de um para outro ponto, com propensão para fincar-se no papado. Esta foi a evolução da autoridade: das Escri­turas para a Tradição, desta para a Igreja, da Igreja para o clero e deste para o papado que, em 1870, diria: A tradição sou eu" (Fé e Vida, maio de 1943).

6.2. Tradição, Traição ao Evangelho
A Tradição da Igreja Romana é, sem dúvida alguma, um "ou­tro evangelho" (Gl 1.8); antítese do Evangelho do Senhor Jesus
Cristo. Ela não tinha lugar na igreja primitiva. O Evangelho só, contém "todo o conselho de Deus" (At 20.27), dispensando, por­tanto, a tradição vaticana.
Paulo, o maior escritor e doutrinador do Novo Testamento, cujo ministério estava fundamentado no Evangelho, falou sobre a suficiência deste quando escreveu: "Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos nossos pecados, se­gundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Co 15.3,4, ênfase do autor).
A Tradição não pode resistir a uma análise por parte de famo­sos cristãos da antigüidade, tampouco diante das Escrituras.
Cipriano, no século III, disse: "A tradição, sem a verdade, é o erro envelhecido".
Tertuliano afirmou: "Cristo se intitulou a Verdade, mas não a tradição... Os hereges são vencidos com a Verdade e não com no­vidades".
No ano 450, disse Venâncio: "Inovações são coisas de hereges e não de crentes ortodoxos".
Jerônimo, o tradutor da "Vulgata", tradução oficial da Bíblia usada pela Igreja Romana, escreveu: "As coisas que se inventam e se apresentam como tradições apostólicas, sem autoridade e teste­munho das Escrituras, serão atingidas pela Espada de Deus".
A Confissão de Fé de Westminster traz num dos seus decretos algo que os católicos deveriam ler e não esquecer, que diz: "O Supremo Juiz, pelo qual todas as controvérsias de religião são de­terminadas e todos os decretos de concílios, opiniões de escritores antigos, doutrinas de homens e espíritos privados serão examina­dos e cujas sentenças devemos acatar, não pode ser outro senão o Espírito Santo, falando através das Escrituras."

VII. A VIRGEM MARIA
A essência da adoração na Igreja Católica Romana gira não em torno do Pai, do Filho e do Espírito Santo, mas da pessoa da Virgem
Maria. No decorrer dos séculos as mais diferentes e absurdas crendi­ces têm sido criadas em torno da humilde mãe do Salvador.

7.1. A Teologia Mariana
Decreta o Concilio Vaticano II: "Os fiéis devem venerar a memória primeiramente da gloriosa sempre Virgem Maria, Mãe de Deus e de nosso Senhor Jesus Cristo".
Dentre as muitas declarações em torno de Maria, destacam-se as seguintes:

7.1.1. Concebida sem pecado
"Daí não admira que nos Santos Padres prevalece o costume de chamar a Mãe de Deus toda santa, imune de toda mancha de pecado, como que plasmada pelo Espírito Santo e formada nova criatura" (Compêndio Vaticano II, p. 105).

7.1.2. Sempre virgem
"Maria sempre foi virgem: Esta é doutrina tradicional da Igre­ja Católica. No entanto a grande maioria das Igrejas Protestantes afirma que Maria não guardou a sua virgindade e teve outros fi­lhos além de Jesus" (A Igreja Católica e os Protestantes, p. 88).

7.1.3. Medianeira e intercessora
"A Bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de Advogada, Auxiliadora, Adjutriz, Medianeira" (Com­pêndio Vaticano II, p. 109).

7.2. O Cúmulo do Absurdo
Há alguns anos foi publicado na imprensa de uma capital lati­no-americana um discurso de um cardeal católico-romano. O emi­nente prelado recorda este sonho. Ele sonhou que estava na cidade celestial. Ouviu-se bater à porta. Foi comunicado a Deus que um pecador da Terra estava pedindo entrada. "Cumpriu ele as condi­ções?" foi a pergunta. A resposta foi: "Não!" "Então não pode entrar", foi o veredicto. Nesse ponto, a virgem Maria, que estava sentada à direita do seu Filho, falou: "Se esta alma não entrar eu me ponho fora". A porta abriu-se e o pecador entrou.

7.3.0 Testemunho das Escrituras
Invocando o testemunho das Escrituras, concluímos que:

7.3.1. Maria não foi concebida sem pecado
O que a Bíblia declara é que "todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3.23). Só a respeito de Cristo é que pode ser dito: "Com efeito nos convinha um sumo sacerdote, assim como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores, e feito mais alto do que os céus" (Hb 7.26).

7.3.2. Maria teve outros filhos
Além de João 2.12, o Novo Testamento se refere aos irmãos de Jesus, ainda em Mateus 12.46; 13.55,56; Marcos 3.31; Lucas 8.19; João 7.3,5,10; Atos 1.14; 1 Coríntios 9.5 e Gálatas 1.19. Os ensinadores romanistas dizem que aqueles a quem o Novo Testa­mento chama de irmãos de Jesus, na realidade são seus primos. Esta interpretação é errônea e visa fortalecer o dogma da perpétua virgindade de Maria (leia Lucas 1.36, e veja que irmãos e primos são distintos no Novo Testamento).
O fato de Maria ter sido virgem no ato da concepção de Jesus é ponto pacífico nas Escrituras, porém, afirmar que ela continuou virgem após o parto é antítese de Mateus 1.25: "Contudo, não a conheceu, enquanto não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus".

7.3.3. Maria não exerce mediação a favor do pecador
"Porque há um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1 Tm 2.5). "Se, todavia, alguém pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo" (1 Jo 2.1).

7-3-4- Só Cristo intercede pelo pecador
"Por isso também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (Hb 7.25).
Epifânio, grande apologista cristão do século IV, diz o seguin­te aos católicos de hoje:
"Não se devem honrar os santos além do que é justo, mas deve-se honrar o Senhor deles. Maria, de fato, não é Deus nem recebeu do céu o seu corpo, mas de uma concepção de um homem e de uma mulher. Santo é o corpo de Maria; ela é virgem e digna de muita honra mas não foi dada para adoração, antes, ela adora aquele que nasceu da sua carne. Honre-se Maria, mas adore-se o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ninguém adore a Virgem Maria".
Ao mesmo tempo, disse Ambrósio de Milão: "Maria era o templo de Deus, não o Deus do templo. Deve-se adorar então so­mente aquele que opera no templo".

VIII. A MISSA
Dentre os muitos chamados "sacramentos" da Igreja católica Romana, destaca-se a missa.

8.1. Definição da Missa
O que a missa é no contexto do Catolicismo Romano é defini­do pelo padre Miguel Maria Giambelli:
"O que nós, católicos, chamamos 'missa', os primeiros cris­tãos de Jerusalém chamavam de 'partir do pão', porque foi exata­mente isto o que fez Jesus na última ceia: 'Tomou o pão, deu gra­ças e partiu...'" S. Paulo lembra aos coríntios que todas as vezes que eles se reúnem para comer deste pão e beber deste cálice, anunciam a morte do Senhor, isto é, eles renovam o sacrifício do Calvário.
"O apóstolo Paulo alerta os coríntios de que aquele pão e aquele vinho, após as palavras consagradas, não são mais pão e vinho comuns, mas são algo de misterioso que esconde o corpo sagrado de Jesus, e quem, portanto, se atrever e comer deste pão e beber deste vinho sem as devidas condições espirituais, comete uma pro­fanação tão sacrílega que o torna réu de um crime contra o corpo e o sangue do Senhor Jesus. Daí porque São Paulo continua alertando os coríntios a tomarem muito a sério o ato de comer deste pão e beber deste cálice consagrado na eucaristia, porque quem os come e bebe sem crer firmemente que são corpo vivo de Cristo, e, por­tanto, sem fazer distinção entre o pão comum da padaria e pão consagrado 'come e bebe sua própria condenação!'" (A Igreja Católica e os Protestantes, p. 27).
Deste ensino deduz-se que Giambelli afirma:

a. Missa e santa ceia do Senhor são a mesma coisa.
b. A missa renova o sacrifício do Calvário.
c. O pão e o vinho usados na missa são transubstanciados no próprio corpo de Cristo no momento da celebração.
d. Quem não diferençar o pão que é servido na missa do que é vendido na padaria, "come e bebe sua própria condenação".

8.2.0 Que Dizem as Escrituras
Esse ensino é errado, portanto, contrário àquilo que as Escri­turas Sagradas ensinam.
O recurso que a Igreja Romana usa para confundir o significa­do da expressão "... em memória..." com a palavra "... renovar", se constitui numa incoerência, primeiro à luz da Bíblia, e depois à luz da gramática. No Dicionário da Língua Portuguesa, de Augusto Miranda, a expressão "em memória" tem como sinônimo a ex­pressão "em lembrança"; enquanto a palavra "renovar" tem como sinônimo a palavra "recompor". Portanto, uma nada tem a ver com a outra.
Se a morte de um amigo nos vem à memória, isto não é a mesma coisa que renová-la. Existem vários versículos na Bíblia que falam da impossibilidade de se renovar o sacrifício de Cristo, entre os quais se destacam: Hebreus 7.26,27; 10.12-14; 1 Pedro 3.18 e Romanos 6.9.

8.3. O Problema da Transubstanciação
Não há um só versículo nas Escrituras em apoio à tese do Concilio de Trento de que o pão e o vinho usados na missa, ao serem consagrados, tornam-se, ou transubstanciam-se, em Jesus, física e espiritualmente, assim como Ele está no céu. Veja, por exemplo:
a. Mesmo após a ressurreição, não obstante gozando do privi­légio de um corpo espiritual, Jesus não bilocou-se, isto é, Ele não esteve em dois lugares ao mesmo tempo. Se estava em Emaús, não estava em Jerusalém. Ele estava num só lugar de cada vez. Como pretende, pois, a teologia vaticana provar que Jesus esteja fisica­mente, tanto no céu como nas hóstias espalhadas nos sacrários dos templos católicos por todo o mundo?
b. Quando Jesus diz: "E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos" (Mt 28.10), Ele não sugere que estaria fisicamente através do pão e do vinho da missa, mas espiri­tualmente, assim como esteve com Paulo, conforme Atos 18.9,10.
c. O corpo de Cristo hoje na Terra não é o pão e o vinho usa­dos na celebração da missa, mas a sua Igreja, conforme mostram as seguintes passagens bíblicas: 1 Coríntios 10.16,17; 12.27; Efésios 1.22,23; 4.15,16; 5.30.
Outra prova de que missa e santa ceia do Senhor são cerimô­nias diferentes, é que na missa os comungantes só tomam um ele­mento (a hóstia) enquanto o vinho é tomado exclusivamente pelo padre celebrante, quando a ordem novitestamentária é: "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice" (1 Co 11.28).

IX. OS LIVROS APÓCRIFOS
Muitas perguntas têm sido feitas e muitas questões têm sido levantadas quanto aos livros apócrifos. Os católicos chegam mesmo a afirmar que a Bíblia usada pelos evangélicos (aos quais cha­mam "protestantes") é incompleta e falha por faltarem nela os li­vros apócrifos. Muitos evangélicos, por sua vez, perguntam por que a nossa Bíblia não contém tais livros.

9.1. Definição de "Apócrifo"
Empregamos aqui o termo apócrifo num sentido restrito, for­çando um pouco o sentido original da palavra, e pondo de parte o caráter de certos escritos, aos quais o referido termo se aplica. A palavra "apócrifo", literalmente, significa "oculto". Porém, no decorrer dos tempos e em razão do uso, o termo já não tem o sen­tido de "oculto", mas de "espúrio", isto é, "não-puro".
No tempo da Reforma, o termo "apócrifo" foi definitivamente aplicado a esses livros não-canônicos contidos na Vulgata, pois não faziam parte do cânon hebraico. Seu significado oposto ao termo "canônico" acarretou, para esses livros, o desprezo que se sentia pela literatura apocalíptica e oculta, tanto judaica como cristã-judaica.

9.2. Relação dos Apócrifos
O número de livros apócrifos vai muito além daqueles que a Bíblia de uso católico contém, porém os mais conhecidos, e aqui citados, são aqueles que foram aprovados pela Igreja Católica no Concilio de Trento, em 1546. Destes, mais da metade são inseridos nas Bíblias de edição católica. Alguns desses livros são também inseri­dos em Bíblias de editoras protestantes, para estudo e investigação da crítica textual e devido ao seu relativo valor histórico.
Os apócrifos consistem em livros assim chamados, e em acrés­cimos a livros canônicos. A sua aprovação pela Igreja Católica deu-se, como já dissemos, em 1546, no Concilio de Trento, em meio a intensa controvérsia, havendo inclusive luta física resul­tante da contenda e dos debates em torno deles. Os livros, e acrés­cimos a livros canônicos, aprovados, foram os seguintes: Tobias, Judite, acréscimo ao livro canônico de Ester, Sabedoria de Salomão,
Eclesiástico, Baruque (contendo a Epístola de Jeremias), Cântico dos Três Santos Filhos (acréscimo a Daniel), História de Susana e Bel e o Dragão (também acréscimos a Daniel), 1 e 2 Macabeus.
Eram 14 os principais apócrifos do Antigo Testamento. Des­tes, os não reconhecidos pelo Concilio de Trento foram 1 e 2 Esdras e A Oração de Manasses.

9.3. Questões a Considerar
Por que estes livros são considerados apócrifos e não canônicos? A razão óbvia é que eles não suportam uma prova de canonicidade, como é mostrado a seguir:
• Eles nunca fizeram parte do cânon hebraico.
• Eles nunca foram citados no Antigo Testamento.
• Joséfo, o historiador judeu, os omite em seus escritos.
• Nenhum deles reclama a inspiração divina para si.
• Eles contêm erros históricos, geográficos e cronológicos.
• Eles ensinam e apóiam doutrinas que são contrárias às Escri­turas em geral.
• Como literatura, às vezes não passam de mitos e lendas.
• Em geral, seu nível espiritual e moral deixa muito a desejar.
• Jesus não os cita em seus escritos.
• Os apóstolos e escritores dos Evangelhos, das Epístolas e do Apocalipse não se referem a eles nos seus escritos.
• Os famosos Pais da Igreja primitiva não se reportam a eles como fonte de inspiração dos seus escritos.
• Eles foram escritos muito tempo depois de encerrado o cânon do Antigo Testamento.
Certamente que nem todas as igrejas têm a mesma opinião quanto ao valor dos apócrifos. A Igreja Reformada, por exemplo, sempre considerou os livros não-canônicos como de relativo va­lor, "para exemplo de vida e instrução de costumes, ainda que sem autoridade em matéria de fé".

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