863
Cirilo e Metódio evangelizam os Eslavos
Séculos antes de Michelangelo, ou das aulas ilustradas
no quadro-ne-gro, um missionário com dons artísticos pintou em uma parede um
quadro do Juízo Final e ganhou o rei para Cristo.
A história nos conta que o artista
era Metódio, que também era monge e missionário. O monarca era o rei Boris da Bulgária.
Metódio, com seu irmão Cirilo, tiveram uma carreira digna de nota. Entre suas
façanhas, eles levaram a fé cristã aos eslavos e, durante o processo, fizeram
muito para transformar e preservar a cultura daquele povo. A igreja que mais
tarde produziu Hus, Comênio e muitos seguidores que foram atraídos pela
revolução espiritual de Zinzendorf, começou com esses dois irmãos gregos da
cidade de Tessalônica.
Os dois eram clérigos dedicados.
Metódio, o mais velho, foi abade de um mosteiro grego. Cirilo (também conhecido
como Constantino), professor de filosofia em Constantinopla, já estivera em
missão aos árabes. Em 860, eles uniram forças para evangelizar a tribo cazar, a
nordeste do mar Negro.
As tensões entre o Oriente e Ocidente
já eram fortes quando Roma disputava com Constantinopla o controle religioso e
político dos territórios fronteiriços. Quando Ratislau, governador do grande
Estado morá-vio (um desses territórios longínquos) ficou preocupado com a
intromissão dos francos e dos germanos sobre
o povo eslavo, ele se voltou para o Oriente. Apelou para o imperador de
Constantinopla, Miguel m, pedindo que enviasse ajuda — e missionários. Foi
assim que o chamado alcançou Cirilo e Metódio.
Chegando em 863, os irmãos
rapidamente aprenderam a língua nativa e começaram a traduzir as Escrituras e a
liturgia da igreja para o idioma eslavônico. Cirilo inventou um novo alfabeto baseado nas letras gregas, que se
tornou a base para o alfabeto russo. (O "cirílico" é usado ainda
atualmente por alguns povos).
Séculos antes de Wycliffe, Hus ou
Lutero, a idéia de um culto de adoração celebrado em outra língua que não fosse
o latim ou o grego chocava muitas pessoas. O arcebispo alemão de Salzburgo
criou enorme rebuliço, provavelmente motivado mais pela política que pela piedade.
A igreja romana não podia ficar passiva enquanto o território morávio, vizinho
às suas propriedades, estava sendo orientalizado. Cirilo e Metódio foram para
Roma em 868 a
fim de defender sua posição da adoração autóctone. O papa Adriano II concordou
com Cirilo e Metódio, autorizando a liturgia eslava. Os dois se tornaram monges
romanos. Cirilo morreu no ano seguinte, mas Metódio retornou à Morávia como
bispo. Embora fosse um emissário oficial do papa, os clérigos germanos o
prenderam e o mantiveram na cadeia por três anos. O papa seguinte, João vm,
interveio a seu favor e ratificou a independência da igreja eslava. Metódio, no
entanto, continuou a enfrentar a oposição dos clérigos germânicos até sua morte
em 885.
Pouco depois, a
liturgia latina substituiu
a eslava, e a igreja naquela área declinou. Porém, uma forte corrente
libertária da fé cristã tinha se espalhado. Apesar de seus problemas, Cirilo e
Metódio estabeleceram uma tradição cristã na Morávia e nos países vizinhos que
alimentou e espalhou a fé por todo o mundo.
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