terça-feira, 25 de setembro de 2012

Evangélicos no Brasil - Avaliações do crescimento divergem a partir do último censo


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Os mais otimistas dentro da linha de fé evangélica preveem que em 2020 esse segmento religioso representará 52,2% da população brasileira. Outros situam o teto máximo de crescimento em 35%. Mas o concesso é de que o Brasil passa por um avivamento.
A  Missão Internacional Servindo aos Pastores e Líderes (Sepal) assinala que o Brasil passa por um avivamento espiritual e tem uma visão otimista a respeito do crescimento dos evangélicos. O evangelismo aguerrido, a adoção de regras menos rígidas, a flexibilização dos costumes e a ampliação da visão evangélica na sociedade são fatores que o pesquisador Luiz André Bruneto, do Sepal, arrola para justificar esse crescimento.
Alinhado com o sociólogo da religião Paul Freston, da Universidade de São Carlos, o bispo emérito metodista Paulo Ayres Mattos, pesquisador do pentecostalismo, afirma que o crescimento evangélico atingirá o seu ápice ao se estabilizar por volta dos 35% da população brasileira.
O Censo de 2010 revela a diminuição do ímpeto do crescimento evangélico na última década comparado ao crescimento do período anterior. “De 1991-2000 os evangélicos em geral cresceram cerca de 120%; na década de 2001 a 2010, os evangélicos cresceram aproximadamente 62%”, comparou Ayres Mattos em entrevista concedida ao Instituto Humanitas (IHU) da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
O que mais chamou a atenção desse pesquisador do pentecostalismo é a diminuição pela metade do ímpeto do crescimento institucional dos evangélicos, o aumento dos evangélicos sem igreja e dos brasileiros sem religião. “O que me parece estar ficando mais claro na sociedade brasileira é o desencantamento de muitas pessoas com as religiões institucionalizadas”, avaliou.
Ele credita a queda do ímpeto de crescimento evangélico a motivos exógenos(causas externas), outros nem tanto. A sociedade brasileira, analisa, passa por transformações sociais que possibilitam às pessoas resolverem seus problemas recorrendo a meios mais racionais, sem apelar para recursos milagrosos.
Um outro fator que menciona, mas que ainda carece de comprovação, são os escândalos envolvendo grandes e pequenos líderes pentecostais. Depois, muitos crentes começam a se decepcionar com as promessas de cura, de enriquecimento, não cumpridas.
As pessoas têm mais liberdade, hoje, “para escolher e combinar diversas opções em seu próprio cardápio religioso, como num balcão de comida a quilo”, uma espécie de “privatização” do religioso.
O pentecostalismo contemporâneo modificou de modo radical sua escatologia e vai na contramão do pentecostalismo clássico, que via o  maligno presente no mundo, que é mau e precisa de Cristo para arrebatar os crentes para o céu.
Hoje, o pentecostalismo afirma que a sociedade de consumo é boa, que ela tem lugar para todos, que o mundo não é um lugar maldito, mas está cheio de bênçãos que devem ser possuídas aqui e agora, compara Ayres Mattos.
A difusão dessa “ideologia” tem na mídia evangélica um proclamador por excelência e tem influenciado, inclusive, o setor carismático da Igreja Católica. O teólogo Paulo Suess, no entanto, alerta: “Missas e ministros midiáticos, alinhados a padrões de marketing, podem destruir o sagrado”.
Do lado evangélico também vem um forte ponto de exclamação. A maioria da liderança evangélica brasileira está despreparada e carece de direção na teologia, eclesiologia e missiologia, admoesta Luis André Bruneto.

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