quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Contaminação e Santificação

Contaminação e Santificação


         O apóstolo Paulo se referiu à condição pecaminosa do homem nos seguintes termos:
 
“Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; com as suas línguas tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo dos seus lábios; a sua boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Nos seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante dos seus olhos” (Rm.3.12-18).

         Esta é a situação natural do ímpio. Mencionando várias partes do corpo, Paulo demonstra a venenosa contaminação do pecado. Trata-se de uma sujeira profundamente impregnada no ser humano. O pecado é maligno e perigoso, mas assume aspectos atraentes como as belas cores de uma víbora.
         Quando aceitamos a Cristo, ele nos tira do lamaçal e nos lava. Somos perdoados completamente. Entretanto, o pecado é como um câncer extraído. Suas raízes continuam existindo e precisam ser “vigiadas” ininterruptamente para que não cresçam. Por isso, Jesus disse:
 
“Vigiai e orai para que não entreis em tentação; O espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt.26.41).

         No momento da conversão, embora perdoados, mantemos ainda uma mentalidade inclinada para o mal, um modo pecaminoso de pensar. É a natureza pecaminosa que continua existindo. Por esta causa, precisamos da ação da Palavra de Deus e do Espírito Santo em nós, num processo chamado santificação (Rm.6.19,22), que inclui a renovação da nossa mente (Rm.12.1-2), de modo que venhamos a ter a mente de Cristo (ICo.2.16), pensando como ele pensa. Isto não acontece da noite para o dia, mas é o que se espera de uma vida cristã normal. Com o passar do tempo, o cristão deve se tornar cada vez mais parecido com Cristo. Aquela mentalidade pecaminosa precisa ir desaparecendo.
         A partir da conversão, vivemos numa batalha entre a carne e o espírito, a velha vida e a nova, o pecado e a justiça. No quadro a seguir, listamos alguns termos bíblicos para uma compreensão integrada do que o Novo Testamento mostra sobre este assunto:



         Precisamos combater, e combatemos com eficiência, pecados notórios como a prostituição, o adultério, o homicídio, o roubo, etc.. Estas são transgressões visíveis, de fácil identificação. Contudo, existe uma “categoria” de pecados mais tolerados, até mesmo por alguns cristãos: a mentira, a maledicência, a murmuração, o rancor, a cobiça, a incredulidade, etc.. Evitamos os pecados práticos, mas, algumas vezes, conservamos pecados verbais e mentais.
         É como se destruíssemos os frutos de uma árvore, mas conservássemos as raízes. De vez em quando sai um brotinho aqui, outro ali e, de repente, o fruto maligno está de volta. O autor da carta aos hebreus adverte:
 
“Tendo cuidado para ninguém se prive da graça de Deus e que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Heb.12).

        Este processo degenerativo na vida de um convertido ocorre com mais facilidade se ele negligenciar a leitura bíblica, o estudo bíblico e a comunhão com os irmãos.
         Se continuarmos a receber a Palavra de Deus com fé, o Espírito Santo agirá em nós de maneira cada vez mais profunda para que as raízes do pecado sejam extraídas gradativamente. Assim, nosso espírito vencerá a carne. Esse processo só terminará quando formos para a glória celestial, mas isto não pode ser motivo de acomodação da nossa parte pois, se a raiz não é combatida, a planta maldita crescerá.
         A “raiz de amargura” é o rancor que se guarda no coração. Esta é uma das mais perigosas formas que o pecado assume, pois pode parecer justo que eu guarde ira e ressentimento por uma ofensa ou dívida. O perdão é o método divino para aplacar um processo pecaminoso em andamento. Perdoar é uma decisão. Não devemos depender dos sentimentos para realizá-lo.
         O propósito de Deus é cortar o pecado, arrancá-lo e desarraigá-lo de nós, mas isto não é tudo. O cristianismo não se caracteriza apenas pelo que deixamos de fazer, mas pelo passamos a fazer. Quando nos convertemos, um novo plantio é feito em nosso coração.
         A palavra de Deus é comparada à semente. A natureza divina é plantada em nossos corações quando recebemos a palavra com fé pela primeira vez. A partir de então, a semente deve ser cultivada. O caráter de Cristo crescerá em nós e dominará a natureza de Adão que insiste em sobreviver. Jesus desceu da sua glória e se tornou semelhante a nós, para que nos tornássemos semelhantes a ele e entrássemos na sua glória.
         Na medida em que a natureza divina vai crescendo em nós, ela frutifica. Os frutos da justiça devem ser abundantes na nossa vida. Da mesma forma como o pecado nos dominava, a justiça, a retidão, precisa nos dominar para que pensemos a palavra de Deus, falemos a palavra de Deus e vivamos de acordo com seu grandioso propósito.

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